Page 8 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 561
desenhada para fornecer orientação (gui-
dance) aos Comandantes (a saúde das guar-
nições é uma responsabilidade nacional,
cada país de per si), para a implementação
de medidas de miƟ gação e prevenção, sem-
pre em conformidade com as regras das
nações anfi triãs (host naƟ on) cujos portos
se praƟ cavam / visitavam.
Fig. 4 - COM SNMG1 a bordo de um submarino alemão As medidas adotadas visaram manter a
capacidade operacional da força, sem des-
realização de exercícios conjuntos de defesa aérea com aeronaves curar a componente moral e de bem-estar das guarnições. Havia
atribuídas àquela missão da OTAN, incluindo periodicamente aero- que aƟ ngir um ponto de equilíbrio entre as Medidas de Proteção
naves F16 portugueses. da Saúde da Força, a adotar em conformidade com a Orientação do
Ao sair do BálƟ co para o Mar do Norte, o SNMG1 parƟ cipou, entre Comando MaríƟ mo da NATO (MARCOM), os regulamentos nacio-
os dias 3 e 15 de outubro, no exigente exercício da Royal Navy, o nais das nações contribuintes do SNMG1, e a necessidade de rea-
Joint Warrior 2020, cujo principal objeƟ vo foi a cerƟ fi cação do por- lização de tarefas essenciais para a missão, como as aƟ vidades de
ta-aviões britânico HMS Queen Elizabeth. Como força credível, o comunicação estratégica, as tarefas operacionais e as necessidades
SNMG1, acrescido de outras unidades navais, foi uƟ lizado com a de recreação das guarnições durante as visitas aos portos.
fi nalidade de pôr à prova, testar e treinar reações e respostas do
grupo tarefa (Task Group ) onde o novo navio do Reino Unido se CONCLUSÕES
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integrava.
Na fase fi nal do comando português, o SNMG1 parƟ cipou, entre Apesar das limitações inerentes a um ambiente COVID-19, o
outras aƟ vidades, no exercício norueguês Flotex-Silver 20, ao largo SNMG1 manteve-se sempre pronto e capaz de conduzir missões em
da costa da Noruega, nomeadamente, na região do Alto Norte (High toda a área de operações.
North – ÁrƟ co). O empenhamento de uma força da NATO em laƟ tu- O COMSNMG1 e o NRP Corte-Real Ɵ veram ainda o privilégio de
des tão elevadas não é habitual, mas vai ao encontro da nova estra- receber a bordo altos representantes diplomáƟ cos e militares portu-
tégia da Aliança de maior presença naquela região. gueses durante as visitas à Finlândia e à Bélgica e, já no fi nal da mis-
Além do NRP Corte Real, integraram o SNMG1, no decurso dos seis são, do Comandante do MARCOM, o VALM Keith Blount. Todos agra-
meses da missão, a fragata canadiana HMCS Toronto, a fragata belga deceram e reconheceram o empenhamento dos homens e mulheres
BNS Leopold I (Fig. 5) e o reabastecedor francês FS Somme. do SNMG1, referindo a missão como um exemplo de sucesso e de
resiliência, em tempos de pandemia.
Foi desta forma, e na muito relevante função de comando de uma
Força internacional, que Portugal, fazendo uso das competências
que são reconhecidas à Marinha e aos seus militares, reafi rmou a
sua importância no seio da Aliança AtlânƟ ca, contribuindo decisiva-
mente para garanƟ r a segurança, o modo de vida e o bem-estar tanto
dos nossos cidadãos como dos das nações aliadas.
No “fecho de contas” foram contabilizados 172 dias de missão,
13.140 milhas náuƟ cas percorridas e visitados sete países Aliados
(Noruega, Letónia, Lituânia, Bélgica, Reino Unido, França e Portugal)
Fig. 5 - HMCS Toronto, BNS Leopold I e NRP Corte Real
e um país parceiro da NATO (Finlândia).
MEDIDAS ANTICOVID Colaboração do ESTADO-MAIOR DO COMSNMG1
A missão, que terminou a 18 de janeiro com a passagem do teste-
munho ao Canadá, foi parƟ cularmente complexa e desafi ante devido Notas
ao risco da COVID19, tendo o comando português decorrido durante 1 2 Review of mariƟ me transport 2018 (UNCTAD)
O Mar do Norte situa-se entre três pontos de estrangulamento das comunicações
a fase mais críƟ ca, a nível mundial, da pandemia. maríƟ mas (choke points): o Estreito da Dinamarca, o Canal da Mancha e o Mar da
Desde o início da pandemia, em março de 2020, que foi possível Noruega.
estabelecer, pela primeira vez no SNMG1, um espaço “COVID Free”. A esquadra russa do BálƟ co tem de transitar pelo Mar do Norte para alcançar o
AtlânƟ co; a Esquadra do Norte pode chegar ao AtlânƟ co através do Greenland – Ice-
ConsisƟ u na elaboração e implementação de uma matriz de risco, land – UK (GIUK) gap, mas em vez disso, opta frequentemente por passar pelo Mar
do Norte; fi nalmente, os seis países que têm fronteira direta com o Mar do Norte são
membros da NATO, colocando desafi os no acesso da Rússia a mares não confi nados.
Acrónimos, respeƟ vamente, de AnƟ Access e Area Denial. A estratégia anƟ acesso
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e a estratégia de negação de área (AnƟ access / Area denial) visam inibir, respeƟ -
vamente, o movimento militar de forças opositoras para um teatro de operações e
negar a liberdade de ação de oponentes em áreas sob o nosso controlo. As capa-
cidades do A2/AD podem ser defensivas, mas também podem ser uƟ lizadas na
condução ou no apoio a diferentes Ɵ pos de operações ofensivas.
4 O Mar BálƟ co é uma zona de importância vital, parƟ cularmente para a Rússia, pela
necessidade de: proteger a área do enclave de Kaliningrado; garanƟ r o acesso ao
AtlânƟ co; assegurar a abertura dos portos daquele mar para o seu comércio externo.
5 A missão de policiamento aéreo do BálƟ co é uma missão NATO, puramente
defensiva, que visa contribuir para miƟ gar as restrições de defesa aérea dos países
bálƟ cos (Estónia, Letónia e Lituânia).
6 O termo “Task Group” (acrónimo TG) é uƟ lizado para idenƟ fi car um grupo tem-
porário de forças, neste caso navais e aéreas, desenhado para um determinado
Fig. 6 - Visita do VALM Blount, COM MARCOM fi m ou tarefa.
8 ABRIL 2021