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 SUMÁRIO    lança à água três canhoneiras, entre 1910   de 14 de maio de 1915, uma das

          e 1917, e dois contratorpedeiros, nos anos   preocupações dos chefes políti-
 02  700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento  OS VALORES E MÉRITOS   de 1913 e 1914. Duas novas capacidades   cos e dos comandos militares foi
                                            a defesa de Lisboa. De imediato
          navais  serão  introduzidas:  a  submarina
 07   NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa  DOS FUZILEIROS 04 (1913) – durante a guerra serão incorpora-  foi reforçada a proteção da capi-
                                            tal portuguesa por mar, e do seu
          das mais três unidades a somar-se à ante-
 09   Lusitano 17  rior - e a aviação naval (1917), que vieram   porto, através de uma barragem
          a ter um importante papel na vigilância e
                                            de  torpedos  fixos  disponibili-
 18  Cerimónia Militar  na defesa da costa portuguesa, em parti-  zados  pela  França.  É  edificado,
          cular do porto de Lisboa.
                                            ainda  em  1915,  um  sistema
           Deverá  ter-se  presente  a  cronologia  da
 22  Direito do Mar e Direito Marítimo (13)  participação de Portugal na Grande Guerra,   de  defesa  no  estuário  do  Tejo,
                                            para  o  qual  foram  mobilizadas
 24  Academia de Marinha  na medida em que não é uniforme a inter-  e  armadas  dezenas  de  peque-
          venção  portuguesa  no  conflito.  Se  até
                                            nos  navios  de  pesca,  de  cabo-
 25  Notícias  março de 1916 não há uma declaração for-  tagem e de recreio, e recrutado
          mal de guerra, após este período, as forças
                                            pessoal  auxiliar.  Formaram-se
 28  Novas Histórias da Botica (66)  11  BALANÇO DAS    militares portuguesas entram efetivamente   esquadrilhas de patrulhas e de
                                            rocega de minas nos canais de
          em alerta, na perspetiva de um ataque ale-
 29  Estórias (37)  ATIVIDADES 2017 – MARINHA mão  por  mar  ao  território  continental  e   acesso  à  barra  do  Tejo.  Outros
          às  ilhas  atlânticas  portuguesas.  Importará
                                            portos  secundários  (Setúbal,
 30  Vigia da História (97)  questionar:  Portugal  colocou  em  prática   Aveiro, Lagos) veem reforçada a
                                            sua defesa. A norte, há cuidado
          uma  estratégia  naval  durante  a  Grande
 31  Desporto  Guerra?  A  Marinha  dispunha  dos  meios   acrescido na proteção do porto
          suficientes para fazer face a um conflito de
                                            de  Leixões,  estabelecendo-se
 32  Saúde para Todos (51)  grande  complexidade  tecnológica?  Quais   um  sistema  de  defesa  da  sua
                                            área envolvente. A França des-
          foram as ações navais mais importantes?
           Quando  tem  início  a  Grande  Guerra,  a
 33  Quarto de Folga  Marinha  portuguesa  não  tem  os  meios   loca  forças  navais  e  aeronavais
                                            para  o  local,  estacionando  em
 34  Notícias Pessoais / Convívios  suficientes,  nem  o  pessoal  devidamente   S.  Jacinto  (Aveiro)  uma  esqua-  Revista Ilustração Portuguesa, 6 de março de 1916, p.295.
                                            drilha de aviões e alguns navios
          adestrado para um conflito mundial, com
 CC  Símbolos Heráldicos  um  nível  tecnológico  altamente  mortí-  em  Leixões.  No  Algarve  opera   tugal, os primeiros caça-minas e patrulhas
          fero e destruidor. A 7 de agosto de 1914
                                            uma esquadrilha de fiscalização de costa,
 ATIVIDADES 2017 – AMN 20                   com o auxílio de forças navais britânicas   improvisados  e  seis  dos  navios  alemães
          é  criada  a  Divisão  Naval  de  Instrução  e
 BALANÇO DAS
                                            e  francesas.  Serão  enviadas  duas  canho-
          Manobras  e  Observação,  e  entregue  o
                                                                               apreendidos em 1916, começaram logo a
          seu comando ao vice-almirante Xavier de   neiras, a Beira e a Ibo, para Cabo Verde,   operar nesse ano, enquanto são enviados
          Brito. Essa força é dissolvida logo no mês   importante ponto de apoio naval no Atlân-  para França milhares de soldados.
          seguinte. Ainda em 1914, a Marinha forma   tico.  Todavia,  a  capacidade  da  esquadra   A ação da Marinha teve como objetivos
          um batalhão expedicionário que é enviado   portuguesa é limitada, pois encontrava-se   centrais a patrulha naval, a deteção e iden-
          para Angola em novembro desse ano. Em   envelhecida.  Somava-se  a  diminuta  frota   tificação  de  forças  inimigas,  com  realce
          1915, após a revolução de 14 de maio, é   de meios de transporte para levar as tro-  para os submarinos, nas costas portugue-
          organizada uma Divisão Naval de Defesa e   pas às frentes de combate e assegurar o   sas, incluindo as ilhas atlânticas, a escolta a
          Instrução, que fica sob o comando de Leo-  seu abastecimento. Operavam nesses ser-  navios mercantes e o transporte de forças
          tte do Rego. Integravam essa força naval,   viços os cruzadores-auxiliares Pedro Nunes   militares para os territórios imperiais, sob
          os cruzadores Vasco da Gama, Almirante   e Gil Eanes. A Marinha Mercante teve de   seu domínio, e França. O esforço de guerra
          Reis e  Adamastor;  os  contratorpedeiros   enfrentar  perdas  apreciáveis  durante  a   português compreendeu quatro teatros de
          Douro e Guadiana; os torpedeiros N.ºs 1   guerra:  um  terço  da  sua  tonelagem,  97   operações:  Moçambique,  Angola,  França
          e 2; o submersível Espadarte; e o reboca-  navios, num total de 104.142 toneladas.  e  a  frente  marítima.  Tendo  em  conta  o
          dor Lidador. Esta Divisão Naval seria desa-  Até ao ano de 1916, Portugal envolve-se   número de baixas, as indecisões táticas e
          tivada  em  dezembro  de  1917  pela  Junta   em confrontos armados com forças alemãs   as operações, foi nesta última frente que
 Capa     Revolucionária sidonista.         no sul de Angola e no norte de Moçambique,   Portugal  logrou  maior  sucesso.  Entre  as
 Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme   O  apresamento,  a  23  de  fevereiro  de   sem que a guerra seja declarada. A Marinha   ações navais mais emblemáticas registe-se
 da Brigada Real da Marinha.
 Foto SMOR L Almeida de Carvalho  1916, dos navios alemães que se encon-  tem um papel importante no transporte de   o apoio do cruzador Adamastor às opera-
          travam  surtos  em  portos  portugueses   forças militares para defesa dos territórios   ções no Rovuma (Moçambique) em 1917
          desde  o  início  da  Grande  Guerra,  foi  o   africanos logo no verão de 1914, na estru-  e  o  combate  do  Augusto  Castilho  com  o
 Revista da
 ARMADA    acontecimento decisivo que levou à decla-  tura logística de provimento destas forças e   U139 (1918). São ainda de destacar a ação
                                                                               de  vários  oficiais  da  Marinha  na  Grande
          ração de guerra da Alemanha a Portugal,
                                            no apoio às operações terrestres.
          a 9 de março de 1916. Nessa ação naval a   Portugal  entra  na  Grande  Guerra  em   Guerra, entre outros, Alberto Aprá, Afonso
 Publicação Oficial da Marinha   Diretor   Desenho Gráfico   E-mail da Revista da Armada  Marinha portuguesa teve um papel deci-  território  europeu,  após  se  ter  iniciado   Cerqueira,  Augusto  Neuparth,  Carvalho
 Periodicidade mensal   CALM EMQ João Leonardo Valente dos Santos   ASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria  revista.armada@marinha.pt
 Nº 525 / Ano XLVII   Chefe de Redação   ra.sec@marinha.pt   sivo,  atestando  a  operacionalidade  e  a   a  guerra  submarina  sem  restrições,  em   Araújo, Júdice Bicker, Júlio Milheiro, Leotte
 Janeiro 2017    Administração, Redação e Publicidade   coordenação dos seus meios disponíveis.   1916. Refira-se que a utilização do subma-  do  Rego,  Pereira  da  Silva,  Nunes  Ribeiro,
 CMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira   Revista da Armada – Edifício das Instalações   Paginação eletrónica e produção   Com  a  intervenção  do  país  na  Grande   rino  veio  a  ter  um  impacto  considerável   Raul  Cascais,  Sacadura  Cabral,  Silva  Cas-
 Redatora   Centrais da Marinha – Rua do Arsenal    Página Ímpar, Lda.         queiro, ou os ministros, oficiais da Marinha,
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 Depósito Legal nº 55737/92   Secretário de Redação   política do Governo que saiu da revolução   dos países envolvidos no conflito. Em Por-  Vítor Azevedo Coutinho, Arantes Pedroso,
 ISSN 0870-9343    SMOR L Mário Jorge Almeida de Carvalho    Tiragem média mensal: 4000 exemplares
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