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REVISTA DA ARMADA | 484

Ribeira das Naus

projeto de requalificação

PARTE 1

Foto SCH L Mário Carvalho.                                            A partir do século XV, graças ao incremento das atividades
                                                                    marítimas a frente ribeirinha da cidade foi-se ordenando, aco-
Arequalificação da Ribeira das Naus integra-se no plano de in-      modando uma série de infraestruturas de apoio à construção
     tervenções para a Frente Ribeirinha. Este projeto que comple-  e reparação naval, assim como ao embarque, desembarque e
menta a recente requalificação da Praça do Comércio, incluiu uma    armazenamento de mercadorias. Nos finais do século XV toda
1ª fase, inaugurada em 23 de Março de 2013 com a presença do        esta área foi regularizada. A poente da longa galeria do paço fi-
Almirante CEMA, que considerou a recuperação de infraestrutu-       cou reservado um espaço de praia onde se concentrou a cons-
ras, a construção de um novo traçado da Av. Ribeira das Naus, o     trução naval que se designou de Ribeira das Naus2. O terramoto
avanço da margem constituído pela escadaria ribeirinha, o espaço    de 1 de novembro de 1755 fez desaparecer todas estas infraes-
público de ligação da Praça de Comércio ao Largo do Corpo Santo e   truturas sem, contudo, conseguir apagar as memórias da mari-
o pontão das Agências. A 2ª fase, atualmente em curso, designada    timidade do lugar.
zona de terra que inclui os terrenos da Marinha compreende, de
nascente para poente, a reposição da antiga Doca da Caldeirinha, a    Sob a responsabilidade de Eugénio dos Santos3, procede-se,
execução de dois planos inclinados revestidos a relva que recriam   a partir de 1759, à reconstrução da área referente à antiga Ri-
as rampas de varadouro1 e a recuperação da Doca Seca.               beira das Naus, criando-se o corpo principal do edifício que a
                                                                    partir de 1774 viria a ser designado por Arsenal da Marinha,
  Atenta a relevância da intervenção que se encontra em cur-        associando-se a estruturação de duas carreiras de construção
so, importa fazer um ponto de situação que permita divulgar o       de embarcações, armazéns e oficinas4. Nesta nova Ribeira das
alcance destes trabalhos e de que forma esta alteração afetará      Naus, retomou-se a ideia de uma doca retangular que passaria
o dia-a-dia de quem utiliza as Instalações Centrais da Marinha      a ser referenciada nas plantas do seculo XIX com o nome de cal-
(ICM). Pretende-se assim, mais do que emitir uma opinião ou         deira ou caldeirinha. Em 1770 foi decidido, pelo então ministro
juízo de valor, apresentar factos sustentados em documentos         da Marinha e Ultramar, Martinho Mello e Castro5, a construção
que serviram de estudo para a requalificação deste espaço re-       de uma doca seca apelidada de Dique do Arsenal. Os trabalhos
pleto de história naval. Inicia-se o texto com um breve aponta-     iniciaram-se em Junho de 1788 e foram concluídos em 1792. A
mento histórico, a génese e desenvolvimento do atual projeto
concluindo, com o expectável resultado final.

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