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REVISTA DA ARMADA | 553
NRP ZAIRE
2 ANOS A CONTRIBUIR PARA A SEGURANÇA MARÍTIMA EM
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
NRP Zaire a navegar em águas são-tomenses
O NRP Zaire, construído nos Estaleiros Navais do Mondego na Figueira da Foz, foi aumentado ao efeƟ vo dos navios da Armada
em 22 de dezembro de 1971, sendo o séƟ mo dos dez navios patrulha da classe Cacine. Um navio que foi construído para operar
em missões de patrulha costeira e nos rios em África, quis o desƟ no que fosse para o conƟ nente africano já em pleno século XXI,
naquela que poderá vir a ser a sua úlƟ ma grande missão – o “Projeto Zaire”.
PREPARAÇÃO PARA A MISSÃO dos marinheiros são-tomenses após a formação dos respeƟ vos
quadros, conferindo-lhes assim a necessária experiência no mar.
pesar da intensa vida operacional e da sua longevidade, com
Amais de 48 anos ao serviço de Portugal, o navio foi alvo de CARACTERÍSTICAS DA MISSÃO
um invesƟ mento/melhoramento no Arsenal do Alfeite, entre
2013 e 2015, possibilitando a sua projeção para África. Revelando-se diferente de tantas outras, esta missão da Coope-
ParƟ ndo a 3 de janeiro de 2018 da Base Naval do Alfeite, acom- ração Técnico-Militar (CTM) portuguesa obedece a um conceito
panhado pelo NRP Bérrio, o navio chega ao arquipélago de São parƟ cular, só possível fruto da boa relação entre os dois países
Tomé e Príncipe (STP) a 22 de janeiro. Foram 19 dias de viagem lusófonos, assente na confi ança mútua e permanente ligação com
para dar início a uma missão singular e de cooperação/incum- as autoridades políƟ cas e militares são-tomenses. Centrada na pro-
bências: a capacitação da Guarda Costeira de STP e a contribui- moção do ensino da arte de marinheiro e da experiência no mar e
ção para a segurança maríƟ ma na região. O papel do NRP Zaire na no treino operacional, tem intrínseca uma mais-valia que muitas
região foi claramente evidenciado nas palavras do então Ministro vezes transvaza a própria estrutura militar e mistura-se com a popu-
da Defesa Nacional de Portugal, Prof. Dr. Azeredo Lopes, ao frisar lação civil, enriquecendo um país que tem o mar como fronteira.
que “veio para promover a defesa e segurança maríƟ ma no Golfo Para além do conhecimento gerado, o projeto tem criado e
da Guiné, a mais de 7000 quilómetros de distância da base”. melhorado algumas infraestruturas, sendo de realçar: a cons-
Além do fl agelo da pirataria maríƟ ma que assola as fronteiras trução de um sistema de comunicações rádio VHF, permiƟ ndo
maríƟ mas de STP, este país insular vê os seus recursos ameaça- assim cobrir a Zona Económica Exclusiva (ZEE) de STP; a melhoria
dos devido à pesca ilegal e à poluição maríƟ ma, entre outros e operacionalização do Centro de Operações MaríƟ mas; a bene-
ilícitos. Por intermédio do “Projeto Zaire”, Portugal procura con- fi ciação de instalações da Guarda Costeira; e a instalação duma
tribuir para a segurança maríƟ ma na região e, ao mesmo tempo, boia de amarração na baía de Ana Chaves, que permite fornecer
apoiar o desenvolvimento da Guarda Costeira são-tomenses, eletricidade aos navios que nela amarrem, desimpedindo assim
disponibilizando um meio naval para a aprendizagem “on-job” o cais para outras embarcações. Há ainda o propósito de criar
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