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REVISTA DA ARMADA | 503

de confeção das refeições fora dos padrões tradicionais, pro-    navios que, como bons marinheiros e com todo o entusiasmo e
cedimentos de limpeza dos interiores em que desapareceu a        também conhecimentos técnicos, conseguiram, num curto es-
“baldeação, escova de piaçaba e lambaz”; eis alguns dos exem-    paço de tempo, operar e explorar os novos meios de forma a
plos de como foi necessário uma “forte” adaptação a uma nova     obter altos rendimentos (tendo o NRP Vasco da Gama integra-
realidade.                                                       do a STANAVFORLANT um ano após a sua receção, foi colocada
                                                                 a dúvida, pelo “staff” da força, da verdade da “juventude” de tal
  A preparação do pessoal para fazer face a estes novos meios    navio!). Felizmente que a experiência operacional deste projeto
correu em paralelo e de forma muito conseguida e que hoje se     obrigou a Marinha a repensar toda a sua estrutura de treino e
pode considerar como exemplar. Foi o caso do enorme salto na     certificação dos navios e de apoio logístico. E é gratificante veri-
formação nas áreas eletrónicas de ponta (nomeadamente na         ficar que de toda a experiência proveniente das fragatas Vasco
Escola Naval e na Escola de Electrotecnia) e de computação,      da Gama resultou uma nova atitude na preparação operacional
bem como dos muitos cursos nas áreas de operações navais e       das outras classes de navios da Armada e que há muito já se ia
dos novos equipamentos, assegurando dessa forma o acom-          praticando nas Marinhas aliadas.
panhamento da evolução tecnológica. A área da organização
interna dos navios não foi descurada: embarque de oficiais em      Vinte e cinco anos se passaram e o programa iniciado com as
navios de outras Marinhas, experiências da organização depar-    fragatas Vasco da Gama teve o seu seguimento. Foram os sub-
tamental nos navios nacionais, estudo de funções e qualifica-    marinos classe Tridente, a aquisição de duas fragatas à Marinha
ções para as guarnições, foram algumas entre muitas das ativi-   Holandesa que constituem a classe Bartolomeu Dias e a rece-
dades complementares em execução.                                ção dos dois patrulhas da classe Viana do Castelo. Aquisições
                                                                 que, por motivos variados, foram dando alguma e “normal” po-
  Consideramos, no entanto, que o mais importante foi ter        lémica, mas que tornaram possível que a Marinha de Portugal
sido, pela primeira vez, criado um “Grupo de Trabalho”, cons-    possa desempenhar de forma mais eficiente as missões que lhe
tituído pelos Comandantes e Imediatos indigitados, incumbido     são confiadas.
de estudar, elaborar e propor o dispositivo normativo interno
das fragatas. Assim, e com uma antecedência razoável, foi leva-    OS PRIMEIROS COMANDANTES
do a cabo um notável trabalho, incluindo o acompanhamento          NRP Vasco da Gama - Orlando Temes de Oliveira CMG REF
do final da construção dos navios, que permitiu a sua receção      NRP Álvares Cabral - Jaime Montalvão e Silva CALM REF
sem improvisos e com um conhecimento muito para além do            NRP Corte Real - Henrique Alexandre da Fonseca VALM REF
que era habitual em situações anteriores.
                                                                 N.R. Os autores não adotam o novo acordo ortográfico.
  Apesar de toda esta preparação a crédito da Marinha, tere-
mos que dar o devido mérito às primeiras guarnições destes

                                                                 JANEIRO 2016 13
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