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REVISTA DA ARMADA | 561
Aliança AtlânƟ ca. Esta força naval de alta pronƟ dão e de resposta
imediata a qualquer crise é, normalmente, composta por até seis
fragatas, ou contratorpedeiros, e um reabastecedor de esquadra:
um agrupamento fl exível e preparado para as operações mais com-
plexas e exigentes.
Uma das principais caraterísƟ cas do SNMG1 reside na sua versa-
Ɵ lidade, permiƟ ndo-lhe desempenhar uma vasta gama de missões
e passar rapidamente de ações de baixa intensidade, como a moni-
torização dos espaços maríƟ mos, para tarefas de alta intensidade,
como o combate.
Portugal parƟ cipou, em 1969, pela primeira vez na então designada
Standing Naval Force AtlanƟ c (STANAVFORLANT), conƟ nuando,
desde essa data, a contribuir de forma regular e ininterrupta para
aquela força, hoje denominada de SNMG1.
COMANDO DO SNMG1
Entre 30 de julho de 2020 e 18 de janeiro de 2021, o SNMG1 foi
comandado (COMSNMG1) por um ofi cial-general português, o
COM Vizinha Mirones, apoiado por um estado-maior internacional
embarcado a bordo da fragata Corte-Real. Um total de 18 militares Fig. 2 - Navios russos a operar no AtlânƟ co Norte
(Fig. 1) integrou a estrutura desse estado-maior: três ofi ciais, sete
sargentos e duas praças da Marinha Portuguesa, que consƟ tuíram a panhamento de um dos principais exercícios navais – Ocean Shield
sua “espinha dorsal”; e ainda seis ofi ciais de países da Aliança (Ale- 2020 (Fig. 2) – da Federação Russa, materializando o propósito e a
manha, Canadá, Espanha, Países-Baixos, Reino Unido e Roménia). essência das forças navais permanentes da NATO de se consƟ tuírem
Com este comando, Portugal integra o restrito número de paí- como a “ponta da lança” e a primeira resposta maríƟ ma na linha
ses Aliados com capacidade para liderar forças navais da NATO, da frente da Aliança AtlânƟ ca. Este primeiro grande desafi o, que se
circunstância que já ocorreu por quatro vezes – em 1995, 2001, colocou apenas três dias após a largada do porto onde foi assumido
2009 e 2015. o comando (Haakonsvern – Noruega), marcou o tom de alta exigên-
cia operacional, face à elevada aƟ vidade da Marinha Russa, no qual
atuou o SNMG1.
Importa dar nota que a crescente aƟ vidade naval da Rússia tem
sido caracterizada por um aumento das patrulhas navais e aéreas e
por uma robusta aƟ vidade submarina no AtlânƟ co Norte.
O conceito de defesa de basƟ ões, que visa para prover a segurança
dos submarinos transportadores de mísseis balísƟ cos estratégicos,
que operam no ÁrƟ co, é fundamental para se perceber esta aƟ vi-
dade. Apesar de prosseguir objeƟ vos defensivos, tem como corolário
a extensão das capacidades A2/AD russas ao ponto de estrangula-
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mento estratégico do AtlânƟ co Norte, o GIUK Gap (Fig. 3).
Fig. 1- Elementos do estado-maior
EXERCÍCIOS
O Comando de forças navais mulƟ nacionais é uma demonstração Nos meses seguintes, o SNMG1 operou, com parceiros e Aliados, no
da capacidade da nossa Marinha, por se tratar de uma missão de Mar BálƟ co . Para além das interações pontuais e de oportunidade,
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enorme exigência em termos de planeamento e execução, tanto no parƟ cipou também em exercícios aeronavais, focados nas diversas
plano logísƟ co como no plano operacional, consƟ tuindo para o país áreas (Fig. 4) da guerra naval e na gestão de crises. Esta aƟ vidade
um importante fator de projeção externa. contribuiu para a dissuasão e para o aprofundamento da interope-
Portugal afi rma-se, assim, como um Aliado capaz, confi ável e com- rabilidade com os meios atribuídos ao BalƟ c Air Policing , através da
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petente, contribuindo para uma resposta coleƟ va e efi caz às exigên-
cias do quadro estratégico atual.
DESAFIOS
A presença do SNMG1 em espaços maríƟ mos específi cos cria efei-
tos dissuasores, garanƟ ndo mensagens estratégicas e demonstrando
a capacidade e a determinação da NATO para operar sem constran-
gimentos. A fl exibilidade inerente aos grupos navais proporciona,
ainda, a disponibilidade quase imediata de forças intrinsecamente
adaptáveis, oferecendo ao nível políƟ co-estratégico uma gama
variada de opções políƟ cas e militares.
Foi neste quadro que o Comando português do SNMG1, no início
de agosto de 2020, executou uma missão de parƟ cular importân-
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cia e exigência operacional, liderando, no Mar do Norte , o acom- Fig. 3 - GIUK Gap (RAND)
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