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REVISTA DA ARMADA | 571
          TRABALHOS DE MUSEALIZAÇÃO



          DO EX-NRP BARRACUDA



          Muito embora o projeto de musealização esteja adormecido, em parte devido aos sucessivos confinamentos e às questões adversas
          que vieram com as medidas preventivas de combate à crise pandémica, uma equipa de ex-submarinistas passou recentemente das
          palavras aos atos, selecionando e retirando de bordo materiais – peças e objetos de variada índole – que, revistos uns e restaurados
          outros, poderão prover a uma futura museografia junto do submarino.

          AÇÃO DE VOLUNTARIADO

            em  do  fundo  do  reino  de  Neptuno  ressurgiu,  de  entre  as
         Bmãos daqueles que por lá passaram, um novo impulso para a
          musealização do submarino Barracuda.
           Relembrando  os  tempos  em  que,  jovens  marinheiros,
          navegaram  pelas  profundezas  do  oceano,  uma  equipa  de
          submarinistas  apresentou-se  na  doca  seca,  em  Cacilhas,  na
          semana de 15 de novembro de 2021, para mais uma missão a
          bordo dos submarinos da classe Albacora.
           Esta ação, promovida pela Comissão Cultural de Marinha, com
          a  colaboração  da  Associação  de  Submarinistas  de  Portugal,  foi
          enquadrada no âmbito das ações de voluntariado no setor cultural
          da Marinha e constituiu uma demonstração da imprescindibilidade
          de uma família naval unida, em que os seus membros mais velhos
          e  com  mais  experiência  são  tão  indispensáveis  quanto  os  mais
          jovens para o funcionamento e constante evolução da instituição
          que é parte de todos, a Marinha.
           Estes projetos de voluntariado corporizam um sentimento de
          pertença, que apenas existe quando o envolvimento pessoal com   A experiência de uns será sempre uma mais-valia para todos,
          a Instituição extravasa o campo profissional e se torna pessoal,   e esta ação foi mais uma prova disso. Cada peça revisitava uma
          assumindo-se  em  pleno  aquilo  que  é  ser  militar.  Foi  devido  a   história doutros tempos, contada pelos intervenientes, escutada
          este espírito de missão e à conduta ética e moral que os anos   pelos  restantes.  Nessas  histórias  havia  um  traço  comum  –  a
          de  experiência  a  servir  o  país  lhes  proporcionaram,  que  estes   interajuda entre todos os que coabitaram, durante tanto tempo,
          militares  abraçaram  este  projeto  com  total  disponibilidade  e   um espaço tão restrito num ambiente externo tão hostil.
          sem qualquer contrapartida que não fosse o regozijo de poder   Com uma paixão contagiante e um denodado esforço coletivo,
          mostrar ao público um submarino cuja história se confunde com   a equipa terminou a função proposta antes do tempo previsto.
          a história de vida deles.                           Com  a  mesma  força  com  que  outrora  cumpriram  os  seus
                                                              “quartos”, as suas “vigias”, os seus afazeres rotineiros a bordo,
          TRABALHOS DESENVOLVIDOS                             os  ex-submarinistas  deram  o  seu  contributo  voluntário  para  a
                                                              abertura ao público de algo que tanto significado lhes diz.
           Imbuídos  no  espírito  de  se  “erguerem  contra  a  maré”,  os  ex-  Haverá, certamente, muitas mais tarefas para cumprir até que
          submarinistas passaram a prancha na manhã de 15 de novembro   se abram, de vez, as portas do “Museu” Barracuda. Porém esta
          e puseram mãos à obra. Foi retirado tudo aquilo que, embora fosse   foi, sem dúvida, uma fase importante, e o ensejo de juntar, mais
          necessário em tempos de missão, agora que o Barracuda navega em   uma vez, a família naval.
          outras águas, já não o é. Todo esse material vai agora ser inventariado
          e criteriosamente selecionado para uma eventual museografia junto
          do submarino, ou para ficar guardado para outro futuro.           Colaboração da COMISSÃO CULTURAL DE MARINHA
























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