Page 119 - Revista da Armada
P. 119

zas e muitos combates  emergentes Japão (1895 -  sob outra derrota)
                                                        navais sem visível rasto.  e Alemanha (1898).
                                                          Muitas vezes destacado  Assim, um justificado sentimento xenó-
                                                        da Divisão, nela se integrou,  fobo originara várias revoltas populares
                                                        a 24, para prestar «as der-  contra a corrupta administração imperial,
                                                        radeiras honras ao mestre da  nomeadamente a da associação secreta
                                                        «Bengo», falecido em via-  dos «lutadores pela legalidade e harmo-
                                                        gem» entrando, com salvas  nia»(12) (1899-1901), a par de outras ini-
                                                        a terra, no porto de Aden.  ciativas, como a de Sun Yat-Sen, que
                                                          Metido carvão e frescos,  implantará a República.
                                                        cruzam, em coluna, airosos  Neste contexto e enquanto agentes russos
                                                        e seculares pangaios e,  «insuflavam» greves por toda a China, estu-
                                                        antecedendo a formação,  dantes de «Shanghai» hostilizam os
         O NRP «Gil Eannes» em 1914.
                                                        meteu pelo mar Vermelho,  estrangeiros e desobedecendo à polícia
         Divisão Naval de Instrução e reparada, a  passou «El-Kantara»(9) e foi amarrar a Port  levam a que Portugal, apesar dos seus mo-
         reboque do «República», uma avaria na  Said donde se organizaram duas excursões;  destíssimos interesses, integrasse a «Pátria» na
         «Beira», lá se enxergou a imponente Mesa  ao Cairo e a Jerusalém. E «uma sessão de  força naval internacional que, a 26/06,
         que de «toalha»(5) posta «indica que o  cinema em honra das guarnições» asilantes.  defende a Concessão de «Shameen».
         Adamastor se vai zangar...». À sua sombra, a  Daí, a 14/05, seguem para a Sicília e  Cinco dias depois, o «República» vai jun-
         4/02, amarraram.                   Bizerta onde a «Marine Nationale» proporcio-  tar-se à lancha-canhoneira «Macau» e algu-
           Retribuída na Base de Simonstown(6) a  nou, além de algumas festas, uma visita a Tunis.  mas vedetas e a 10/07, segue o «Gil Eannes»
         visita do almirante inglês, largam, após seis  A 26 zarpam rumo a Argel que atingem  com material de guerra e 250 militares e em
         dias, para a baía de Hydra, onde se fez a  em duas singraduras. Aí, o Cônsul de Por-  45 dias, com escalas em Port Said, Colombo
         transfega de carvão, seguindo para Durban  tugal organiza as festas, retribuídas a bordo  e Singapura e em plena monção, surge em
         onde, com 1596 T. de carvão e 68 água  do «República».                Macau sob forte ... tufão.
         doce, atestou.                       Argel acolhe-os bem mas já a angústia do  Na primeira aberta - a alvorada tocou à meia
           A 25, passada a Inhaca, fundeava na foz do  desejado regresso os ocupa ...   noite - desembarcada a força do Exército,
         Maputo, diante de Lourenço Marques, onde,  Após Gibraltar, em crescendo, o farol do  fez-se a Hong-Kong para fabricos – máqui-
         cumprido o protocolo, se seguiram cerimó-  Cabo de Santa Maria, depois, embandeirados  nas, caldeiras e pintura geral – e embarque de
         nias, récitas, revistas, festas e bailes...  até 9/03.  nos topes, a 11/06, as salvas ao PR que a  carvão, entregue a chinas.
           Vencida uma «monomocaia» que o fez
         dar balanços de 30º, entraram o Pungué, fun-
         deando, a 15, diante da Beira(7) que concor-
         reu, em hospitalidade, com a capital.
           «A visita dos navios foi, como sempre,
         salutar, tanto para a população europeia
         que regozijava em ver os navios da nossa
         Marinha, como para a população indígena
         que aprecia com justeza toda a manifes-
         tação de soberania digna e elegante (8)».
           Após as fatigantes fainas de carvão segue
         para a histórica ilha que, consagrada ao
         mártir S. Sebastião, emprestou as cinco
         setas à heráldica da então colónia e onde, a
         29, aguarda a Divisão que se atrasara em
         manobras e numa breve visita à baía de  O NRP «Gil Eannes» (ex. «Lahneck») no périplo de Àfrica.
         Mocambo.
           As festas e recepções sublinham um mo- bordo do «Cinco de Outubro» os vitoriava e  Em Macau, no Cinco de Outubro, desfilam
         mento triste; as exéquias pelo recém desapare- finalmente, no «Quadro dos Navios de Guer-  250 homens da Armada (90 do «Gil Eannes»)
         cido Sacadura Cabral, o companheiro de ra (10)» os dois rebocadores com as famílias  e 946 do Exército  sob o comando do CMG
         Gago Coutinho, na terra onde se alicerçara a e os amigos prontos a mitigar as saudades de  Ivens Ferraz  e a 12 zarpa com 31 passageiros,
         amizade que dera asas à travessia do Atlântico sete meses e meio duma viagem que então,  80 praças europeias e 180 landins (13) (a 46ª
         Sul.                               pela imprensa, fizera vibrar todo o país.  Companhia Indígena) e 27 presos chineses
           Depois das baías de Condúcia e de Porto                             para Timor.
         Amélia, a do Rovuma para, a 7/04, homena-  MACAU E TIMOR                De Macassar soltam rumo a Dili onde a
         gear os marinheiros mortos na acção aí ocor-                          sua presença assegurou as comunicações
         rida em Maio de 1916.                Mas a 2/07, em quatro dias, docado, benefi-  com a ilha de Ataúro e o enclave do Oekussi
           Em Zanzibar, o Sultão proporcionou uma ciado e pintado, em Alcântara (11), dum car-  e uma visita do Governador a Baucau.
         estadia agradável compreendendo as habituais voeiro se abastece para largar para a ... China.  A 9/11 «carregou madeira oferecida pelo
         actividades desportivas, um torneio de ténis.  Aí, o confucionista «Império do Centro» na  Governador ao Ministério da Marinha, e mais
           Um grupo de guarda-marinhas, envolvidos ilusão da sua superioridade, vencido na 1ª  alguma carga para Lisboa, entre a qual dois
         noutros torneios, ao regressar, pelas 05h00, foi Guerra do Ópio, vê-se a ceder, em 1842, o  tambores de petróleo em bruto, das minas de
         «agraciado» com as consequentes ... sanções.  acesso marítimo à moralista (!?) Albion, em  Timor, para experiências no Arsenal da
           Após uma semana fazem-se ao mar e 1844, aos EUA e França e por terra à Rússia  Marinha... embarcou a 48ª Companhia
         cruzam, sem sobressaltos, o Equador e (1851) para, novamente humilhada na 2ª  Indígena que regressava a Moçambique» e o
         dobram o Cabo Guardafui num inesperado Guerra, consentir (1858) a penetração do  Régulo D. Nuno, sua família  e 118 timorenses
         mar estanhado que permitiu evocar a pre- Reino Unido que o inunda dos estupe-  que, no dia seguinte, desembarcaram no
         sença portuguesa no triângulo Mombaça, facientes que cultivava na Birmânia e, por  enclave seguindo para Tandjong Priok para
         Ormuz e Ceilão, assinalada por várias fortale- novos «Tratados Desiguais», vergava aos  uma estadia de três dias.  ✎
                                                                                         REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2001  9
   114   115   116   117   118   119   120   121   122   123   124