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REVISTA DA ARMADA | 563

                                                              o  temporal que assolou a região, em 2010; missão na Lituânia,
            POTENCIAL CENÁRIO                                 em 2018 e 2019; e apoio militar de emergência a Moçambique
                                                              após a passagem do ciclone Idai, em 2019.
                                                               Para finalizar, atento a que as situações de crise e conflito, são
             Eis uma hipotética situação operacional demonstrativa do
            conceito de emprego do PELREC numa operação anfíbia,   muitas vezes definidas como um complexo e interativo duelo en-
                                                              tre adversários que permite que um se adapte, ou antecipe, as es-
            em apoio a uma FFZ.                               tratégias do outro. Nesse sentido, o futuro do PELREC passará por:
             Após a receção de uma missão, a Força de Fuzileiros (FFZ)   • Capacitar as equipas de reconhecimento com sistemas aéreos
            embarcada em navios da Marinha, inicia o seu processo de   não tripulados, para diminuir a pegada no terreno e aumentar
            planeamento. É executada a análise de missão e estabele-  o alcance de ações de reconhecimento;
            cida a missão deduzida: a força deve lançar um ataque ao   • Integrar  sistemas  de  comunicação  táticos  interoperáveis,
            posto de comando (PC) opositor para o neutralizar e assim   modernos e que assegurem a passagem de informação das
            contribuir para a degradação da sua capacidade de coman-  equipas de reconhecimento nas equipas de reconhecimento,
            do e controlo. Várias questões se levantam:         de forma a permitir uma passagem de informação em tempo
             “Onde podemos desembarcar?”                        real, tendo em vista aumentar a velocidade do processo de
             “Quantos militares guarnecem o objetivo?”          tomada de decisão militar.
             “Quais os pontos vulneráveis que podem ser explorados?”  • Dotar as equipas de capacidades de projeção distintas: meios
             Estes requisitos foram levantados pela célula de informa-  de desembarque para as operações anfíbias; e meios motori-
            ções da FFZ embarcada. A incerteza é transformada num   zados para as operações terrestres.
            plano de pesquisa atribuído a uma unidade capaz de reco-
            lher essas respostas. Assim, inicia-se o planeamento para
            uma  missão  de  reconhecimento.  “Conhece  teu  inimigo  e               Colaboração do CORPO DE FUZILEIROS
            conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar,
            cem vezes serás vitorioso. ” Com esta máxima em mente,
                                1
            a FFZ prepara-se para lançar uma operação ofensiva explo-
            rando o efeito surpresa, a iniciativa e a rapidez na coorde-
            nação das suas ações.
             No hangar de voo, as pás do rotor do helicóptero iniciam
            o seu movimento e, de fato de mergulho envergado, os mi-
            litares do PELREC embarcam na aeronave.
             Splash!
             Fugindo aos sistemas de deteção do inimigo, saltando na
            escuridão para a água, nadando posteriormente de forma
            encoberta até à praia de desembarque.
             Touchdown!
             Rapidamente, mas em silêncio, inicia-se o reconhecimen-
            to do eixo de aproximação para o objetivo, bem como a va-
            lidação do esquema de manobra da força. Posteriormente,
            são irradiadas as equipas de reconhecimento para vigiar e
            cobrir o PC opositor.
             Eyes on Target!
             Os dados recolhidos são agregados num pacote de infor-
            mações  enviado  para  a  FFZ  embarcada.  Estes  dados  po-
            tenciarão as probabilidades de sucesso da operação, pois
            contêm as respostas às perguntas levantadas pela célula de
            informações.
             Definida a hora-H, a FFZ embarca em botes de assalto e
            aproxima-se de forma encoberta da praia de desembarque.
            Recorrendo a um visor noturno, identifica-se a sinalização
            da praia, possibilitando assim um desembarque silencioso
            e em segurança. As rotinas e o momento de oportunidade
            foram identificados, cabendo ao Comandante da FFZ pro-
            ceder aos ajustes necessários. Paralelamente, o grupo de
            reconhecimento aconselha  sobre o posicionamento dos
            morteiros de 60mm, ficando o objetivo dentro do alcance
            dos sistemas de armas da força; o grupo de segurança avan-
            ça no sentido de isolar o PC, por forma a impedir reforços
            ou fugas do objetivo; finalmente, o grupo de assalto, guiado
            por uma equipa de reconhecimento, posiciona-se no flanco
            do objetivo. A ação final inicia-se com total surpresa e de
            forma inesperada, através da eliminação da(s) sentinela(s)
            e da abertura de uma brecha, ações habilmente preparadas
            e conduzidas pelo grupo de reconhecimento. Estão assim   Notas
            reunidas as condições para o sucesso da missão.     1   Em A Arte da Guerra, de Sun Tzu.



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