Page 86 - Revista da Armada
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RIO DE MUAR (Maio? de 1512) que iam a bordo e fugiu com ele; as guar- navegação que vinha ou ia para Malaca.
nições das restantes naus. lutando com O rio de Muar é bastante largo e pro-
Depois de concluída a conquista de a falta de água. passaram tormentos até fundo sendo navegável até grande distân-
Malaca (II de Agosto de 1511) Afonso chegar a Cochim, em princípios de cia da foz. No entanto, o acesso a ele é
de Albuquerque conservou-se durante Fevereiro de 1512. muito difícil por ter na barra um banco
cerca de cinco meses nesta cidade. Pouco tempo depois de ter perdido de areia. Por isso, não era possível a Fer-
superintendendo na construção duma a cidade, o rei de Malaca morreu, não Peres ir a Muar com toda a sua
grande fonaleza e na reorganização da sucedendo-Ihe um filho que se fez fone armada e destruir a de Lançamane.
sua administração. Em fins de Dezem- no rio de Muar, situado a cerca de vinte Desejoso de pôr cobro às arremetidas
bro. sendo a época própria para a viagem milhas abaixo daquela. Nesse rio se tinha dos navios deste que estavam criando a
às Molucas. donde provinha a maioria conservado a annada de Malaca durante Malaca um grave problema de falta de
do cravo que se comercializava no todo o tempo que duraram as operações alimentos, decidiu ir a Muar levando
Oriente. enviou à sua descoberta António que conduziram à sua conquista por apenas a nau pequena de Jorge Botelho,
de Abreu com duas naus e uma caravela, Afonso de Albuquerque, sem que tivesse a caravela, a galé e, provavelmente,
que para tal foi armada com pano tomado qualquer acção para intervir. A cinco batéis. em que iriam embarcados
redondo. razão disso é que a referida armada era cerca de uma centena de ponugueses e
Posta a fortalcza cm estado dc se composta exclusivamente por cerca de outros tantos auxiliares malaios.
poder defender, Albuquerque colocou quarenta lancharas e um certo número de Mas. desta expedição nada resultou.
nela uma guarnição de trezentos homens calaluzes, pequenas embarcações de Informado da aproximação da nossa
sob o comando dc Rui de Brito e nomeou remo e vela muito ligeiras, semelhantes armada. Lançamane meteu-se pelo rio
Fernão Peres de Andrade capitão-mor da aos paraus e calUres dos indianos que, dentro e aí se conservou oculto até
armada de Malaca qu~ ficou constituída obviamente, não se podiam medir com Fernão Peres se ir embora. Depois,
por cinco naus grandes, uma nau mais as nossas naus. O seu capitão-mor era regressou a Muar e continuou os seus
pequena. uma caravela e uma galé, guar- Lançamane, velho de oitenta anos mas ataques à navegação de Malaca.
necidas por cerca de duzentos ponugue- muito hábil e experimentado nas lides da Provavelmente em Maio desse mes-
ses, além dos auxiliarcs malaios. Feito guerra e do mar. Compreendendo perfei- mo ano (1512) Fernão Peres fez segunda
isto. iniciou a viagem de regresso à Índia tamente a situação de inferioridade de tentativa para destruir a annada de Lan-
levando consigo apenas três naus e um material em que se encontrava face aos çamane. Tendo sido informado que este
junco carregado com o riquíssimo des- Ponugueses, tinha-se mantido numa andava no mar, foi ao seu encontro com
pojo resultante da tomada de Malaca. atitude de expectativa. aguardando o os mesmos navios e embarcações que
Diga-se, de passagem, que a referida desenrolar dos acontecimentos. Quando levara da primeira vez. Para não espan-
viagem foi desastrosa. A .. Frol de la o novo rei se foi instalar na margem do tar a caça, mandou à frente a pequena
Mar", o navio de Albuquerque. naufra- rio de Muar e AfonSO de Albuquerque nau de Jorge Botelho. levando, prova-
gou na costa de Samatra; a tripulação paniu para a Índia, Lançamane começou velmente, o seu batel a reboque, com a
malaia do junco matou os portugueses a atacar com os seus velozes navios a missão de bloquear a entrada da barra e
RIO DE MUAR - 1512
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SAMATRA
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