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ACADEMIA DE MARINHA
PROF. DOUTOR MÁRIO RUIVO
SESSÃO SOLENE DE HOMENAGEM
m 14 de março decorreu na Acade- biologia da sardinha nas águas portugue-
E mia de Marinha uma sessão solene sas, tendo potenciado novos processos de
de homenagem ao Professor Mário Rui- gestão deste importante recurso. Segui-
vo. No evento, presidido pelo Chefe do ram-se os estudos e registos biométricos
Estado-Maior da Armada e Autoridade sobre o stock de bacalhau na Terra Nova
Marítima Nacional, foram apresentadas com ele embarcado no “Gil Eanes”.
as comunicações “Visitação à história de Complementou os seus estudos acadé-
um biólogo” e “Mário Ruivo – Vida e Obra micos no “Laboratoire Arago” da Univer-
ao Serviço do Mar Português”, pelos aca- sidade de Paris-Sorbonne, em Banyuls-
démicos Carlos de Sousa Reis e Guilherme -sur-mer, em 1957, enquanto acumulava
d'Oliveira Martins, respetivamente. o cargo de subdiretor do IBM. Nessa oca-
No início da sessão o Presidente da Aca- sião integra e assume a organização prá-
demia de Marinha entregou à Doutora tica da campanha científica do NRP Faial
Maria Eduarda Gonçalves, viúva do home- nas águas portuguesas, e faz mergulhos
nageado, o Diploma de Membro Honorá- profundos no Batiscafo F.N.R.S. III, sub-
rio do Professor Mário Ruivo. mersível francês, cujas observações vie-
Após agradecer a presença do Almiran- ram a ser objeto de colheitas com dragas,
te CEMA e AMN, o Presidente da Acade- tendo identificado comunidades bentóni-
mia salientou que o homenageado “foi cas, em grande parte desconhecidas para
um dos grandes defensores do mar como as águas portuguesas, bem como espé-
projeto nacional sustentável. Com o seu cies novas para a ciência.
desaparecimento, a Academia de Mari- Em 1961 passou a desempenhar fun-
nha perde um dos seus poucos membros ções na Organização das Nações Unidas
honorários. O País perde um grande vul- para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
to e uma referência nacional. Mas existe em Roma, como responsável pela Divisão nográfica Intergovernamental.
uma forma de esta perda não se trans- de Recursos Aquáticos e do Ambiente, As inúmeras intervenções e participa-
formar em luto. Basta que todos os que levando a cabo várias iniciativas, como a ções públicas do Prof. Mário Ruivo são do
com ele partilhavam as suas ideias e a sua organização em 1972 da 1ª Conferência maior valor, sendo necessário fazer o seu
visão do mar, continuem a sua luta a bem sobre Poluição do Meio Marinho, a edição registo, mesmo que de forma sintética,
de um Portugal que aposte decididamen- em 1973 das “Fichas de Identificação das disse o académico Sousa Reis. De igual
te numa melhor e mais inteligente utiliza- Espécies para as Necessidades da Pesca”, forma, a importância dos seus contributos
ção deste recurso imenso que tem à sua cuja oportunidade tem sido, até hoje, em Política e a Gestão Global dos Ocea-
beira – O MAR”. muito apreciada. nos, a nível nacional e a nível internacio-
Na sua apresentação, o Professor Dou- A Política e a Gestão dos Oceanos, nal, sempre lhe granjearam os maiores
tor Carlos de Sousa Reis lembrou que o numa perspetiva global, passa a ser o seu elogios dos seus pares e de todos aqueles
Prof. Mário Ruivo obteve a sua formação domínio de eleição, onde usa os seus co- que têm o Mar como objeto de conheci-
académica na Faculdade de Ciências da nhecimentos como biólogo, mas também mento, na sua multidisciplinaridade.
Universidade de Lisboa (FCUL), onde em como político. É neste contexto que par- Seguiu-se a comunicação do Professor
1950, como biólogo, ingressou no Institu- ticipa na feitura (1974 a 1982) e entrada Guilherme d'Oliveira Martins, que recor-
to de Biologia Marítima (IBM), sob a tute- em vigor (1994) da “Convenção das Na- dou o Professor Mário Ruivo ao longo da
la do Prof. Herculano Vilela (FCUL) e tendo ções Unidas sobre o Direito do Mar” e as- sua vida como tendo sido um estudioso
como Diretor o Dr. Magalhães Ramalho, sume (1980/1988) as funções na UNESCO, muito atento às questões do Mar e da
dedicando-se, nesta fase, ao estudo da como Secretário-Geral da Comissão Ocea- oceanografia – quer no domínio da bio-
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