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REVISTA DA ARMADA | 485
para que a guarnição se mantivesse serena. Efetivamente e confor- Primeira página do jornal britânico, Daily Mirror.
me mostravam “as escrituras”, o estado de mar acabou por serenar
e o Tridente efetuou superfície conforme previsto, a norte da Ilha de com a participação de Portugal, Noruega, França, Alemanha, Reino
Jersey. Mantendo a vigilância e segurança da navegação a partir do Unido e Polónia, sob o comando da Standing NATO Maritime Group
Centro de Operações, por não estarem reunidas condições de segu- One (SNMG1), com meios submarinos (Portugal, Noruega e França),
rança para ter militares na ponte, com vagas de 6 metros pela popa meios navais e meios aéreos e em que a Noruega, nação anfitriã, pro-
e com uma corrente de 5 nós a favor, devido ao fluxo de água cons- porcionou o apoio necessário através da Base Naval de Haakonsvern
tantemente empurrado por ação da tempestade que se aproximava e da Base Aérea de Sola. Este exercício aeronaval teve por finalidade
vinda de Oeste, o Tridente voou até ao Estreito de Dover. proporcionar a atuação conjunta às nações participantes, num cená-
rio de guerra complexo, permitindo o treino e a interoperabilidade
O sétimo dia de missão chegou e trouxe consigo a bonança. Tí- na guerra anti-submarina e anti-superfície. Para apoiar o ambiente
nhamos acabado de passar o Estreito de Dover e, apesar de se con- simulado, este exercício contou ainda com a presença de quatro ae-
tinuarem a fazer sentir ventos muito fortes, ao mar não lhe era per- ronaves de patrulha marítima e helicópteros da França, Alemanha e
mitido revoltar-se, fruto do recorte geográfico da zona. Era altura de do Reino Unido, que conduziram operações a partir da base de Sola,
contar as baixas e salvar os feridos! Foram mandadas duas equipas sob o comando do pessoal da NATO a prestar funções no Maritime
passar rondas ao exterior do navio, em particular à estrutura de GRP Air Command (COMMARAIR).
que tinha sido bastante sacrificada, tendo sido relatados apenas da-
nos menores na porta de acesso à torre e revestimento de sensores Durante estes 7 dias o NRP Tridente participou em 15 séries de
acústicos. Nada que os técnicos de bordo não conseguissem resolver. treino avançado, tendo como oposição submarinos convencionais
e nucleares, aeronaves de patrulha marítima, helicópteros e diver-
Tínhamos agora pela frente uma etapa substancialmente dife- sos meios de superfície. Com taxas de empenhamento diário que
rente… o trânsito para Bergen, por forma a participar na Pre Sail rondavam as 18 horas, a guarnição desempenhou as suas funções
Conference do DMON14 e posterior participação no exercício. de forma irrepreensível, fazendo jus à plataforma que operava.
Com dois submarinistas alemães, embarcados em Bergen, que ti-
O DYNAMIC MONGOOSE 2014 foi um dos exercícios NATO de nham por objetivo observar e recolher informação para posterior
guerra submarina, realizado entre 14 e 21 de fevereiro, e que contou avaliação das séries em que o Tridente esteve envolvido, foi cons-
tatado que eram exímios conhecedores de análise espectral em
Previsão METOC enviada via ferramenta metocview. baixas frequências. Aproveitando esta oportunidade de ouro e fa-
zendo valer os laços que unem as duas esquadrilhas de subma-
rinos, tivemos a oportunidade de aprender e aumentar o nosso
conhecimento nessa vertente da guerra submarina.
As exigentes séries submarino-submarino foram fundamen-
tais para a manutenção dos padrões de desempenho operacio-
nal da guarnição, designadamente na deteção passiva, tendo
sido constatadas as vantagens dos submarinos convencionais
mais silenciosos em detrimento dos nucleares com maior deslo-
camento e substancialmente mais ruidosos. Este facto, associa-
do aos restritos orçamentos atribuídos às Forças Armadas dos
países Ocidentais e às constantes evoluções tecnológicas, em
particular na área da sustentação e autonomia, assegurará aos
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