Page 373 - Revista da Armada
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E a luz do projector risca no ar Mas estou sentindo que a giração
A recta da vitória Vai invadindo a minha alma.
E Port~al Maior hd-de juntar
À sua'finda história Sou eu que giro, sou eu qlle rodo.
(A história duma gJ!me sempre [ue) Tolda-me a mente neblina densa
A heróiea defesa de Peniche. A cada apito
Tenho impressão que o mundo todo
Manhã de Agosto ardente, vêm vindo É como o centro da curva imensa
Amigos e inimigos jllntamente. Em que gravito.
Aquele dia amanhecera li1l,do
E o Sol logo ao nascer vinha sorrindo
Quem sabe se a troçar daqllela gente. Palavras não eram dilas
Com os tais balançoz~'nhos
E o árbitro ao ouvir as mil patranhas Umas costeletazitas
Que cada comandflllte lhe atirara Foram parar aofpeixinhos.
Parece que se via muitos às ara'lhas
P'ra.faber qual partido triunfara. (Todos nós sabemos como é massador determinar os
raios de giração de um navio).
(Tratou-se, evidentemente, de um exercido em que
o seu navio tomou parte). Quero avançar p'ra vante e não consigo
Sinto guinar as pernas para bombordo
Continua o balanço, não concordo
RAIOS DE GIRAÇÃO
E todos acham bem aquilo que eu digo.
Baila, baila rodopia e dança
O;Zdq navio em si t um pião
Deixa-o girar, deixa-o viver na esperança Olho em redor de mim e lá maldigo
De calcular o raio de giração. O momento em que pus o pt a bordo
Se o meu corpo ora temle para estibordo
São piões de aço Pois se eu andar direito não consigo
A girarno espaço.
Que saudades eu tenho de Lisboa
Andam barqúinhos a remar no mar Onde a gente não sofre, não enjoa
Olhos que vêm o pião a girar Pois que ali o balanço não se sente
E acada apito
Abrem-se as porta do infinito Como esta vida t cheia de surpresas
Àqueleolhar. Tenho a impressão que as minhas miudezas
Como o navio baloiçam loucamente.
O vento sopra com fúria imensa!
O vento sopra quase tufão! Soneto composto a bordo da canhoneira «Quanza»
Deua-o girar em viagem de Lisboa para o Algarve (1922).
Anda na crença
De calclllar a giração. Se oU)lires dizer um dia
Que um aspirante morreu
Baila barquinho; e o povo rema Não chores, nem lenhas pena
Não se atravesse a embarcação Que esse aspirante fui eu ...
Maldita sejas ó vil calemal
Maldita sejas rebentação!
Parece que ele tinha o pressentimento de que ia morrer
cedo, como mostra esta quadra seleccionada de muitas
E o bailado segue descrevendo todos que fez quando aspirante da Escola Naval.
Curvas vibráteis dum perjil esquisito
As chamints lançam fumo a rodos
Que vai perder-se no infinito.
Bailarinos loucos
Dão gritos rOllcos.
Eu sinto-me indiferente
Aos sensuais bailados
De condenados M. lia Vale.
A andar à roda eternamente. " "hll.
Sextante à cara, procuro em vão
AIKuma SOla, algllmacalma *****************
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