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REVISTA DA ARMADA | 504

  Cerca de um ano após a sua chegada, o NRP Vasco da Gama           conceitos estratégicos da NATO, e ainda sucessivos conceitos es-
integrou a Força Naval Permanente da NATO no Atlântico Nor-         tratégicos de defesa nacional. E para todos eles as fragatas da
te (01jan/14abr de 1992), abreviadamente designada na altura        classe Vasco da Gama, pela sua versatilidade, têm garantido op-
como STANAVFORLANT, na esteira de participações regulares           ções e capacidades militares de resposta.
desde 1969, mas dessa vez permitindo igualar, ou até superar,
em termos de capacidades, os outros navios estrangeiros daque-        Na verdade, a finalidade ou missão principal de uma fragata
la força naval criada em 1967.                                      continua a ser a escolta e a luta antissubmarina (ASW). E o am-
                                                                    biente operacional atual e emergente confirma esta circunstân-
  Pouco tempo depois, o conceito de emprego operacional das         cia, que se afasta do (quase) exclusivo enfoque nas “maritime
fragatas da classe Vasco da Gama tornava-se uma realidade. In-      security operations” dos últimos anos, designadamente, as ope-
cluía o regresso da aviação naval, multiplicando de forma signi-    rações de contra pirataria, por parte das marinhas europeias. O
ficativa a capacidade combatente do navio, pela integração do       recente exercício de alta visibilidade da NATO, o TRIDENT JUNC-
helicóptero orgânico Lynx Mk95. Este acontecimento ocorreu          TURE 2015, vem recentrar a importância do ASW... e, é claro, com
aquando da segunda participação do navio na STANAVFORLANT           novos papéis para as forças navais, designadamente as moder-
(10fev/22jul de 1995), em que, pela primeira vez, foram insta-      nas fragatas de defesa área, no apoio ao Ballistic Missile Defence.
ladas e exploradas comunicações militares por satélite, e, ainda    Na segunda metade do ciclo de vida das Vasco da Gama, este
pela primeira vez, a nossa Marinha teve, a partir de 6 de abril     será um dos desafios determinantes para estes navios: susten-
de 1995, um Almirante a comandar a STANAVFORLANT, sendo a           tar uma capacidade combatente credível ou que traduza alguma
Vasco da Gama o seu primeiro navio-chefe. E é tanto mais signi-     mais valia a uma força naval, que no mínimo não dispensará uma
ficativo o facto de ter ocorrido em simultâneo o seu empenha-       “mentalidade combatente”.
mento na operação SHARP GUARD no Mar Adriático. Estava pois
demonstrada a capacidade da nossa Marinha em providenciar o
comando de forças navais combinadas, circunstância que veio a
acontecer por mais três ocasiões naquele ano.

  Mas não foi só no apoio à política externa do Estado ou na
defesa coletiva que as fragatas Vasco da Gama foram instrumen-
tos credíveis. Também na proteção dos interesses nacionais foi
patente a sua prontidão, designadamente na operação CROCO-
DILO/FALCÃO, na evacuação de cidadãos nacionais da Guiné-
-Bissau, em que a Vasco da Gama foi o navio-chefe da força naval
portuguesa. Ou ainda na participação na INTERFET, em Timor-
-Leste, em 1999 e 2000.

  Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Es-
tados Unidos da América, e da invocação, pela primeira vez na his-
tória da NATO, do Artigo 5º do Tratado de Washington, foi lançada
a operação ACTIVE ENDEAVOUR, no Mediterrâneo. Esta circuns-
tância coincidiu com a assunção, por parte de Portugal, do coman-
do da STANAVFORLANT, em que a Vasco da Gama novamente foi
navio-chefe. A operação ACTIVE ENDEAVOUR perdura até hoje, e,
embora o conceito de operações tenha evoluído, contribuiu tam-
bém para o enfoque para as operações de segurança marítima,
designadamente, contra a pirataria no Golfo de Áden e no oceano
Índico ao largo do Corno de África, onde decorrem as operações
OCEAN SHIELD da NATO e ATALANTA da União Europeia.

  De facto, nos últimos 25 anos sucederam-se acontecimentos
que, por diversas vezes, determinaram alterações das circunstân-
cias no contexto internacional, político e social. No ambiente de
segurança e defesa, muitos deles acabaram por ser claras surpre-
sas, quer na forma de “choques estratégicos”, quer até com “ino-
vações disruptivas”. Por isso mesmo, foram formulados diversos

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