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SUMÁRIO em que fosse aplicado todo este poder
tecnológico, seria o conflito derradeiro. É Divisão Naval em exercícios.
02 700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento OS VALORES E MÉRITOS dentro deste espírito que, logo no início
do conflito, Herbert George Wells publi-
07 NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa DOS FUZILEIROS 04 cou diversos artigos de jornal, depois reu-
nidos num pequeno livro intitulado: The
09 Lusitano 17 War That Will End War, dado à estampa
logo em outubro de 1914. Uma versão
18 Cerimónia Militar adaptada deste título, “The War to End All
Wars”, foi usada muitas vezes para definir
22 Direito do Mar e Direito Marítimo (13) o conflito, nos seus primeiros tempos.
Os anos anteriores caracterizaram-se
A postura de Portugal, no início do con-
24 Academia de Marinha por uma “corrida ao armamento” nunca les que Portugal possuía em maior número. flito, deve considerar-se como não belige-
Esta não era certamente a Marinha
antes vista. A Royal Navy definiu que o
25 Notícias seu poder militar teria que ser superior à adequada a uma potência, mesmo de rante. Uma semana depois do deflagrar
das hostilidades, ficou definido no Con-
pequena dimensão. A influência das ideias
soma das duas maiores marinhas que se
28 Novas Histórias da Botica (66) 11 BALANÇO DAS lhe seguissem. Por outro lado, as maio- de Mahan, e de outros pensadores de gresso que Portugal honraria os compro-
estratégia marítima, chegaram a Portu-
missos históricos que tinha para com a sua
res potências procuravam crescer mais
29 Estórias (37) ATIVIDADES 2017 – MARINHA que aquelas que as poderiam ameaçar. gal e originaram grandes debates sobre antiga aliada, a Inglaterra. Ainda durante
a Marinha que o país deveria ter. Para tal
o ano de 1914, em novembro, numa outra
Portugal também nutria o desejo de se
30 Vigia da História (97) tornar uma pequena potência marítima. muito contribuiu a Liga Naval Portuguesa, sessão, o Congresso autorizou o governo a
participar militarmente na guerra, ao lado
criada em 1901, na senda das suas con-
O século xix foi bastante conturbado, em
31 Desporto termos políticos e sociais: Invasões Fran- géneres criadas noutros países, como a de Inglaterra. No entanto, os Ingleses,
embora apreciassem esta disponibilidade
Alemanha e a Grã-Bretanha. Foi no âmbito
cesas, Revolução Liberal, Independência
32 Saúde para Todos (51) do Brasil, Guerra Civil, tudo isto contribuiu da Liga Naval que, em 1908, Álvaro Nunes portuguesa, procuraram sempre garantir
que Portugal não se envolvesse direta-
Ribeiro propôs o programa de moderni-
para que Portugal se atrasasse no desen-
33 Quarto de Folga volvimento económico. Com a Regenera- zação, no qual se previa a aquisição de mente no conflito, ao lado de nenhum
dos intervenientes, sem, contudo, decla-
três unidades capitais, couraçados, e res-
ção, de 1851, o país começou a conseguir
34 Notícias Pessoais / Convívios algum desenvolvimento, mas os proble- tantes unidades de apoio de esquadra. rar que se mantinha neutral.
Antes da entrada formal de Portugal na
Este programa não foi concretizado e o
mas eram muitos e os meios escassos.
CC Símbolos Heráldicos Em termos navais, foi na segunda metade debate volta com a implementação da Grande Guerra, já tinham ocorrido com-
República. Em 1911, o Parlamento aprova
bates em África, contra tropas alemãs.
ATIVIDADES 2017 – AMN 20 um plano naval algo ambicioso, fruto da O primeiro militar português a morrer
de Oitocentos que surgiram os primei-
BALANÇO DAS
ros navios de propulsão mista: corvetas
e canhoneiras. Foram propostos diversos determinação de Pereira da Silva, que em combate foi o Sargento Enfermeiro
programas de modernização, mas nenhum previa também três couraçados, maiores da Marinha Eduardo Rodrigues da Costa,
que chefiava um pequeno posto militar,
que os do plano de 1908. No entanto, o
deles se concretizou na totalidade. Nos
primeiros anos do século xx, os navios de país não tinha condições financeiras para em Maziúa, junto ao Rovuma, no Norte
um plano desta dimensão. Assim, quando
de Moçambique. Tropas alemãs ataca-
maiores dimensões que Portugal possuía
eram seis cruzadores, incluindo aqui o a Grande Guerra começou os navios mais ram o posto em 24 de agosto de 1914,
modernos que Portugal possuía eram: o
Vasco da Gama, que geralmente é classi- tendo resultado a morte do referido mili-
ficado como couraçado. De notar que um submersível Espadarte, encomendado no tar. Mas a situação mais grave ocorreu
final da Monarquia e entregue em 1913;
deles, o Adamastor, fora construído com no Sul de Angola, na região de Naulila,
verbas da subscrição pública levantada e o contratorpedeiro Douro, entregue em também em 1914. A morte de alguns ale-
1913, ao qual se juntou em 1915, o Gua-
após o Ultimatum britânico de 1890. Com mães que haviam cruzado a fronteira para
estes fundos foram construídos mais qua- diana, da mesma classe. Para se perceber o lado português, levou a uma reação
as dificuldades na construção naval nacio-
tro navios, destacando-se as canhoneiras alemã, sendo atacados diversos territó-
Chaimite e Pátria. As canhoneiras eram nal, refira-se que a classe previa mais dois rios portugueses na região. Portugal rea-
navios: Vouga e Tâmega. A construção de
navios destinados a garantir a soberania giu enviando tropas expedicionárias, nas
Capa nos territórios ultramarinos e eram aque- ambos foi iniciada em 1914, mas apenas quais se incluía um Batalhão de Marinha.
Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme foi concluída em 1920 e 1924. A defesa das colónias contra eventuais
da Brigada Real da Marinha. agressões era assunto que mobilizava pra-
Foto SMOR L Almeida de Carvalho ticamente todos os setores da sociedade
portuguesa. Já uma participação plena
Revista da
ARMADA no conflito, ao lado da Inglaterra, não era
tão consensual. O Partido Democrático de
Afonso Costa defendia, acerrimamente, a
Publicação Oficial da Marinha Diretor Desenho Gráfico E-mail da Revista da Armada entrada de Portugal na guerra. Mas mui-
Periodicidade mensal CALM EMQ João Leonardo Valente dos Santos ASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria revista.armada@marinha.pt tas personalidades da política opunham-
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