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REVISTA DA ARMADA | 554
                                                      ALMIRANTE VIEIRA MATIAS (1939-2020)
























               NRP Vasco da Gama (1961-1971)




               Assim, em meados de 1967, o Tenente   Comandante MaƟas disse-lhe, frontal-  como Instrutor de Cálculos NáuƟcos e tes-
              MaƟas destaca para a Escola de Fuzileiros a   mente, que os fuzileiros estavam prontos   temunhei a elevada notabilidade alcançada

              fim de frequentar o 19º curso de Fuzileiro   para essa Operação, posição que mereceu   pelo Professor de ArƟ lharia.

              Especial. Em Abril do ano seguinte, inicia a   a concordância do General. Com metade   Sucede o 25 de Abril de 74, com as suas
              sua segunda comissão no Ultramar, desta   do DFE13, saltou de helicóptero, não   importantes repercussões na Marinha,
              vez a comandar o Destacamento de Fuzi-  levando o pessoal sequer água para con-  nomeadamente, no âmbito dos fuzileiros.

              leiros Especiais nº 13 (DFE13). Era então   sumo próprio a  fim de poder capturar a   O capitão-tenente MaƟas após viver tem-



              costume o oficial indigitado para comandar   maior quanƟdade possível de material   pos conturbados na Escola Naval, destaca
              escolher a sua futura guarnição.  Aconteceu   numa acção de curta duração, uma vez que   em Abril de 1976 para comandar interina-
              que praƟcamente a totalidade do pessoal,   se encontravam a cerca de 3 km de uma   mente, já que o cargo era de capitão-de-fra-

              mercê do presơgio do T enente MaƟ as, foi   forơ ssima base inimiga no Senegal. Foram   gata, a Força de Fuzileiros do ConƟ nente,

              voluntário para o Destacamento desƟ nado   então encontradas enormes quanƟ dades   tendo conseguido, apesar da instabilidade
              a prestar serviço na Guiné, de longe, dos   de material, recolhidas uƟ lizando  cinco   reinante, reforçar a disciplina na sua nova
              três teatros das operações em África, o mais   helicópteros durante todo o dia, por várias   Unidade a qual se tornou decisiva para que
              diİcil sob todos os aspectos.      vezes. Contrariamente ao previsto, por   os fuzileiros, no seu todo, regressassem à

               Inicialmente ao DFE13, foi-lhe atribuída   ordem do Comandante-Chefe, o Destaca-  normalidade.
              a responsabilidade de uma bacia hidro-  mento manteve-se no local numa situação   Em Julho de 1978, capitão-de-fragata, volta
              gráfica no Sul, a dos rios Cumbijã e Cacine,   que podia ter sido extremamente perigosa   à cidade da sua juventude ao ser nomeado



              mas a parƟr de meados de 1968 o Disposi-  se não  Ɵvesse, por decisão do Coman-
              Ɵvo Operacional da Guiné foi alterado pas-  dante MaƟas, se deslocado, ao anoitecer,


              sando as tropas especiais, que incluíam os   para outra posição. De manhã os fuzileiros
              Destacamentos de Fuzileiros, a consƟ tuir   voltaram à base, que  Ɵnha sido atacada

              Forças de Intervenção do Comandante-  durante a noite, recolheram mais material
              -Chefe prontas a actuar em qualquer ponto   só embarcando, na margem do Rio Cacheu,
              do território. O elevado senƟdo humano e   na noite do segundo dia da operação. Sem

              competência profissional do Comandante   qualquer abastecimento chegaram a ter a

              MaƟas foram fundamentais para que o seu   necessidade de beber água dos charcos da

              Destacamento, então sedeado nas Insta-  bolanha (área do culƟvo do arroz).

              lações Navais de Bissau, fosse transferido   O DFE13 terminou a sua comissão em

              para uns anƟgos e degradados armazéns   Janeiro de 1970. Foi a Unidade das Forças
              comerciais nas margens do Rio Cacheu,   Armadas que na Guiné capturou ao inimigo
              deixando de depender operacionalmente   a maior quanƟdade de armamento e mate-

              da Marinha, e se adaptasse à nova situa-  rial diverso numa só operação.

              ção obtendo ópƟmos resultados na missão   Regressa em Março de 1970 ao exercício
              de interditar a travessia do Rio Cacheu ao   da sua especialidade, quando é nomeado

              abastecimento logísƟco inimigo a parƟ r   ainda 1º tenente, caso raro na altura, Profes-
              das suas bases no Senegal.         sor EfecƟvo do 11º Grupo de Cadeiras – ArƟ  -

               Vários foram os sucessos do DFE13, o   lharia da Escola Naval em acumulação com o
              maior, sem dúvida, o alcançado na Ope-  cargo de Chefe do Laboratório de Explosivos.
              ração “Grande Colheita” realizada em 23 de   Aprofunda então os seus estudos de Balís-
              Janeiro de 1969 contra uma base logísƟ ca.   Ɵca, especialmente no âmbito das pólvoras

              Quando o General Comandante-Chefe,   e química dos explosivos, matérias em que
              presente no momento, se preparava para   se tornou um verdadeiro perito. Na ocasião   Comandante da Força de FZ do ConƟ nente.
              mandar vir de Bissau paraquedistas, o   também eu prestava serviço na Escola Naval
                                                                                                        AGOSTO 2020  5
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