Page 20 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 553
OUTROS APOIOS Mais recentemente, e também no porto de São Tomé, uma
barcaça que efetuava o transbordo de carga dos navios mercan-
As ações de cariz logísƟ co também cabem no leque de aƟ vi- tes fundeados para o cais, carregada de contentores, começou
dades do “Projeto Zaire”. Realce para a ligação entre as ilhas de a afundar-se; se não fosse a rápida intervenção da guarnição do
STP, realizando o transporte de pessoas e do material essencial à NRP Zaire, através da projeção de meios materiais e humanos,
subsistência da ilha mais pequena do arquipélago. o desfecho desta situação teria sido diferente. Para além de se
Mas não só de mar se faz a missão do NRP Zaire. Quando se perderem 30 contentores e respeƟ vo conteúdo, seria seriamente
encontra amarrado à boia na Baía de Ana Chaves, o navio pro- afetada a navegabilidade de uma área consideravelmente grande
cura promover outras aƟ vidades que vão para além das partes do porto.
operacional e de manutenção própria; tal é o caso da formação
nas mais diversas áreas, como a saúde, a limitação de avarias e a CONCLUSÃO
abordagem a navios, entre outras.
A relação de confi ança e de trabalho que se tem desenvolvido O NRP Zaire prossegue a sua missão nas águas de STP, com
junto da comunidade ao longo destes dois anos, levou o NRP Zaire uma guarnição mista, consƟ tuída por militares portugueses
a estabelecer protocolos e parcerias com enƟ dades civis locais. O e são-tomenses, dando assim conƟ nuidade à Capacitação da
navio tem colaborado com a Escola Portuguesa em STP e mais de Guarda Costeira de STP, mantendo uma elevada pronƟ dão de
500 alunos, maioritariamente são-tomenses, já visitaram o nosso atuação no âmbito da segurança maríƟ ma e dos navegantes na
Zaire. Receberam-se ainda a bordo alunos de diversos anos de região. Mais do que uma presença constante na paisagem da
escolaridade, mormente do 11º e 12º ano que, no âmbito dos seus Baía de Ana Chaves e no quoƟ diano da vida da cidade de São
projetos subordinados ao tema “500 anos da viagem de circum- Tomé, a permanência do navio da Marinha Portuguesa mate-
-navegação de Fernão de Magalhães”, puderam assim ter o seu rializa-se num senƟ mento de segurança e confi ança junto da
primeiro contacto com a vida no mar; para muitos deles, terá sido população são-tomense, num projeto que em muito dignifi ca
a primeira vez que puseram os pés numa plataforma naval. Portugal e fortalece os laços entre estes dois países lusófonos.
Merece igualmente destaque o apoio que o navio e a guarnição O navio cumpre com sucesso um conjunto de missões no
têm proporcionado à Proteção Civil local em situações de emergên- mar, que incluem as navegações de rotina para treino da
cia, disponibilizando meios materiais e equipas técnicas. Tal foi o caso guarnição são-tomense e a patrulha dos 360° de oceano que
do combate ao incêndio, que foi dado como incontrolável, no navio circunscrevem o arquipélago de STP, contribuindo de forma
Ville D’Abidjan atracado no porto de São Tomé. O conhecimento e relevante para a presença naval e para a vigilância de espaços
experiência da guarnição do navio português neste Ɵ po de incêndios marítimos de elevada importância a nível geoestratégico – o
a bordo, foi decisivo de modo a evitar-se um desfecho catastrófi co. Golfo da Guiné.
Em resultado dessa meritória ação, uma equipa da Marinha Portu-
guesa foi convidada a dirigir uma formação aos bombeiros locais. Colaboração do COMANDO DO NRP ZAIRE
20 JULHO 2020