Page 120 - Revista da Armada
P. 120

Atravessado o estreito de Sunda rumam,  navio militar, de-
         segundo a ortodrómia, a Port Louis (14), onde  sembarcou.
         chegam a 3/12 com mais dois bebés afri-  Como as pesadas
         canos e menos um infausto soldado landim  condições da Socié-
         cujo corpo foi, com todo o cerimonial e hon-  té des Oeuvres de
         ras militares, lançado ao mar.     Mer limitasse a si-
           Com três dias de mar, dobra o cabo de  nistrados dos nossos
         Santa Maria, extremo sul de Madagáscar, e  68 bacalhoeiros e
         ruma à baía do Espírito Santo, fundeando a  3000 tripulantes o
         12 diante da capital Moçambicana, donde,  apoio que o «Sainte
         dias depois, partiria para a «metrópole».  Jehanne d’Arc» dava
                                            aos 260 navios fran-
         CAPITÃES DE PAZ  E ...             ceses, incluiu-se a
         POUCA-TERRA                        missão de assistên-  O «Gil Eannes» como navio de apoio na Terra Nova.
                                            cia na de estudo da
           «Mas os factos foram outros.» Ocorrendo  pesca que, desde 1922, o «Carvalho Araújo»  visitaram na companhia do cônsul de
         uma greve de ferroviários, 5 sargentos conduto-  desenvolvia na Terra Nova.  Portugal.
         res de máquinas e oito fogueiros tripularam as                          A 13/07 iniciou o segundo cruzeiro em que,
         locomotivas dos comboios para Johannesburgo  TERRA NOVA - I           contornados os primeiros icebergs, assistiu 30
         enquanto 1 sargento artífice torpedeiro e 3                           bacalhoeiros, conduzindo ao «Trombetas»
         praças torpedeiras mantiveram activa a cen-  Porém, para se dar, «ignorando elegan-  nove dos seus dóris, perdidos no nevoeiro e,
         tral eléctrica e 4 marinheiros de manobra,  temente a atitude» dos franceses, alargado  dias depois, a mais sete navios.
         claro como água, manobraram os... guindastes,  apoio médico-sanitário, social, jurídico,  A 23 perdeu um ancorote e foi surpreendi-
         assegurando os restantes o serviço do impor-  postal e religioso houve que reconverter o  do, ao levantar a neblina, por numerosos
         tantíssimo porto.                  «Gil Eannes» ficando também contempla-  veleiros “saídos” do pesado silêncio, visitan-
           Presos, 15 grevistas embarcaram com destino  do o abastecimento de água, carvão, óleo  do onze, revisitando outros e ainda mais dois
         à ilha de Moçambique donde, entre os ba-  e isco, além de apoio oficinal.  e um francês.
         lanços e a sensatez do Imediato, acabaram  Em cinco meses, por 2.389 contos, um  A 3/08 entra em Sydney, Nova Escócia, e
         por voltar ao trabalho quando o navio regres-  estaleiro de Roterdão meteu novas caldeiras,  apronta em dez dias, indo cruzar veleiros
         sou à capital.                     remodelou a ponte, instalou um posto médico  canadianos, antes de iniciar as visitas aos
           Finalmente largou, a 24/04/1926, com 49  e uma enfermaria seguindo, a 31/03/1927,  portugueses e a dois franceses.
         soldados e 63 colonos europeus e, açoitado,  para Cardiff (carvão) e Lisboa onde recebeu  Com o barómetro a baixar 3 mm/hora até
         alcançou, a 30, a cidade do Cabo.  duas «Hotchkiss» de 47/10, de tiro rápido, e  753 mm e o vento a rondar e a enrijar (força
           Após docagem e faina do carvão (307 T.) a  aprontou.                716) conheceu a sua primeira tempestade
         7/05, com mar calmo, «grandes rebanhos» de  Embarcado o ALM Oliver (?), encarregado  naquela latitude, compensada durante uma
         focas anunciavam o Oceano Atlântico (15).  dos estudos sobre as pescas,  e o desejado  hora, depois de visitados onze navios lusos,
           O cabo Frio fez juz ao seu nome mas a  correio, rumou, a 16/05, à Horta e daí, com  por uma belíssima aurora boreal.
         cálida baía de Luanda acolheu-os a 13 para  uns rabos de galo a assegurarem ventos rijos  Mais visitas e de novo em S. João a 22
         uma repousante estadia de 6 dias.  de ONO e NO (16), arribaram a Halifax, a  onde, por fora, vem atracar o aviso gaulês
           Mais alguns passageiros e em dez dias  31, onde a Legião Canadiana lhes assegurou  «Ville d’Ys» com que se estabelece um cor-
         põem-se no Mindelo, que deixam 3 dias  uma calorosa recepção ao longo de duas  dial convívio.
         depois, rumo ao Funchal onde permanecem  semanas ocupadas em beneficiações.  No fim de Agosto larga e depois de visitar
         de 6 a 9/06.                         Desembarcado o piloto junto do Baixo  34 navios fundeou no Grande Banco onde a
           Finalmente, com onze meses e um dia de  Português embrenhou-se nos frequentes  curiosidade e a necessidade fazem afluir
         viagem, ei-lo, a 11/06, amarrado à bóia no  nevoeiros a 16/06 e três dias depois avistou  navios nossos ou até simples doris e o «Sainte
         rescaldo da revolução de 28 de Maio que,                                         Jeanne» (com correio), antes
         com mais prevenções do que tiroteios, os                                         do tempo subitamente se
         perturbou até meados de Julho, tendo chega-                                      alterar (Força 8) com muito
         do a destacar 12 praças para auxiliar a                                          balanço, loiça partida e o
         descarga do paquete «Lourenço Marques»,                                          mais... até poder assistir mais
         imobilizado por uma derradeira greve.                                            cinco navios antes de deman-
           Com Portugal de rastos e exaustos, os                                          dar o porto de St. Pierre a
         Portugueses entregavam-se a um regime                                            10/09.
         ditatorial que, depois de uma irrefutável                                          Novos cruzeiros de 14 a 26
         ascensão, seguro da apatia geral, se arras-                                      e de 6 a 19/10 até que a 26
         tará penosamente sem que os portugueses                                          demanda Halifax  donde, a
         aprendam as lições da sua história.                                              14/11, solta, a exemplo da frota
           A 5/08 junta-se em Sesimbra à Força  O «Gil Eannes« fornecendo água potável a um navio da pesca de  bacalhoeira, rumo a Lisboa
         Naval em exercícios; o «Carvalho Araújo»,  bacalhau nos bancos da Terra Nova.    onde passa o virador à bóia do
         os contra-torpedeiros «Douro», «Tâmega»                                          Quadro ao meio dia de 26.
         e «Vouga», os Torpedeiros «Sado» e  os primeiros lugres-patachos franceses evitan-
         «Mondego» e os submersíveis «Golfinho»  do, numa pastada de nevoeiro, abalroar um  MISSÃO INDESEJADA
         e «Hidra», a que serviu de navio-mãe,  e  vapor e a 20 começaram os contactos com
         que, depois de visitada pelo o novo  os nossos bacalhoeiros até que, ouvidos dois  Parecia ter encontrado a sua verdadeira vo-
         Presidente do Conselho e alguns Ministros,  tiros, foi, no meio do nevoeiro, ao encontro  cação mas é-lhe cometida a ingrata tarefa de
         recolheu, na noite de 10, a uma Lisboa  dum veleiro francês que acabou por abalroar  levar para África um grupo de 45 presos políti-
         ainda politicamente agitada.       sem danos de maior.                cos, um dos quais acompanhado da mulher.
           A 21/09, aos 12 anos, com novos projectos  A 29 demandou o porto de S. João onde o  Embarcados em Belém a 4/05, seguem com
         à vista, o seu último comandante, enquanto  governador geral da Terra Nova e esposa o  tempo inclemente até às Canárias donde

         10 ABRIL 2001 • REVISTA DA ARMADA
   115   116   117   118   119   120   121   122   123   124   125