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REVISTA DA ARMADA | 571
GUERRA NO PACÍFICO
A BATALHA DAS SALOMÃO ORIENTAIS
POSICIONAMENTO DE FORÇAS
a sequência da batalha da Ilha de Savo e da
Nperda dos principais navios de proteção, o
VALM Richmond Kelly Turner viu-se forçado a retirar
os seus navios da baía de Ironbotton, acabando
por não desembarcar todos os mantimentos e
munições de que os Marines tanto necessitavam.
Por seu lado, o VALM Nabutake Kondo, comandante
das Forças Navais Japonesas no Pacífico Sul, ao
tomar conhecimento de que os americanos tinham
concluído a construção do aeródromo e começavam
a receber aviões em Guadalcanal, enviou uma
força de porta-aviões com o intuito de proteger o
comboio de tropas comandado pelo CALM Raizo
Tanaka, que se dirigia para Guadalcanal. Aquela
força, comandada pelo CALM Chuichi Nagumo,
incluía os porta-aviões Shokaku, Zuikaku e Ryujo,
dois couraçados e vários contratorpedeiros.
Na manhã do dia 23 de agosto, uma aeronave de
patrulha, baseada nas ilhas de Santa Cruz, localizou
os navios de Tanaka que rumavam a sul, na direção
de Guadalcanal. Recebido o alerta, de imediato
foram lançados aviões baseados em Guadalcanal e
na TF 61, comandada pelo VALM Frank Jack Fletcher,
que incluía os porta-aviões Enterprise, Saratoga e
Wasp, com a missão de intercetar e atacar a força de desembarque tenham abatido numerosos aviões japoneses, alguns conseguiram
de Tanaka. Contudo, as condições meteorológicas adversas e uma penetrar a cobertura e atacar o Enterprise, provocando várias
oportuna alteração do rumo da força anfíbia japonesa impediram avarias que, no entanto, foram rapidamente controladas.
a sua localização, inviabilizando assim o ataque. Enquanto se preparava para receber os atacantes japoneses,
Na tarde do dia 23, Fletcher, sem informações atualizadas Fletcher conseguiu pôr no ar algumas esquadrilhas de
sobre a localização dos navios inimigos e convencido de que um bombardeiros e torpedeiros que, embora não tenham tido muito
possível novo combate ainda levaria alguns dias para ocorrer, deu sucesso no ataque aos navios japoneses, ainda assim, puseram
instruções para que o Wasp e os seus escoltas se dirigissem para fora de combate o Chitose, navio Japonês de apoio a hidroaviões.
sul, a fim de efetuar manobras de reabastecimento. Contudo, No final do dia a TF 61 rumou para sul, ao encontro do Wasp, para
na manhã do dia 24, um avião de patrulha localizou o Ryujo a reagrupar e reabastecer. Embora os japoneses tenham tentado
280 milhas a noroeste da posição da TF 61. Fletcher, apesar de perseguir os americanos para um eventual recontro noturno, tal
privado do Wasp, iria confrontar-se novamente com Nagumo, o não veio a acontecer, tendo o confronto, que ficou conhecido
seu opositor em Midway, mais cedo do que imaginava. como batalha das Salomão Orientais, sido dado por concluído.
Nimitz diria, mais tarde, que as Forças Navais Americanas do Sul
do Pacífico, apoiadas por aviões baseados em Henderson Field
TERCEIRO ENFRENTAMENTO e aviões do Exército baseados na Ilha de Espírito Santo, tinham
DE PORTA-AVIÕES rechaçado uma operação japonesa de larga escala para recuperar
Guadalcanal e Tulagui. De facto, embora as perdas de navios não
Cerca de duas semanas após o confronto de 9 de agosto, tenham sido significativas, as perdas de aviões e tripulações
a terceira grande batalha de porta-aviões estava prestes a fizeram pender o prato da balança para o lado dos americanos.
acontecer. Americanos e japoneses estavam bem treinados nas Na realidade, enquanto estes perderam 21 aeronaves e 8
novas técnicas e táticas de combate de porta-aviões, desde tripulações, os japoneses perderam 64 aviões e 62 tripulações.
as complicadas e difíceis operações de busca, localização e A sucessiva perda de tripulações bem treinadas, iniciado na
identificação até ao ataque final dos alvos, passando pela Batalha de Midway, foi mais um rude golpe para a operação
engenhosa “coreografia” das operações de voo que incluíam o eficaz dos porta-aviões Japoneses. Este desgaste, que se veio
abastecimento de combustível, o rearmamento e o descolar no a aprofundar no último grande confronto entre porta-aviões
estreito e curto convés de voo. Quando os pilotos encontravam ocorrido em 1942 – a batalha das Ilhas de Santa Cruz – teve um
os alvos, o sucesso do ataque dependia tanto da sua eficácia enorme impacto durante os meses seguintes de guerra, ao obrigar
individual como da eficácia dos pilotos dos caças de interceção e a Marinha Imperial Japonesa a manter nas bases os seus porta-
a das defesas antiaéreas do inimigo. aviões enquanto aguardava a formação de novas tripulações.
As duas forças antagónicas entraram em contacto na manhã de 24 Na realidade, a sua reaparição aconteceu em meados de 1944,
de agosto. Aviões do Enterprise e do Saratoga afundaram o Ryujo a quando se deu o último e decisivo confronto entre porta-aviões,
meio da tarde. Enquanto isso, o Shokaku e o Zuikaku lançavam duas na chamada batalha do Mar das Filipinas.
vagas de aviões para ataque ao Enterprise e ao Saratoga. Alertados
pelos radares de busca aérea, os porta-aviões americanos e os seus Piedade Vaz
escoltas, prepararam-se para o pior. Embora os caças americanos CFR REF
16 MARÇO 2022