Page 100 - Revista da Armada
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tuir, com aquele rendimento, o «cofre da - Não digas mais. Já percebi que, é nova e, para o efeito, têm sido conce-
pólvora», para com ele acorrer a certas contigo, não me governo. Adeus. Passa bidos projectos, urbanizando a área.
despesas, à margem do erário público. bem. junto ao Ediffcio da Marinha, trazendo
Compreendes? Ainda o chamei: - Bartolomeu, Bar- mais para o sul, a actual Avenida da
- Compreendo perfeitamente. Esse tolomeu. Mas não tive resposta. Sentei- Ribeira das Naus.
processo ainda se usa, chama-se "saco -me, então, num dos degraus do velho Sabemos que, actualmente, há uma
azul,.. dique, enquanto a luz do dia desapare- forte corrente para imprimir à zona de
- Bem, no meu tempo, não tinha cia, lentamente. E, relembrei, o que Belém, o ambiente que nos faça recor-
cor. Ou por oulra, linha a cor do cabe· tinha acabado de ouvir. Como podemos dar a saga das nossas Descobertas. Não
dal. Todavia, o importante é dizer-te que ficar indiferentes a este homem e a esta contestamos a força histórica que têm as
o dique e as duas carreiras, onde tantos obra? Ele foi esquecido. A obra praias do Restelo, donde largaram as
navios se construíram no Arsenal, foram atulhada. naus da carreira da Índia, ou as que
pagos pelo «cofre da pólvora,.. Que fazer, então? Pespegar, no local. seguiram para as terras de Santa Cruz.
- Mas, oh Bartolomeu, o dinheiro uma placa de mármore, com um nome Mas será que devemos esquecer a Ribei-
era do Estado, disse eu a medo. e uma data e inaugurá-Ia com alguma ra das Naus, onde estiveram, durante
- Mas fui eu que o consegui, que solenidade? Ou abrir o dique e, nele, séculos, os estaleiros, os armazéns e,
o ganhei, logo, é como se tivesse sido colocar uma caravela para rememorar o especialmente, o centro de decisão que
eu a pagar. Ou tens algumas dúvidas? sítio onde se construíram os navios que foi responsável pela nossa epopeia
- Não, não tenho dúvidas nenhumas foram à descoberta do Mundo? Mas será marítima?
- respondi eu, para acabar a conversa. coerente fazê-lo, quando, entre uma Por tudo isto, julgamos que a aber-
- Foi. deveras um bom trabalho. caravela de 500 e o dique, três séculos tura do dique, nele colocando a fragata
- Ainda ~m que estás de acordo. os separam? ~D. Fernando-, seria uma contribuição
Mas só queria saber, o que é que vais Agora que a recuperação da fragata que muito valorizava a área e que além
fazer para me arrancares do esqueci- «D. Fernando n e Glória,. parece ser um de ludo, seria uma justa homenagem a
mento. Até agora, que eu saiba, só vejo facto, que belo espectáculo não seria esse homem que se chamou Bartolomeu
o meu nome numa pequena rua ali para vê-Ia na doca, que várias vezes a alber- da Costa. E, como vimos, bem merece.
a Graça. gou, com todo o seu arvoredo de mas-
- Bem, bem, eu estou a pensar, tros, mastaréus e vergas! A. Estácio dos Reis,
isto é ... A ideia da reabertura do dique não cap.·m.·g.
Terminologia Naval
• REMO DE COLHER - Remo cuja • REMOINHO DE ÁGUA - ContI-
pá é ligeiramente encurvada e que nuo e rápido movimento rotativo das
se usa habitualmente em águas tran- águas.
quilas, normalmente em embarca-
ções de competição. • REMOINHO DE MARÉ - Movi-
mento de rotação da água provo-
• REMO DE ESPARRELA - Remo cado pela maré.
usado à popa da embarcação, o
qual, por meio de movimento espe- • REMOINHO DE VENTO - Massa
cial, lhe imprime movimento avante de ar rodando rapidamente em
ou lhe serve de leme; normalmente espiral.
utiliza-se em locais de pouco fundo,
em mar de rebentação ou para abi- • REMOLAR - Termo antigo para
car a uma praia; remo de espadela; designar o carpinteiro que produzia
remo de ginga. os remos.
• REMO OE PANGAIO - Remo • REMONTAR - Navegar contra a
curto cuja pá é redonda e que é corrente ou a maré.
usado em pequenas embarcações,
dispondo, por vezes, de uma pá em • REMO ORDINÁRIO - Remo de
cada extremo. pé direito e que é aquele que habi-
tualmente é usado nas embarcações
• REMOINHO DA ESTEIRA - Mo- miúdas.
vimento das águas à popa, originado S. Elpídio,
pelo hélice ou leme. cap.-m . .g. AN
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