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REVISTA DA ARMADA | 563







          ACADEMIA DE MARINHA



          SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA



          A comemoração do Dia da Marinha tem um lugar especial no calendário festivo para todos aqueles que envergam ou envergaram o botão
          de âncora, revestindo-se de grande significado e simbolismo. A data de 20 de maio, marcando a chegada da Armada comandada por
          Vasco da Gama às costas do Malabar, na Índia, além de ser um momento seminal na história dos descobrimentos e da expansão marítima
          de Portugal, simboliza também o cumprimento da missão e o atingir do objetivo, ideais caros a todos quantos servem Portugal no mar.
          É assim uma data que a Academia de Marinha não deixa de comemorar todos os anos. Contando com a presença do CEMA, ALM Men-
          des Calado, a sessão solene de 25 de maio teve como pontos altos a entrega dos prémios “Pintor de Marinha” e a palestra “Sistemas
          de Apoio à Decisão. Enquadramento e relevância”.

          PRÉMIO “PINTOR DE MARINHA”                          em simbiose com a paixão pelas embarcações, ligadas às peque-
                                                              nas ou grandes atividades à comunidade.
             título de «Pintor de Marinha» foi criado pelo despacho do Al-  Nestas imagens-obras é possível pressentir alguma nostalgia e
         O  mirante CEMA n.º 39/05, de 22 de junho, e é por si conferido,   simultaneamente o enorme prazer e frescura de não deixar es-
          sob proposta da Academia de Marinha, ao artista que tenha con-  quecer. Poeticamente, as paisagens-cabos que entram pelo mar
          sagrado uma parte substancial da sua atividade à representação   adentro apontam para as terras longínquas de África, como um
          plástica ou gráfica de assuntos marítimos de Portugal.  “paraíso perdido”.
           O título havia sido atribuído, até à data, por duas vezes: uma   No caso de Fernando Lemos Gomes, cuja formação académica
          em 2005 e a título póstumo, ao Comandante Raúl de Sousa Ma-  passou pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, o júri iden-
          chado; e a outra, em 2019, ao artista plástico-pintor António Luís   tificou um «olhar documentalista», fundado num perfecionismo
          Correia Pinto Barbosa.                              científico, que se serve de «diagramas pictóricos», para nos contar
           Considerando a obra de António Delfim e Fernando Lemos Go-  as «histórias com nomes», materializadas nos corpos dos navios.
          mes  indissociável  da  profunda  relação  imagética  com  o  mar  e   Utiliza e domina a técnica da aguarela, desenvolvendo largas man-
          com a Marinha, que caracteriza a identidade portuguesa, a Aca-  chas com o intuito de revelar uma luminosidade quase metafísica,
          demia de Marinha propôs estes dois pintores para serem agracia-  em contraste com os navios de guerra e com as suas guarnições.
          dos com este título.                                 A «setorização compositiva» dá destaque às séries de navios,
           Estes pintores, identificados e vocacionados para a representa-  centrando toda a atenção sobre a «coisificação» desse elemento
          ção quase hiper-realista, que se encontra para além da própria   securizante. Desta maneira, anula qualquer referência espacial,
                                                              determinando o navio como o mediador entre o mar e o céu.
          realidade, propõem temáticas associadas ao mar, aos navios, à
                                                               Pontualmente, aborda os estaleiros como lugares de purificação
          paisagem, e aos motivos marítimos, merecendo assim a distinção   pelo fogo, onde nasceram as naves com velas brancas.
          que lhes foi atribuída.
           Em António Delfim, o júri reconheceu a mestria da técnica a
          óleo  com  espátula,  que  é  transversal  a  um  vasto  conjunto  de  SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO
          obras,  assumindo  uma  temática  ancorada  nos  grandes  navios
          portugueses,  instauradores  da  presença  emblemática  de  uma   A comunicação proferida no âmbito destas comemorações fi-
          Marinha que se deseja sempre maior.                 cou  a  cargo  do  CALM  Simões  Marques,  atual  Comandante  da
           As suas obras são portadoras de um tempo histórico sinalizado   Escola Naval, que trouxe a um auditório repleto (em termos de
          na encenação paisagística idealizada pelo pintor. Por outro lado,   pandemia) uma reflexão intitulada «Sistemas de Apoio à Deci-
          utiliza e recorta do quotidiano as cenas de proximidade afetiva   são. Enquadramento e relevância».












         Fotos SAJ ETC Silva Parracho  O ALM CEMA entrega o título Pintor de Marinha ao Sr. António Delfim









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