Page 24 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 553
DESEMBARQUE NO ALGARVE para os enganar sobre o verdadeiro lugar
de desembarque. “Depois de nos mostrar-
Seguiu-se o cerco da cidade do Porto mos ao largo de Peniche, delineamos o
pelas tropas miguelistas, acordadas do nosso curso a poucas milhas ao largo de
seu torpor e fi nalmente conscientes da Mindelo Lisboa, onde nos manƟ vemos até ao pôr
dimensão do exército de D. Pedro. “A des- Porto do sol, com o objeƟ vo de distrair a atenção
proporção dos exércitos era abissal: 8.500 dos ministros de Dom Miguel que não fa-
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homens do lado ocupante, incluindo mer- ziam ideia onde o golpe iria ser desferido” .
cenários estrangeiros, contra 80.000 com- Estas manobras paralisaram o lado migue-
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batentes a favor de D. Miguel” . Coimbra lista, que não reagiu com a pronƟ dão ne-
O cerco foi demorado e pontuado por cessária.
diversas tentaƟ vas de estratégia direta de
um e outro lado, todas falhadas “O cerco BATALHA DO CABO
do Porto duraria cerca de um ano. Cons- Asseiceira SÃO VICENTE E TOMADA
truíram-se trincheiras e redutos que foram
resisƟ ndo mal às tentaƟ vas de desaloja- Almoster DE LISBOA
mento por parte das forças absoluƟ stas” . Évora-Monte Depois de desembarcar as tropas do Du-
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No entanto, o cerco era incompleto, pois Lisboa que da Terceira no Algarve, a Esquadra aju-
nunca os miguelistas conseguiram fechar dou a ocupar várias cidades algarvias costei-
a foz do Douro, permiƟ ndo o abasteci- Évora ras, nomeadamente Faro e Lagos. As tropas
mento, embora irregular, da cidade por via preparavam-se para seguir para Beja em
maríƟ ma. Assim foi possível obter refor- apoio de guarnição que aí se revoltara contra
ços, como os que chegaram com Palmela o governo de D. Miguel, quando receberam
e Napier a 1 de junho de 1833. a informação de que a Esquadra miguelista,
Instalado o impasse, urgia quebrar o Alagoa consƟ tuída por nove navios e comandada
cerco, o que na impossibilidade de uma pelo Almirante Torres de Aboim, saíra de Lis-
abordagem direta, já tentada e falhada, in- boa e lhe vinha dar batalha.
dicava ser de optar por outra solução. Os li- As duas forças navais fi caram frente a
berais elaboraram então um plano visando Batalhas Batalhas frente ao largo da baía de Lagos. A Esqua-
Locais de desembarques liberais, 1831 e 1833
desequilibrar as forças adversárias através Locais de desembarques liberais, 1831 e 1833 dra miguelista formava a duas linhas – na
ExpediçÜES dos liberais, 1833
Marcha do exército miguelista, 1833-1834
da surpresa obƟ da com a mobilidade. Go- ExpediçÜES dos liberais, 1833 da frente a D. João, a Rainha, a MarƟ n Frei-
Local da assinatura de acordo de paz
que pôs fim à Guerra Civil, 1834
zando de liberdade de movimentos com a Marcha do exército miguelista, 1833-1834 tas e a Princesa Real, e depois três corvetas
sua Esquadra, agora dirigida pelo almirante Local da assinatura de acordo de paz e dois brigues.
que pôs fim à Guerra Civil, 1834
inglês Charles Napier, organizaram uma pe- Napier conseguiu sair da posição desvan-
quena força, cerca de 1500 homens, que, tajosa em que se encontrava, tendo a ba-
sob a direção do Duque da Terceira saiu do Esta ação foi bem-sucedida, na medida talha sido travada no Cabo de São Vicente
Porto e, enganando a Esquadra miguelista, em que Napier usou várias táƟ cas de cará- em posição mais favorável para a Esquadra
conseguiu desembarcar no Algarve, perto ter indireto que impediram os miguelistas liberal, que obteve uma retumbante vitó-
de Monte Gordo. Daí planeavam dirigir-se de perceber onde seria o local de desem- ria, aprisionando a totalidade da armada
para Beja em apoio de uma revolta militar barque, tendo inclusivamente parado al- miguelista, que a parƟ r desse momento
liberal. gum tempo ao largo de Peniche e de Lisboa deixou de ter forças navais relevantes.
Batalha do Cabo de São Vicente.
24 JULHO 2020