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REVISTA DA ARMADA | 489

DIRETIVA DE PLANEAMENTO
DA MARINHA

A Diretiva de Planeamento da Marinha                                necessários às missões e os processos transformacionais genéti-
                                                                    co, estrutural e operacional de longo prazo. Nesta visão de longo
ADiretiva de Planeamento da Marinha (DPM), sucessora da Di-         prazo destaca-se o plano da Marinha a 20 anos, atualizado bie-
    retiva de Política Naval, foi aprovada em junho pelo Almiran-   nalmente, que serve de linha orientadora para o encadeamento
te Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). A DPM é um dos           das sucessivas DPM.
principais instrumentos de planeamento estratégico e da gestão
de topo da Marinha, porque estabelece a política naval para o         Relativamente ao conteúdo, a DPM parte de alguns aspetos
período do mandato do CEMA (3 anos). Esta política naval define      âncora como sejam a missão, sintetizada a partir da forma que
o processo de transformação ao nível dos recursos, da estrutura     está detalhadamente explicitada na lei, e uma seleção dos valo-
organizacional e da ação operacional que a Marinha deve seguir      res cruciais da organização que particularmente se constituem
ao longo do período em causa, mantendo agilidade na adaptação       como referenciais para a coesão na ação, o reforço da credibili-
às permanentes alterações do ambiente externo, identificando         dade e do processo de inovação que se persegue: a disciplina, a
respostas adequadas a novos desafios e oportunidades, e procu-       lealdade, a honra, a integridade e a coragem.
rando internamente melhorar o desempenho através da promo-
ção de medidas de maior eficiência, visando eficácia no cumpri-         “Missão: Contribuir para que Portugal use o mar”
mento da missão da Marinha: garantir a Portugal o uso do mar na
medida dos interesses nacionais.                                      Posteriormente é analisado o ambiente estratégico, nas suas
                                                                    vertentes externa e interna, tendo em conta as diversas tendên-
  Na elaboração da DPM são tidos em conta documentos estru-         cias evolutivas, onde se destacam:
turantes e enquadrantes do âmbito da política de defesa nacio-
nal, das Forças Armadas e da Marinha, como sejam o conceito           • as dificuldades económicas e financeiras vividas por Portugal
estratégico de defesa nacional, o conceito estratégico militar, as  e pela Europa, que limitam os recursos disponíveis;
missões das Forças Armadas, o sistema de forças e o plano da
Marinha a 20 anos. Estes documentos definem, entre outros as-          • as persistentes mas diversificadas tensões regionais no glo-
petos, os objetivos de defesa nacional e militares, os recursos     bo, que representam ameaças à segurança internacional;

                                                                      • a integração nacional em organizações internacionais, que
                                                                    obrigam à participação nacional em esforços diversos no âmbito
                                                                    da defesa e da segurança;

                                                                      • a diáspora, que simultaneamente representa interesses na-
                                                                    cionais a proteger e a explorar;

                                                                      • e o cancelamento de diversos programas de construção de
                                                                    novos navios, que implica défices quantitativos e qualitativos de
                                                                    meios para a ação de Portugal no mar.

                                                                      Após esta análise, é apresentada a visão do Almirante CEMA,
                                                                    que se centra na necessidade de garantir que a Marinha está
                                                                    sempre pronta e que dispõe dos recursos e do treino necessá-
                                                                    rios e adequados para garantir a defesa dos interesses nacionais
                                                                    no mar.

                                                                      “Visão: Uma Marinha focada no serviço à Nação, pronta, cre-
                                                                    dível e eficiente, constituída por meios adequados e por pessoas
                                                                    competentes, preparadas e motivadas, capaz de valorizar perma-
                                                                    nentemente as suas capacidades e competências para assegurar
                                                                    a defesa dos interesses de Portugal no Mar.”

                                                                      Para garantir o cumprimento da missão foram definidos, já em
                                                                    2011 e mantidos na atual diretiva, quatro objetivos globais, com
                                                                    uma natureza de longo prazo, que enquadram cerca de uma de-
                                                                    zena de objetivos estratégicos e as correspondentes linhas de
                                                                    ação. O primeiro está relacionado com a missão e visa a eficá-
                                                                    cia: “assegurar o cumprimento da missão com eficácia”. O segun-
                                                                    do reflete a preocupação de não desperdiçar os recursos públi-
                                                                    cos na edificação de capacidades duplicadas, visando o aprovei-
                                                                    tamento das capacidades militares para ações não militares no
                                                                    mar: “prosseguir o aproveitamento das sinergias de emprego de
                                                                    capacidades e recursos de duplo uso”. O terceiro enquadra-se
                                                                    num quadro de permanente qualidade da gestão, pelo que visa a
                                                                    otimização organizacional a vários níveis, aumentando a sua efi-
                                                                    ciência: “prosseguir a otimização organizacional da Marinha”. O
                                                                    quarto objetivo global foca-se nos recursos, particularmente na
                                                                    necessidade de rejuvenescer e reequilibrar a tipologia dos meios
                                                                    navais que compõem a esquadra e que sustentam as diversas ca-
                                                                    pacidades da Marinha: “prosseguir a edificação equilibrada e a
                                                                    sustentação das capacidades da Marinha”.

6 OUTUBRO 2014
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