Page 121 - Revista da Armada
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demandaram a Guiné avistando, a 12, a ponta Quitéria» que se ia afundando enquanto alber- Notas:
Caió fundeando no dia seguinte diante de gavam o capitão, dois pilotos, o contramestre (1) O último navio a dispor de projector foi a fragata
Bolama. e 45 homens até S. João, onde uma destacada «Pero Escobar». Em 1961, navegando ao mar de Angola,
Desembarcados 20 dos «turbulentos» e família ofereceria um baile aos oficiais do ao encontro do Transporte de Tropas «Vera Cruz», ambos
recebido o correio para S. Tomé e Luanda, navio. em total «black-out», quando acendemos o potentíssimo
logo a 14 suspende e pelos canais, entre as projector ouvimos o mais inesquecível «Ah!» pronunciado
em uníssono por um cacho de milhares de soldados que
inúmeras ilhas, demanda um adormecido mar mantinham o então 15º (?) maior paquete do mundo
alto de que desperta, a 22, na baía de Ana visivelmente adornado a BB.
Chaves desembarcando, com o infeliz casal, o (2) Aceitarão elas, com a sua natural graça, substi-
resto dos presos. tuir os desajeitados, por via das dúvidas, «voluntários
Passados três dias prossegue com exercícios à força»?
de «homem ao mar» até Luanda e Lobito e de (3) Chega, em 1560, acompanhado do embaixador do
novo Luanda onde entrou a 27/06 para rece- reino de Angola, ao sul do reino do Congo, e dos solicita-
ber material de guerra e embarcar 40 pas- dos missionários jesuítas, na qualidade de embaixador e
sageiros, «militares e civis», e demandar S. comandando uma modesta frota sendo, desprovidos de
Vicente a 14/07 para, como sempre, meter armas e mantimentos, surpreendidos por um novo N’gola
que os prende e mata, poupando Novais e dois padres
carvão e água. mantidos em servil e humilhante cativeiro na corte, em
Angoleme (?), onde conseguem construir uma igreja.
NAVIO ESCOLA Subitamente liberto, em 1571, é enviado com presentes,
entre eles um escravo, para o rei de Portugal de quem
consegue a donataria vitalícia de Angola onde regressa em
Suportada «a conhecida «brisa»» entre 17 e 1574 com 700 homens, dois jesuítas e um conhecimento
23, em mais três dias está em Lisboa donde só profundo das gentes e da terra. Em 1576 funda S. Paulo da
se afasta de 11 a 25/09, em viagem de Assunção de Luanda e depois Calumbo, Macunde e
instrução de 12 aspirantes provisórios ao Massangano, onde é sepultado em 1589, já sob a
Funchal e Leixões acompanhada de vários estrangeira dinastia dos Habsburgos, e cujas notáveis ruí-
nas se situam nas proximidades das lendárias minas de
exercícios como o de «tiro de carabina contra Cambambe onde foi construída uma importante barragem
alvo flutuante». O «Gil Eannes» abastecendo de óleo combustivel hidroeléctrica. Trasladado para Luanda, desconhece-se
No Tejo, do início de 1929 até Abril e um bacalhoeiro com motor. hoje o paradeiro dos restos mortais do 1º e notável
durante a ausência do cruzador «Vasco da Governador de Angola.
Gama» içou o distintivo de navio-chefe antes O toque a sentido, três descargas, a guar- (4) Donde deriva a palavra Benguela.
de, a 29/06, largar para a 2ª viagem à Terra nição em continência e a bandeira a meia (5) Manto de nevoeiro.
Nova, via Graciosa onde desembarcou um adriça assinalaram, logo no início do novo
(6) Na baía de Simão. A Escola Naval da África do Sul
destacamento do Exército de 131 homens, cruzeiro, o funeral no alto mar de um situa-se na baía de Saldanha.
familiares dos 4 oficiais e bagagens. pescador em tratamento a bordo. A tristeza e
(7) Em homenagem a D. Luís Filipe, Príncipe da
a saudade foram aliviadas pelas visitas e inci- Beira, é um dos poucos nomes preservados após a
TERRA NOVA - II dentes; abalroamento, reboque e reparação independência.
do «Alcion» e mais carvão e pintura no
(8) Um curioso solilóquio surpreendido a um
Saído da Horta atinge, em 7 singraduras, escalavrado costado. africano, depois da visita de dois cruzadores britânicos:
Halifax a 13 e devidamente abastecido con- Após o 6º cruzeiro içou o sinal «retiro para «Inglês é amigo, manda dois navios; português é patrão,
tacta, a 21, os primeiros bacalhoeiros e numa Lisboa» e oferecendo uma última oportu- manda cinco: está certo!»
ronda de 16 dias, entre mau tempo, calmas e nidade de assistência recolheu o de «boa (9) Ponte em Árabe.
nevoeiro, faz mais de 100 visitas aos nossos viagem» dos poucos que ainda não tinham
(10) Uma quadrícula de bóias esféricas fundeadas a
lugres (20 duma assentada) e a alguns cana- terminado a campanha. montante do Cais das Colunas, ao Terreiro do Paço, onde
dianos e franceses. Largado da Horta faz, no canal de S. Jorge, amarram os navios da Marinha de Guerra ou, depois da
De novo em S. João o comandante vai com o trasbordo dumas praças da «Zaire» e chega construção da Base Naval no Alfeite, só alguns e que per-
o cônsul apresentar cumprimentos ao gover- ao Tejo a 31/10. mitia um contacto visual permanente dos Lisboetas e
nador do então domínio britânico a quem Antes de largar para a sua 3ª campanha do forasteiros com a Armada.
oferece, na noite de 10/08, um baile a bordo a bacalhau, além da guarnição participar no (11) Reminiscência árabe duma ponte que nesse vale
que concorrem 60 convidados e ainda os ofi- funeral do marechal Gomes da Costa, recebeu cruzava um ribeiro.
ciais de dois avisos franceses aí surtos. o ministro da Marinha e convidados para as- (12) Que o Ocidente chama dos «Boxers».
Novo cruzeiro (9 dias, 58 visitas e a recolha sistirem a uma regata e fez satisfatórias provas (13) Expressão portuguesa para designar os nativos
de um pescador português acolhido no navio- de estabilidade. das circunvizinhanças de Lourenço Marques/Maputo.
-hospital francês) antes de regressar a St. Pierre, A 12/03/1930, por entre sinais de «Boa via- «...são excelentes soldados, de um aprumo e porte
onde o governador retribuiu os cumprimentos. gem» dos lugres larga, via Cardiff (carvão), ru- notáveis, que, ..., têm prestado altíssimos serviços sob o
O 3º cruzeiro começou a 24 com um mo ao bancos onde perfaz oito cruzeiros de ponto de vista militar, cumprindo excelentemente mis-
sões difíceis com coragem e decisão, além de mostrarem
exercício de «homem ao mar», salvo em assistência reforçando os laços com o nossos completa fidelidade aos seus deveres patrióticos. ...» Cor
seis minutos, e visitas a 24 navios, um homens e os Franceses, no mar, e com os Azambuja Martins, 1940. Falam Ronga.
deles francês, tendo a 3/09 e durante dois Canadianos, população e autoridades, nos (14) Capital das Ilhas Maurícias ( Descoberta pelos
dias, o leão (força 9) sacudido os navios, portos. A 16/11, depois de, em Ponta Delgada, Portugueses em 1513, foi ocupada por Holandeses,
portando pelas amarras ou embarcando suportar um súbito ciclone, passa entre Torres. Franceses e Ingleses) mantendo depois da independên-
mar. Dois novos comandantes (o 1º falecera) cia (1968) como língua oficial o Francês. Quando a
Depois 30 lugres portugueses e franceses envolvem a guarnição em solenes cerimónias Fragata «D. Francisco de Almeida» a visitou, em
Dezembro de 1965, havia mais de 30 anos que nen-
foram visitados, vários pescadores socorridos, de júbilo e de pesar, nesta com o concurso hum navio português aí tocava.
oito doris recolhidos no «Noella» e tentou dos navios de guerra surtos no Tejo. (15) A temperatura das águas numa e noutra costa
valer, sem sucesso, ao «Santa Quitéria», quan- do longo cabo da Boa Esperança determinam uma
do foi alertado para o «Maria da Conceição», Dr. Rui Manuel Ramalho Ortigão Neves fauna tão diversa que acreditamos ser o fundamento
envolto em chamas, e cujo capitão, piloto e 1TEN REF para Bartolomeu Dias, no seu regresso, aí situar a se-
33 pescadores recebeu a bordo com 17 doris paração dos oceanos.
e as bagagens salvas, regressando ao «Santa (Continua no próximo número) (16) Na Escala Beaufort ; ****
REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2001 11