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REVISTA DA ARMADA | 560

              mais estreita entre a UE e a NATO, de uma forma muito concreta   rança e Defesa da EU e apresentar soluções para esses proble-
              e úƟ l, procurando áreas em que a cooperação tenha beneİ cios   mas. Todo o processo visa incenƟ var e fortalecer a criação de
              concretos para ambas as organizações. A NATO e a UE são parcei-  uma cultura comum de segurança e defesa.
              ros próximos e estratégicos, parƟ lhando os mesmos valores e o   O projeto foi planeado em duas fases. A primeira fase, Análise
              mesmo ambiente de segurança, pelo que só podem benefi ciar de   de Ameaças, que já foi concluída, concentrou-se na elaboração de
              uma atuação em complementaridade.                   uma análise comparƟ lhada das ameaças e dos desafi os mais rele-
               Portugal procurará também contribuir para fomentar uma eco-  vantes na perspeƟ va dos EM. O documento teve de obter o con-
              nomia de defesa europeia mais forte, com o objeƟ vo de uma   senso interno, não tendo sido pensado como ferramenta de comu-
              cooperação mais profunda no desenvolvimento de capacidades   nicação ou divulgação externa. Devido à sua natureza abrangente,
              para alcançar a liderança tecnológica e industrial da UE, com uma   espera-se que também possa ser uƟ lizado para esƟ mular um pen-
              parƟ cipação reforçada das Pequenas e Médias Empresas (PME)   samento estratégico alargado, de conjunto, das insƟ tuições da UE.
              europeias. Prestar-se-á atenção ao impacto das tecnologias   Esta análise é a base da segunda fase do projeto, a discussão de
              emergentes e disrupƟ vas na defesa.                 objeƟ vos, prioridades e meios. Há, à parƟ da, dúvidas se as dife-
               Como denominador comum de todas estas iniciaƟ vas está um   rentes perspeƟ vas dos EM podem ser harmonizadas através de
              outro objeƟ vo que se pretende mais perene que é o fortaleci-  um processo de seis meses liderado pelo Serviço Europeu para
              mento da IdenƟ dade Europeia na área da Defesa.     a Ação Externa. Este documento de operacionalização, a ver-
               A PPUE progride num quadro mais amplo de iniciaƟ vas em que   dadeira «Bússola Estratégica», deverá consƟ tuir-se como uma
              a NATO está a trabalhar no seu horizonte NATO 2030 e a UE está   subestratégia de segurança e defesa da Estratégia Global da UE.
              a desenvolver a sua Bússola Estratégica, que mais não é que um   Isso pressupõe que os EM se concentrem nas questões desafi an-
              trabalho fundamental visando reforçar as iniciaƟ vas  europeias   tes e concretas de segurança e defesa.
              de segurança e defesa, em complementaridade com a NATO.  A «Bússola Estratégica» deve descrever o que a UE precisa de
                                                                  fazer – à luz das ameaças e desafi os - nas áreas da gestão de
              A BÚSSOLA ESTRATÉGICA DA UE                         crises e da resiliência para “reforçar a sua capacidade de agir
                                                                  autonomamente quando e onde necessário”, desejavelmente
               Em junho de 2020, a UE iniciou um projeto estruturante com   em parceria. Como consequência, deve descrever quais as capa-
              vista a fortalecer a União Europeia na abordagem aos desafi os   cidades de que a UE necessita e como a UE pode reforçar o seu
              internacionais e na busca de uma direção comum em matéria   apoio e cooperação com os parceiros.
              de segurança e defesa. O “Diálogo Estratégico” com os EM pros-  Se a «Bússola Estratégica» será mais do que um mero papel
              segue ao longo deste ano com a Presidência Portuguesa e Eslo-  dependerá do empenho de todos. Os EM mostram interesse em
              vena, com uma proposta fi nal a consolidar pelo SEAE. Prevê-se   assegurar um rumo esclarecido aos mecanismos de desenvolvi-
              que possa vir a ser aprovada no primeiro semestre de 2022, no   mento de capacidades da UE. Tanto a Análise de Ameaças quanto
              decorrer da Presidência Francesa do Conselho da UE.  a Bússola Estratégica devem ser revisitadas e atualizadas no iní-
               A ideia, a que se decidiu chamar «Bússola Estratégica», foi   cio de cada novo ciclo insƟ tucional. É somente por meio da inte-
              desenvolvida antes da Presidência Alemã, com a perspeƟ va de   ração e discussão repeƟ das que uma verdadeira cultura comum
              apresentar resultados num prazo de dois anos. A parƟ r de uma   de segurança e defesa pode emergir gradualmente.
              análise das ameaças comuns, os EM devem concreƟ zar o nível
              de ambição da UE como provedor de segurança. Deve, portanto,                                  Dias Correia
              abordar algumas das principais defi ciências da PolíƟ ca de Segu-                                   CMG

               Comité Militar da UE, dezembro de 2020.




































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