Page 5 - Revista da Armada
P. 5
REVISTA DA ARMADA | 517
Counter-Improvised Explosive Devices COE
que a NATO, através do Comando Aliado para a Transformação, -militar ou a segurança marítima. Nessa linha, Portugal declarou, na
exerça uma coordenação ativa e efetiva dos centros. Cimeira de Varsóvia (em julho de 2016), a decisão de aderir ao Coo-
perative Cyber Defence COE, em Talin (Estónia), estando o processo
PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA de adesão a seguir os seus trâmites normais.
O nosso país poderá mesmo ter interesse em acolher um novo
No princípio de 2017, vinte e cinco dos vinte e oito Aliados esta- Centro de Excelência, cabendo aqui referir que existem várias áreas
vam representados nos Centros de Excelência. As únicas exceções temáticas em que a NATO acolheria de muito bom grado a consti-
eram a Albânia (que foi um dos últimos países a aderir à NATO, em tuição de um centro, não só para apoio à transformação, como tam-
2009), a Islândia (que, embora pertencendo à NATO desde a sua bém para apoio às operações aliadas.
fundação, não possui forças armadas, não integrando, por isso, as
estruturas militares da organização) e o Luxemburgo (que é o mais CONSIDERAÇÕES FINAIS
pequeno país Aliado, possuindo, naturalmente, umas forças arma-
das bastante reduzidas). Os Centros de Excelência são estruturas muito díspares entre si,
Além disso, neste momento, já existem Centros de Excelência em não só por cobrirem áreas temáticas muito distintas, como também
dezanove dos países membros, o que corresponde a uma pegada pela sua dimensão bastante variável. O número de aliados partici-
espacial notável para um tipo de estrutura que tem pouco mais de pantes varia entre um (no Cold Weather Operations COE e no Centre
dez anos de idade. Esta presença geográfica dos Centros de Excelên- d’Analyse et de Simulation pour la Préparation aux Opérations Aé-
cia ganha maior relevância quando se sabe que eles constituem a riennes) e dezasseis (no Cooperative Cyber Defence COE ). Também
2
única “bandeira da NATO” presente em muitos países. o número de pessoas que trabalham em cada Centro de Excelência
Quanto a Portugal, o nosso país participou como membro funda- é muito díspar, variando entre quatro (no Cold Weather Operations
dor em três centros, nomeadamente o Joint Air Power Competence COE) e oitenta e nove (no Joint Air Power Competence Centre). No
Centre (Alemanha), o Combined Joint Operations from the Sea Cen- seu conjunto, os Centros de Excelência dispõem de uma valiosíssima
tre Of Excellence (COE), nos EUA, e o Counter – Improvised Explosive força de trabalho, constituída por mais de mil pessoas.
Devices COE, em Espanha. Contudo, em 2015, Portugal deixou de Este conjunto de militares e civis já é extremamente significativo
estar representado no Joint Air Power Competence Centre, pelo que no quadro da transformação Aliada. Como medida de comparação,
neste momento o nosso país mantém participação apenas nos ou- o Comando Aliado para a Transformação tem ao seu serviço cerca
tros dois centros acima referidos, cujas missões se descrevem bre- de cinco centenas de pessoas – valor que sobe para cerca de mil se
vemente abaixo. se incluírem os seus três comandos subordinados: Joint Analysis and
O Combined Joint Operations from the Sea COE é uma fonte (in- Lessons Learned Centre, Joint Force Training Centre e Joint Warfare
dependente e multinacional) de conhecimento especializado em Centre. Embora estas matérias não devam ser unicamente reduzidas
todos os aspetos das operações marítimas, estando encarregado de a números, a realidade é que – pouco mais de uma década depois
desenvolver e promover conceitos e doutrina marítima para a NATO, da criação do seu conceito – os Centros de Excelência agregam já
as nações participantes, os Aliados e outros parceiros e organizações um número de militares e civis equivalente a todo o Comando Alia-
internacionais, de forma a contribuir para mitigar os desafios (atuais do para a Transformação, oferecendo à NATO conhecimento espe-
e futuros) no ambiente marítimo global. cializado de qualidade inigualável, essencial para as operações da
Quanto ao Counter-Improvised Explosive Devices COE, tem por Aliança Atlântica.
missão proporcionar conhecimento especializado à NATO, aos seus
parceiros e à comunidade internacional na luta contra dispositivos Sardinha Monteiro
explosivos improvisados, colaborar no aumento da segurança das CMG
tropas Aliadas destacadas em teatros de operações e reduzir ou eli-
minar as ameaças de dispositivos explosivos improvisados por parte
de terroristas ou insurgentes. Notas
Além disso, Portugal poderá retirar importantes dividendos da 1 Importa referir, porém, que a NATO não é o único cliente dos Centros de Exce-
sua participação noutros Centros de Excelência, nomeadamente lência, uma vez que eles podem receber pedidos de trabalho dos países que os
integram e de organizações nacionais e internacionais.
em áreas temáticas a que o Conceito Estratégico de Defesa Nacional 2 Que ainda conta com a participação de dois países parceiros da NATO: Áustria e
Finlândia.
atribui grande importância, como a ciberdefesa, a cooperação civil-
ABRIL 2017 5