Page 236 - Revista da Armada
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colhido na cela. OUVIU a melodia sua-
             ve de uma  orquestra. que chegava.
             amortecida.  através  de  um  postigo
             quadriculado de grossas grades. Na
             cunOSldade.  de  novo  excitada.  le-
             vantou-se  e  espreitou  Na  nOite
             quente.  o  palaclo.  de Janelas  aber-
             tas.  linha  todas  as  luzes  eléctricas
             acesas. cUJa claridade se derramava
             difusamente  sobre  o  Jardim  Circun-
             dante
                Havia.  decerto.  uma  recepção.
             pOIS  através das Janelas e varandas
             entreviam-se pares que dançavam e
             convidados que. ao longo de mesas
             cintilantes  de Cristais,  saboreavam,
             com vagar, as delicias de um serviço
             permanente.                                                                                     •
                O Papa, que já se impressionara                                   Acto cid assmatura do Protocolo entre a Mannha e o Mur
             com a rigidez monacal do ambiente,
             mais sentiu a situação a que desce-
             ra.  no contraste flagrante com o es-           Protocolo entre a Maril
             plendor  da  vizinhança  -  isto  no
             mesmo  Céu. onde  todos  devenam
             partilhar. com Igualdade. os prazeres                                  No dia 22 de Maio passado. em
             inefáveis da feliCidade eterna.                                     cerimónia realizada na Câmara Mu-
                No  dia  seguinte.  discretamente.                               nicipal de  Lisboa em  que estiveram
             fez-se encontrado com Pedro.  E na
                                                                                 presentes vários oficiais da Armada
             Intimidade natural de duas almas pu-                                -  sub-CEMA, comandante da Base
             ras.  pôs·lhe o problema frontalmen-
                                                                                 Naval de Lisboa, directores do Mu-
             te. sem rodeios equivocas.                                          seu de Marinha, das Infra-Estruturas
                - Quem é o privilegiado morador                                  Navais e da .. Revista da Armada .. e
             do palâcio?      .                                                  capitão do porto de Lisboa - e enti-
                Pedro.  com  naturalidade.  infor-                               dades civis - presidente da Assem-
             mou:                                                                bleia  Municipal, vereadores e o pre-
                - Um almirante ..
                                                                                 sidente  do Tribunal da  Relação - ,
                Aqui, o Papa não se conteve. Um                                  foi assinado um protocolo que, pelo
             frémi to  nervoso  abalou-lhe a  alma.                              seu interesse, transcrevemos na  ín-
             no sentimento vivo de uma Injustiça
                                                                                 tegra:
             eVidente. Nâo percebia que um almi-
             rante pudesse gosar ah de um nível                                      Entre a Marinha de Guerra Portu-
             de  'Ilda  tão  alto  -  enquanto  um                                guesa e a Câmara Municipal de Lis-
             Papa,  que  conhecera a sumptuosi-                                   boa, respectivamente representadas
             dade do Vaticano, ficava condenado                                   pelo  almirante  chefe  do  Estado-
             à penúria eterna de uma tnste cela.                                  -Maior da  Armada  (CEMA)  e  pelo
                Demais  -  notou  amda  -  um                                     presidente da Câmara Municipal de
             pontífice  pastoreara.  na  Terra.  mi-                              Lisboa (PCML) se celebra o presente
             lhões e milhões de crentes. ao passo                                 protocolo de intenções:
             que um almirante só comandara, se
             tanto. os poucos milhares de  maru-
             jos de uma simples esquadra!..·.
                - Que razão haveria para tama-                                       A Marinha de Guerra Portuguesa
                                                                                  e a Câmara Municipal de Lisboa no-
             nha diferença de tratamento?
                                                                                  meiam um ou mais representantes,
                Pedro.  sorndente. baleu-Ihe nas
                                                                                  para em comissáo permanente (CP)
             costas com brandura, e explicou:
                                                                                  desenvolverem os itens do presente
                - A razão é simples: é que. aqui.                                 acordo e de eventuais novos projec-
             enquanto há mUitos papas.  almiran-
                                                                                  tos  comuns,  obtendo  as  decisões
             les ... solemos um! ...
                                                                                  adequadas para a sua execução.
                                  Silva Braga.
                                        valm                                                      /I
                                                                                     As questões a abordar, numa pri-
             ••••••••••••••••••••                                                 meira fase, situam-se no ámbilo:

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