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REVISTA DA ARMADA | 489
Tridente em trabalhos na doca nrº 5 da TKMS tugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Hambur-
go. Neste sentido, o comandante do NRP Tridente foi convida-
de manutenção planeada e corretiva de 3º escalão, bem como a do pelo embaixador de Portugal em Berlim, dr. Luís de Almeida
participação nos testes de bancada no estaleiro e em fábrica, as- Sampaio, para participar nos eventos relativos às comemorações
sim como a participação nos testes e certificação de órgãos inter- dos quais constaram um jantar a bordo do navio-museu Rickmer
vencionados nas ações de 3º escalão. Apesar das muitas ações de Rickmers – Sagres I, no dia 5 de junho, e uma receção no Museu
manutenção e das inerentes sucessivas horas de trabalho a Marítimo de Hamburgo, no dia 7 de junho.
acompanhar estas atividades, considera-se que o balanço final
foi bastante positivo, permitindo uma muito profícua parceria Há já largos meses que as autoridades alemãs tinham disponi-
com o estaleiro e demais fabricantes, sendo reconhecida mais bilizado a possibilidade das guarnições dos submarinos portugue-
que uma vez a valia do contributo dos militares da Marinha. ses utilizarem as capacidades de treino simulado do sistema de
combate, dedicado aos submarinos da classe 212 batch 2, fazen-
Importa ainda realçar que durante todo o tempo da docagem do para isso uso das instalações de treino sediadas no Centro de
foram asseguradas diversas cargas de bateria, tanto de manuten- Formação de Submarinos em Eckernförd. Assim, num contexto de
ção como igualização, bem como uma série de reabastecimentos rentabilização dos recursos financeiros, foi aproveitada a oportu-
necessários a garantir o aprovisionamento logístico e verificado nidade do NRP Tridente se encontrar docado em Kiel (a 30 Km de
um conjunto de documentação técnica, do 1º e 2º Escalão, per- Eckernförd), para enviar alguns dos militares que desempenham
tencentes ao Ship’s Logistic Information System (SLIS)3, por forma funções na área das operações, e que se encontravam em Kiel, ao
a adequar este sistema à realidade da classe “Tridente” no que Centro de Formação de Submarinos, da Marinha Alemã. O sistema
diz respeito às ações de manutenção planeada de acordo com de combate instalado nos submarinos da classe 212 batch 2 (ISUS
uma nova atualização, contratualmente prevista. 90-43) é muito idêntico ao instalado nos submarinos da classe Tri-
dente (ISUS 90-50), o que permite o uso e exploração operacio-
Às sucessivas desmontagens, reparação ou substituição de órgãos nal pelas equipas de operações dos submarinos portugueses sem
e posteriores montagens, associavam-se sempre duas reuniões de grande dificuldade de adaptação e perda de tempo com a explo-
coordenação dos trabalhos, onde estavam representados todos os in- ração do sistema e formação de operação adicional. Este treino
tervenientes envolvidos no projecto: Estaleiro TKMS, DN-DS e Navio. designado por Combat Team Training (CTT), que teve a duração
de duas semanas e contou com a presença de 9 militares divididos
Nestas 2 reuniões matinais ao longo da semana era efetuado por duas bordadas, ao invés dos 15 que realmente desempenham
quase em tempo real o acompanhamento do planeamento e a funções, foi extremamente importante uma vez que as equipas de
coordenação de eventuais incompatibilidades de trabalhos. Se- operações dos submarinos requerem elevados padrões de forma-
riam ao longo da PR02+D02, com certeza, dos momentos mais ção e treino, face às exigências de segurança da navegação sub-
profícuos e simultaneamente tensos, já que seria a “área de ope- marina. Mais relevante ainda é o facto da atual formação ministra-
rações” onde os diversos intervenientes (Estaleiro, DN-DS e Na- da no Centro de Instrução de Submarinos, mesmo que colmatada
vio) se aproximavam na coordenação de tão complexo projeto. com séries de treino prático atracado, não conseguir assegurar a
Por diversas vezes mais parecia o episódio bíblico de David e Go- totalidade das competências necessárias às equipas de operações
lias, face ao número de técnicos e especialistas que o estaleiro de bordo, uma vez que é impossível simular cenários mais elabora-
apresentava frente a uma Marinha de poucos recursos mas com dos e complexos, dos quais se destacam o trânsito em campos de
uma vontade titânica de bem-fazer e de querer. Também aqui o minas, ações de ISR4 à cota periscópica com dois metros de água
“David” levou a sua vontade avante. abaixo da quilha e ações táticas em tempo de crise e guerra na
presença de 20 unidades opositoras, entre submarinos, navios de
À semelhança do que aconteceu na Docagem de Garantia, em superfície equipados com diversos helicópteros e aeronaves de pa-
finais de maio, a TKMS recebe o Diretor de Navios, CALM Garcia trulha marítima. A alternativa acaba sempre por ser o treino de
Belo, acompanhado pelo CMG EMQ Viveiros da Costa, para tratar mar, o que encarece sobremaneira o treino e aumenta significati-
de assuntos relacionados com o contrato de manutenção a realizar vamente o risco. O balanço final do desempenho das equipas de
e ver in loco a intervenção levada a cabo no NRP Tridente. A visita operações do NRP Tridente, mesmo que desfalcadas, foi muito po-
teve a duração de dois dias e da agenda constou um ponto de si- sitivo, tendo sido inclusive enviada, pelo comandante do Centro
tuação dos trabalhos e atividades previstas, uma visita às instala- de Instrução de Submarinos alemão, uma carta a evidenciar a boa
ções do estaleiro, bem como uma visita detalhada a bordo, onde
foi exposta a complexidade das intervenções em curso. Já no final, O Comandante com o Embaixador de Portugal em Berlim e esposa e o Adido de Defesa.
o Diretor de Navios dirigiu-se à guarnição, agradecendo e exaltan-
do-a a continuar o bom trabalho desenvolvido até ao momento.
No decurso desta docagem o Tridente teve a oportunidade de
participar nas comemorações oficiais do 10 de junho, Dia de Por-
OUTUBRO 2014 11