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REVISTA DA ARMADA | 561


















                O COMANDO PORTUGUÊS DO SNMG1


                GRUPO NAVAL PERMANENTE DA NATO                                                                        Fotos LR Elisabete Angelina




              Portugal assumiu, em 30 de julho de 2020, numa cerimónia na Base Naval de Haakonsvern, na Noruega, o comando do Standing NATO
              MariƟ me Group 1 (SNMG1).
              A cerimónia realizou-se a bordo do NRP Corte Real, que assumiu as funções de navio-almirante durante os seis meses subsequentes
              de comando nacional.
              O SNMG1 é um dos grupos navais permanentes da NATO, consƟ tuindo-se como uma das forças navais em maior estado de pronƟ dão
              da Aliança AtlânƟ ca, apto a reagir a qualquer situação de crise ou de confl ito.


               ALIANÇA                                            e a livre circulação nos espaços maríƟ mos estão inƟ mamente relacio-
                                                                  nadas com a prosperidade e o bem-estar das nossas nações, o que
                            No atual contexto internacional de segurança,   faz com que sejam de importância estratégica para a NATO.
                           caraterizado por desafi os e ameaças cada vez mais     As forças navais permanentes da Aliança garantem, desde 1968, a
                           ambíguas, complexas e imprevisíveis, o princípio   dissuasão de potenciais agressores, apoiam operações de estabiliza-
                           fundador da Organização do Tratado do AtlânƟ co   ção em zonas de crise, fomentam parcerias e asseguram a liberdade
                           Norte (NATO), da qual Portugal é membro funda-  de navegação e a proteção das denominadas Linhas de Comunicação
                           dor, que somos mais fortes juntos, e que um ata-  MaríƟ mas, ao longo das quais é transportada a maioria dos bens que
              que a um é um ataque a todos, permanece válido e relevante. Ao   integram a complexa cadeia global de abastecimento.
              apresentar o Tratado do AtlânƟ co Norte ao Senado, em abril de 1949,   Importa referir que as forças navais têm caracterísƟ cas muito pró-
              o Presidente norte americano Henry Truman observou que: “A segu-  prias: pronƟ dão; mobilidade; fl exibilidade; versaƟ lidade; presença e
              rança e o bem-estar de cada membro desta comunidade depende da   autonomia. A pronƟ dão, entendida como capacidade operacional
              segurança e do bem-estar de todos. Nenhum de nós pode alcançar   quase imediata, é assegurada, entre outros aspetos, pela logísƟ ca
              sozinho a prosperidade económica ou a segurança militar. Nenhum   integrada, no senƟ do orgânico. A mobilidade é garanƟ da pela liber-
              de nós pode assegurar por si só a conƟ nuidade da liberdade.”  dade de circulação e uƟ lização que o mar confere e pela possibilidade
               A credibilidade dissuasora da NATO, organização defensiva por con-  de percorrer centenas de milhas num dia, traduzindo-se na capaci-
              ceção, é a pedra angular da Aliança, assente na coesão e no com-  dade de intervenção sustentada a longa distância. A  fl exibilidade
              promisso, dos Aliados, para com a defesa coleƟ va e na abrangência   traduz-se na apƟ dão para acompanhar, adaptando-se, à mudança
              das suas capacidades militares. Esta credibilidade é reforçada pela   de circunstâncias em que a execução da missão atribuída decorre,
              presença de meios nas diferentes “áreas de interesse” e pelo seu   assegurando, simultaneamente, uma resposta escalonada. A versaƟ -
              elevado estado de pronƟ dão nos domínios operacionais aéreo, ter-  lidade corresponde à capacidade que cada elemento da força naval
              restre, naval, cibernéƟ co e espacial.              tem de executar vários Ɵ pos de missão e de tarefas com um nível de
               No entanto, no mundo globalizado em que vivemos, onde é cada   efi cácia estável no cumprimento das várias missões (autossufi ciência
              vez mais diİ cil  defi nir fronteiras e competências quanto à segu-  táƟ ca). A presença, que também se pode exprimir pela apƟ dão das
              rança, esta não é apenas uma aliança políƟ co-militar com o objeƟ vo   forças navais para pairar na vizinhança de uma região, com empenha-
              de defesa coleƟ va. Trata-se de uma organização que contribui, de   mento, sem real ocupação do território e sem compromeƟ mento, é
              forma abrangente, para a segurança do nosso território e dos nos-  um valor decisivo para a gestão de crises internacionais, nomeada-
              sos cidadãos, alicerçando a sua missão na parƟ lha de valores como   mente considerando a independência quanto ao apoio por parte de
              a democracia, a liberdade individual, os direitos humanos e o estado   uma nação hospedeira. A autonomia traduz a capacidade para as
              de direito.                                         forças navais permanecerem longos períodos na área de operações
                                                                  sem necessidade de reabastecer.
              FORÇAS NAVAIS PERMANENTES
                                                                  SNMG 1
               No que respeita à segurança dos espaços maríƟ mos, cabe salientar
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              que, atualmente, cerca de 85% do volume e mais de 70%  do valor de   O SNMG1 é uma das quatro forças navais per-
              todo o comércio internacional de matérias-primas e bens manufatu-  manentes da NATO desƟ nadas a contribuir para
              rados são transportados por via maríƟ ma, incluindo mais de metade   a defesa coleƟ va, apoiando o esforço conơ nuo de
              do petróleo consumido no planeta. Consequentemente, a segurança   defesa e dissuasão e projeção de estabilidade da


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