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REVISTA DA ARMADA | 489
NRP TRIDENTE
pequena revisão com docagem
Muito embora o trânsito Lisboa-Kiel e a par cipação no DYNAMIC MONGOOSE 2014 tenham sido bastante exigentes para o NRP
Tridente e guarnição, a manhã de 25 de fevereiro trouxe consigo desafios diferentes que se acabariam por revelar, eventualmente,
ainda mais exigentes. Iniciavam-se assim os trabalhos de manutenção que permi rão desenvolver no mar a a vidade submarina por
mais dois anos de intenso período operacional.
Passavam pouco mais de trinta minutos após a atracação no Cais fio. Adicionalmente poderiam ainda surgir “surpresas”, já que al-
7-Charlie em Kiel, quando uma delegação da Direção de Navios guns componentes dos sistemas estão encerrados no interior do
entrava a bordo para a primeira reunião de coordenação afeta à Pe- Glassfiber Reinforced Plastic (GRP)1 e abaixo da linha de água.
quena Revisão com Docagem (PR02+D02). Antes desta, e ainda em
Portugal, tinham já sido realizadas duas reuniões preliminares, mas Face ao atual quadro orçamental foi ainda efetuado um esfor-
esta era sem dúvida a mais importante. Primeiro porque daria “o ço na redução de custos, procedendo-se à otimização do número
pontapé de saída” para um exigente período de 5 meses de manu- de militares da guarnição necessários para o acompanhamento
tenção planeada e corretiva, e segundo porque revelaria o verda- das atividades previstas, obrigando por isso a uma gestão mais
deiro estado do navio após dois anos de intensa atividade operacio- eficiente dos recursos humanos e financeiros. Com uma lotação
nal, com a participação em vários exercícios nacionais e NATO, duas completa de 33 militares, o Tridente dispensou 14 militares que
travessias atlânticas, diversas patrulhas nos espaços de interesse voaram para Lisboa três dias após a atracação em Kiel. Durante
nacional e das alianças de que Portugal faz parte, que perfizeram estes três dias foi retirado todo o material de bordo (consumíveis,
cerca de 3806 horas de navegação e 366 dias de missão. sobressalentes, ferramentas, soda lime2), realizada uma carga de
condicionamento à bateria, desembarcada a água dos tanques
De forma muito resumida, este período de manutenção pla- de combustível interiores e exteriores, assegurando assim as pré-
neada tinha como objetivos: a inspeção a seco do estado geral condições para docar em segurança. Desta forma ficaram em Kiel
do navio; o fecho de alguns dos relatos de avaria ainda abertos e 19 militares cuja responsabilidade era operar os equipamentos
identificados durante o período de garantia; a condução de ativi- de bordo, obrigando por isso a um acompanhamento permanen-
dades de manutenção planeada e corretiva que permitissem as- te de todas as ações de manutenção, acompanhamento esse que
segurar um estado de prontidão dos órgãos, equipamentos e sis- se revelou ser decisivo para o resultado final desta docagem, tan-
temas adequados às exigências da atividade submarina. Assim, e to sob o ponto de vista da transferência de conhecimento, bem
no âmbito da manutenção planeada, a Direção de Navios Divi- como ao nível da deteção e identificação de muitas das avarias de
são de Submarinos (DN-DS), submeteu uma lista de trabalhos ao bordo. Era ainda da sua responsabilidade assegurar as ações de
estaleiro constituída por cerca de 700 atividades. manutenção preventiva planeada referentes aos 1º e 2º escalões.
Por vezes, e pelo facto do número de militares da DN-DS ser redu-
A concretização deste planeamento exaustivo de manutenções, zido, havia que assegurar o acompanhamento de algumas ações
num tempo reduzido como o estipulado, era um verdadeiro desa-
10 OUTUBRO 2014