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REVISTA DA ARMADA | 554
                                                      ALMIRANTE VIEIRA MATIAS (1939-2020)




              posso dizer que levou a cabo uma extraor-
              dinária missão. Nunca falhou uma saída,
              foi elevado o estado geral de fi abilidade
              de todos os equipamentos, a sua aƟ tude

              profissional foi impressionante, tendo o

              entusiasmo e o perfil do seu Comandante e
              guarnição contagiado toda a Força … sem
              qualquer dúvida que este elevado nível
              operacional é em grande parte refl exo da
              liderança do Comandante MaƟ as…”
               O teor deste louvor fez com que todos nós,
              os que fizemos parte daquela família, sinta-

              mos que devemos parƟlhar do orgulho que


              o “nosso Comandante” senƟa e que, por tal,
              lhe estejamos eternamente gratos.
               De regresso a Lisboa a  João Belo con-

              Ɵnuou com uma aƟ vidade  operacional
              muito elevada. Era o navio da Esquadra
              com mais horas de navegação! Foi esta   grama. Deixemos falar por si um pequeno   Os exemplos de liderança, de competên-
              realidade que levou à decisão de, em   extrato do extenso louvor do Comandante   cia, de integridade, de profi ssionalismo e
              meados de 1984, a  João Belo subsƟ tuir   da SNFL, então um  Captain da Marinha   de humanismo do Almirante Nuno Vieira

              a  Hermenegildo Capelo durante os úlƟ -  Alemã:                       MaƟas permanecerão para sempre grava-
              mos dois meses e meio de parƟ cipação na   O Comandante N.G.V. MaƟas e a João   dos na memória de todos quantos Ɵ veram



              SNFL, pois este navio Ɵnha sofrido um aci-  Belo  Ɵveram um elevado e consistente   a honra de com ele servir no NRP Coman-
              dente de que resultaram avarias graves.  desempenho durante todo o período. Em   dante João Belo. Aqui lhe deixamos este
               Foi já com um novo Imediato que, entre-  resumo, foi um grande prazer ter traba-  público testemunho.
              tanto, me subsƟtuíra que a João Belo se   lhado com este experiente e excelente

              integrou na força, cumprindo com bri-  Comandante que foi um extraordinário           António Abrantes Lopes
              lhanƟsmo um exigente e intenso pro-  Embaixador da sua Marinha e País.                            VALM


              DOS ANOS OITENTA À CHEFIA


              DA MARINHA



                 este texto abordarei a carreira militar   do EMA. Neste lugar, para além da coor-  Ibero-AtlânƟca, o comando NATO CINCIBER-

              Ndo Almirante Nuno Vieira MaƟ as desde   denação geral do EMA, teve nas mãos o   LANT então instalado em Oeiras.
              fins de 1984 até à sua passagem à reserva,   dossier da aquisição dos helicópteros para   Nesta ocasião a minha carreira na Mari-

              em 2002.                           as fragatas classe Vasco da Gama. Não foi   nha cruza-se com a do Almirante Vieira

               Depois de um período de comando no mar,   fácil… pois exisƟ am fortes pressões para se   MaƟas. Em meados de 1994 fui designado

              Vieira MaƟas desempenhou as exigentes   adquirir um determinado helicóptero, mas,   Diretor do CITAN, na direta dependência
              funções de Chefe da Divisão de Operações   com persistência, acabou por ser adquirido   do Comandante Naval. Numa das reuniões

              do Estado-Maior da Armada (EMA). Nesse   o Lynx, uma excelente escolha. A integração   que Ɵnha com os Diretores de enƟ dades
              período, meados da década de oitenta do   dos helicópteros na Marinha, a formação do   similares da NATO, foi-nos apresentado
              século passado, decorriam os estudos, em   pessoal e a construção das infraestruturas   por um oficial canadiano o projeto de um

              que esteve profundamente envolvido, para   da Esquadrilha de Helicópteros foram ques-  “Estágio para Comandantes”, com a dura-

              a seleção de uma nova classe de fragatas, as   tões que na altura foram discuƟdas no EMA.   ção de três semanas. Achei a ideia interes-
              que viriam a ser a classe Vasco da Gama.  Promovido a VALM, Vieira MaƟ as  foi   sante, e elaborei o projeto de um “estágio
               Escolhido para frequentar o curso de pro-  designado Superintendente dos Serviços do   para Comandantes e Imediatos”, adaptado

              moção a Oficial General, foi nomeado para   Material, funções em que tutelava as Dire-  às nossas realidades. Fiz um contacto infor-
              parƟ cipar no Naval Command College, em   ções de Navios, Abastecimento, Infraestru-  mal com a área do pessoal, mas acharam a
              Newport, Rhode Island, no ano leƟ vo  de   turas e Transportes, e na altura também o   ideia inviável, por falta de Ofi ciais disponí-
              1988/89. Terminado o curso, seguiu-se um   Arsenal do Alfeite.        veis para o frequentar.
              período como Professor no InsƟ tuto Supe-  Em 1995 foi nomeado para as funções de   Poucas semanas depois deste meu revés,

              rior Naval de Guerra.              Comandante Naval, responsável por toda   assume o Almirante Vieira MaƟas as funções

               Promovido a CALM foi designado para   a aƟvidade operacional da Armada, e, em   de Comandante Naval. Na primeira reunião
              o desempenho das funções de Sub-Chefe   acumulação, Comandante-Chefe da Área   de trabalho que  Ɵvemos referiu-me que

                                                                                                        AGOSTO 2020  7
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