Page 9 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 568

                                                                               Em  1994  foi  criada  a  Flotilha,  onde  foi
                                                                              concentrado todo o treino; em 1999, o Plano
                                                                              de Treino Operacional era o treino mais
                                                                              complexo  de  que  a  Marinha  Portuguesa
                                                                              dispunha. Em 2011, todo o treino foi
                                                                              transferido para o Centro Integrado de Treino
                                                                              e  Avaliação  Naval  (CITAN),  que,  em  2015,
                                                                              assumiu também a coordenação do treino
                                                                              dos submarinos da classe Tridente.
                                                                               A  Marinha  Portuguesa  já  submeteu,  por
                                                                              29  vezes,  navios  (as  três  fragatas  da  classe
                                                                              Vasco da Gama, as duas fragatas da classe
                                                                              Bartolomeu Dias  e  navio  reabastecedor  de
                                                                              esquadra NRP Bérrio) ao treino do FOST . Ao
                                                                                                            4
                                                                              longo  destas  três  décadas  de  participação
                                                                              nacional  no  treino  do  FOST,  a  melhor
                                                                              classificação de sempre foi obtida uma única
                                                                              vez; os louros couberam ao NRP Corte-Real
                                                                              e à sua quinta guarnição (2002/2005), que
                                                                              atingiram  a  classificação  final  de  “Good”.
           No  início  de  2020,  a  Marinha  Inglesa descentralizou  a   Contudo, releve-se que as guarnições dos nossos navios sempre
          organização  do  treino,  sendo  agora  o  FOST  comandado  por   deixaram  impressão  muito  positiva  de  saber  e  combater,  razão
          um Comodoro da  Royal  Navy  –  o  Comandante  FOST  (COM   pela qual o staff do FOST refere, com frequência, que qualquer
          FOST) – que é o responsável pelo treino coletivo dos navios e   das fragatas portuguesas poderia ser um dos navios da escolta dos
          que  reporta  os  resultados  do  treino  dos  navios  diretamente   navios mais valiosos do Reino Unido (atualmente os porta-aviões ).
                                                                                                              5
          ao  Fleet Commander.  Para  refletir  esta  alteração,  o  nome  do   Com  o  acumular  dos  saberes  resultantes  da  participação  das
          centro  foi  alterado  de “Flag  Officer  Sea  Training”  para o  atual   fragatas da classe  Vasco da Gama  no  treino  do  FOST,  foram
          “Fleet  Operational  Sea  Training”,  mantendo-se, no  entanto, a   desenvolvidas melhores metodologias, mais seguras e mais fiáveis,
          mítica sigla FOST e o objetivo central da sua missão: afirmar-se   para realização das tarefas a bordo dos navios, tendo a liderança e
          como uma instituição conhecedora, capaz e independente que,   a disciplina em todos os níveis decisórios e da cadeia de comando
          através do treino proporcionado aos navios e às suas guarnições,   saído reforçadas.
          verifique níveis de desempenho e proficiência e alerte potenciais   Sendo o treino uma condição fundamental para um desempenho
          situações de perigo e prementes necessidades de alterações de   eficaz,  eficiente  e  em  segurança  de  um  navio,  o  FOST  trouxe  à
          procedimentos, quer para o pessoal como para o material.   Marinha, entre outras aprendizagens, o seguinte:
           O antigo modelo de seis semanas de treino foi agora dividido em   –  Uma  cultura  de  rigor  através  da  sistematização  de  ações  e
          duas fases. A primeira, o Operational Sea Safety Training, garante   procedimentos, a qual foi transposta para outros quadrantes
          que os navios, assim como as suas guarnições, estão seguras e   da Marinha;
          são competentes para operar, em segurança, a plataforma e os   –  A  criação  de  Padrões  de  Prontidão  para  todas  as  classes
          seus equipamentos nas áreas da batalha interna, da navegação,   de  navios,  para  que  as  missões  e  tarefas  atribuídas  sejam
          da marinharia, da logística e das comunicações. Na segunda fase,   executadas com a fiabilidade e segurança necessárias;
          conhecida como Warfare Operational Sea Training, o treino foca-  – A conceção de referenciais formais do desempenho exigido a
          se nas áreas e ambientes mais complexos da guerra, em cenários   bordo;
          mais exigentes e com desafios de nível superior.     –  A  obrigatoriedade  de  certificar  desempenhos  e  estados  de
           As áreas de exercício a sul de Plymouth são os espaços marítimos   material – casos, entre outros, do processo de certificação dos
          onde, normalmente, decorre o treino
          do  FOST  e  onde  os  perigosos  baixios
          Eddystone Rocks (com o Eddystone Light)
          se  afirmam  não  só  como  um  ponto  de
          referência para a navegação, mas também
          como algo a evitar pelos navios em treino.
          A MAIS-VALIA DO FOST PARA
          A MARINHA


           Até 1991, o treino dos navios da Marinha
          Portuguesa  era  uma  responsabilidade
          exclusiva  dos  Comandantes.  A  partir
          desse ano, e com a chegada das fragatas
          da classe Vasco da Gama, deu-se início à
          participação no FOST e criou-se a primeira
          metodologia de treino na Marinha,                                                                      Fotos 1 SAR ETI Luís Gomes
          da responsabilidade dos Comandos
          Administrativos.


                                                                                                 DEZEMBRO 2021  9
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