Page 15 - Revista da Armada
P. 15
REVISTA DA ARMADA | 485
É nomeado, em Setembro de 1848, lente proprietário da 3ª e efectivo é elevado a sócio de mérito em 58, a mais alta distin-
cadeira (Artilharia, Geografia e Hidrografia). ção daquela Academia que, entretanto, publica vários dos seus
trabalhos. A 2ª fase inicia-se a partir de meados da década de 60
Promovido em Novembro de 1851 a 1º tenente, no ano se- com estudos sobre planos de pensões de Montepios de Sobre-
guinte as questões de saúde agravam-se obrigando-o a deixar vivência isto é, após o falecimento dos seus sócios, o processo
o cargo de lente da Escola Naval e, após obtido licença, passar da entrega das verbas aos respectivos herdeiros, tendo também
a residir na Ilha da Madeira. A recuperação da sua saúde mais apresentado projectos para restruturação do Montepio Geral,
uma vez não é conseguida, motivo para passados sete anos, em de cuja Direcção tinha sido vogal.
Julho de 1859, a Junta de Saúde Naval considerá-lo “Incapaz para
o serviço activo”. Por ter completado 25 anos de serviço é nesse Em 1866 é nomeado membro de uma Comissão para avaliar
mês promovido a capitão-tenente, adido ao Corpo de Veteranos as Sociedades de Socorros Mútuos e propor medidas com vista
da Marinha, sendo reformado, em Dezembro de 1868, no pos- à sua sustentabilidade, publicando no ano seguinte artigos criti-
to de capitão-de-fragata em sequência da extinção do Corpo de cando um projecto do Montepio Oficial dos Servidores do Estado.
Veteranos.
O seu único escrito na área de Geometria Analítica “De várias
A sua projecção como distinto matemático não se resumiu formulas novas de Geometria Analítica relativa aos eixos coorde-
apenas ao período em que leccionou na Escola Naval, mas prin- nados oblíquos” é publicado em 1872.
cipalmente fica conhecido, a nível nacional e internacional, pela
valiosa participação em prestigiadas sociedades científicas e na Finalmente, entre 1873 e 76, dedica-se a estudos teóricos da
produção de estudos, monografias e artigos em jornais da espe- chama, assunto importante para a época já que se verificavam
cialidade. então transformações na iluminação dos grandes centros urba-
nos europeus. Faz parte da Direcção da Companhia Lisbonense
O Comandante Daniel da Silva é, em 1846 um dos sócios fun- de Iluminação de Gaz, cargo que desempenha até à sua morte e
dadores do Grémio Literário, tendo contribuído para a elabora- em 1874 publica “Considerações e Experiências acerca da Cham-
ção dos respectivos estatutos e feito parte da sua Direcção. Lec- ma”, resultado de experiências práticas por si realizadas.
cionou em 1849 um curso de “Astronomia Popular” promovido
por aquela Sociedade. Foi igualmente sócio, a partir de 1855, do Em 6 de Outubro de 1878, em Oeiras, falecia o capitão-de-fra-
Instituto de Coimbra. gata Daniel Augusto da Silva, um dos mais insignes matemáticos
portugueses. A Marinha homenageou-o atribuindo o seu nome
A sua produção científica estende-se por duas fases separa- a uma das salas de aula da Escola Naval e distinguindo-o como
das pelo período de ausência na Ilha da Madeira. Na 1ª fase, de patrono do Curso de Cadetes de 1978.
1850 a 52, publica três trabalhos, “Memória sobre a rotação das
forças em torno dos pontos de aplicação” (1850), “Da transfor- José Luís Leiria Pinto
mação e redução dos binários" (1851) e “Propriedades geraes e CALM
resolução directa das congruências binómias” (1852). Oferece a
primeira destas obras à Academia de Ciências de Lisboa, o que N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
leva a torná-lo, em Junho de 1850, sócio correspondente da Clas-
se de Ciências Exactas. Depois de, sucessivamente, ser sócio livre
MAIO 2014 15
