Page 118 - Revista da Armada
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O “Gil Eannes”
                                  O “Gil Eannes”


                       Entre a Guerra e a Paz
                        Entre a Guerra e a Paz



                                                    (2ª parte)




         Reintegrado, aprontado e
         guarnecido, passa à Divisão
         Colonial que largará, em
         viagem de instrução de
         guardas-marinhas, para o
         périplo de África a 25/10/24,
         depois de ter estendido
         e salvado ao ministro da
         Marinha, Pereira da Silva.

             rês dias depois chegou ao Funchal
             seguido do «República», da «Beira» e  No Funchal: O navio carvoeiro português «Bellas» abastecendo o «Gil Eannes». Vê-se uma canhoeira atracada
         T da «Bengo» e depois da «Ibo». Aí,  a receber carvão.
         aguardava-os o carvoeiro «Bellas».
                                            do o «Gil Eannes» o sinal de comandante  Demónios que ficou no outro ... hemisfério.
           Depois de uma festiva estadia, a 6/11,  superior.                     Não a brisa carregada de húmus da soberba
         segue para S. Vicente de Cabo Verde onde  A caminho de Cabinda, a 17, o coman-  floresta de Maiombe mas, admitimos, a incó-
         reencontra o Navio-escola «Jeanne d’Arc» e  dante, forçado a entregar o governo do navio,  moda calema típica do enclave de Cabinda
         se cruza, à saída, com o paquete alemão  é preso «ao camarote» e 3 tenentes, 12 guar-  que terá determinado, nessa madrugada de
         «Cap Polonio» saudando-os com «A Portu-  da-marinhas, 11 aspirantes, 2 sargentos e 3  20, a passagem a Santo António do Zaire, na
         guesa».                            cabos são sujeitos a implacável julgamento  «embocadura do grande rio que atira as suas
           De novo juntos e sob vento fagueiro as  em que à ira da acusação se somou, sob o ter-  águas a mais de 60 milhas de distância da sua
         canhoneiras envergam pano rumo a Bissau,  rível olhar do improvisado juiz, a da carrancu-  foz sem as misturar com as do mar».
         onde fundeiam a 20. Um «concerto pela  da defesa, acabando todos sentenciados a  Aí, abraçados, a «Ibo» e o «Gil Eannes»,
         telefonia sem fios e a matança do boi» que-  humilhantes penas que ímpias gargalhadas  em plena faina de carvão, quando deram por
         bram a rotina. Depois, em oito horas, deman-  aprovavam de olhos postos no desastrado  si iam já barra fora, à garra, regressando ao
         dam Bolama, então a capital da Guiné.  corte do cabelo e na engraxadela que, recebi-  fundeadouro passadas ... 12 horas.
                                                                                 Depois de uma subida do portentoso rio,
                                                                               em que o «República» e as três canhoneiras
                                                                               se demoraram de 21 a 23 e de uma festa no
                                                                               «palácio» do Governador do distrito, seguiu
                                                                               o «Gil Eannes» para Luanda onde, no dia de
                                                                               Natal, entrou depois de ter, em rota, determi-
                                                                               nado o seu raio de giração.
                                                                                 «Pela solenidade do dia, salvou-se ao
                                                                               meio dia e, em terra, houve uma parada, em
                                                                               que participaram os navios ... e inaugurado
                                                                               o [modestíssimo] monumento a Paulo Dias
                                                                               de Novaes, o conquistador de Angola»(3).
         Em S. Vicente de Cabo Verde: o «Gil Eannes» atestado e pronto a partir  Recolhida a máquina da condenada
                                                                               canhoneira «Save», entrado, por entre festas
           Repete-se a hospitalidade da população  da a extrema unção e beijado o anel do cape-  e devido engalamento, o ano de 1925, visi-
         nativa e do Governo que oferece um baile  lão, antecede o executório mergulho ... final.  tam o Lobito, Benguela, antiga capital do
         sublinhado pelos exercícios dos potentes pro-  É que depois da ingenuidade, castigada  reino de Mombaka(4), Moçâmedes, eterna
         jectores dos navios (1), que receberam visitas  com um balde de água, com que, numa  «terra de raparigas bonitas», Porto
         e fizeram outras prestigiantes demonstrações.  troca de binóculos, a Vigia, cheia de júbilo,  Alexandre e Baía dos Tigres onde desembar-
           A 30, metida água e feito o transbordo de  clama - «A linha está ali!» - são, depois da  cam materiais para a construção do farol e
         carvão seguiram-se, até S. Tomé, nove  visita dos ameaçadores Almirantes, mais que  água doce para a população e receberam o
         enfadonhos dias, alegrados pelo «Mo-  as revoltas barbas da alva cabeleira coroada,  correio vindo no «vapor do Estado».
         çambique» e pelo «Adolph Woermann».  as «airosas» ninfas (2) quem nos introduz no  Carvão, consequente baldeação e pintura
           De Santo António do Príncipe, a 14/12,  fantástico Reino de Neptuno, Senhor dos  geral encerraram uma passagem por Angola
         rumam à Baía de Ana Chaves, donde o  Mares na presença de quem, temendo, todos  recheada de festas, visitas, caçadas, etc ...
         Governador e convidados, seguem no  os novatos desejam emergir da improvisada  Ao largo do cabo Tormentório com
         «República» até à roça «Rio do Ouro», içan-  tina purificados de um mundo de rubros  desconfortável balanço fotografou-se a

         8 ABRIL 2001 • REVISTA DA ARMADA
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