Page 127 - Revista da Armada
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Herança e Património
                          Herança e Património

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         Grupo nº 2 de Escolas da Armada
         Grupo nº 2 de Escolas da Armada




         INTRODUÇÃO                         tituído por Brigadas Autónomas. Uma delas,  Batalhão Naval, extinto na mesma data. É
                                            a Brigada de Marinheiros ocupou, então, as  de referir que já em 1837 aquele Batalhão
               ão será, decerto, um erro afirmar  instalações que haviam pertencido à  substituíra o Regimento da Armada que, por
               que a esmagadora maioria dos mi-  ECRA.Em 1934 o Corpo de Marinheiros  sua vez, tinha “rendido” em 1832 a Brigada
         Nlitares que prestam serviço na    ressurgiu, reintegrando as Brigadas e insta-  Real de Marinha que agrupara num só
         Marinha de Guerra Portuguesa passou, pelo  lando-se, pela primeira vez, no aquartela-  organismo, em 1797, todos os regimentos
         menos uma vez nas suas carreiras, pelo  mento do Alfeite, onde antes estivera insta-  que guarneciam os navios da Armada Real:
         Grupo nº 2 de Escolas da Armada (G2EA).  lada a Brigada de Marinheiros.  os Regimentos da Armada e o Regimento de
         Quantos, porém, conhecerão a história                                 Artilharia de Marinha.
         associada ao harmonioso conjunto arquitec-                              Ao longo da sua existência, o Corpo pas-
         tónico que, na altura, se lhes apresentou O CORPO DE MARINHEIROS      sou por várias reorganizações e alterações,
         diante dos olhos? Para colmatar, em parte (e                          destinadas a dar resposta às novas exigên-
         dentro das modestas capacidades do autor),  Criado em 22 de Outubro de 1851, por  cias impostas pela evolução das tácticas e
         essa grande lacuna se escreve o pequeno  decreto da Rainha D. Maria II, o Corpo de  dos armamentos navais. As mais significati-
         texto que se segue.                Marinheiros Militares destinava-se a agrupar  vas ocorreram em 1855, 1868, 1875, 1884,
                                                                               1898 e 1902. Na reforma de 1855 o Corpo
                                                                               adoptou a designação de “Corpo de
                                                                               Marinheiros da Armada Real”, tendo esta
                                                                               sido novamente alterada em 1868 para
                                                                               “Corpo de Marinheiros da Armada”, que se
                                                                               manteve até à sua extinção definitiva em
                                                                               1961. A designação que perdurou sempre
                                                                               foi, no entanto, a de “Corpo de Mari-
                                                                               nheiros” ou, simplesmente “o Corpo”, como
                                                                               afectuosamente o designavam os militares
                                                                               que nele serviram.
                                                                                 Nesse período, o Corpo foi extinto por
                                                                               duas vezes: a primeira entre 1918 e 1920,
                                                                               em que foi substituído pelo Corpo de
                                                                               Equipagens da Armada, e a segunda entre
                                                                               1924 e 1934, em que se subdividiu em qua-
                                                                               tro Brigadas Autónomas – as Brigadas de
                                                                               Marinheiros (que dava a instrução geral e
         Edifício do Comando - fachada principal (Nascente).                   preparatória), Artilheiros, Mecânicos (que
                                            e a fornecer os sargentos e as praças que  englobava as instruções de Electricidade,
         O LOCAL                            iriam guarnecer os navios da Armada. Este  Radiotelegrafia, Máquinas, Torpedos e
                                            organismo, cujo primeiro Comandante foi o  Minas) e Guarda Naval. Esta segunda reor-
           O Grupo nº 2 de Escolas da Armada  Capitão-de-Mar-e-Guerra (mais tarde Vice-  ganização, mais duradoura, deveu-se ao
         ocupa instalações cuja construção se ini-  -Almirante) Francisco de Soares Franco  facto de se considerar que o Corpo não
                                                            (2)
         ciou em 1914, destinadas então à Escola de  Junior (1810-1885)  , veio a substituir o  tinha capacidade para administrar a
         Aplicação de Marinha. Esta escola, no
         entanto, nunca se chegou a instalar, pois as
         obras foram suspensas em 1915, depois de
         se ter dado início à construção do Corpo de
         Comando. Os terrenos atribuídos perten-
         ciam à antiga Quinta Real, junto à Ponta do
         Mato e ao Palacete do Antelmo, onde o Rei
         D. Carlos se alojava sempre que vinha
                          (1)
         caçar para o Alfeite  . Nos edifícios em
         construção (as obras tinham sido retomadas
         em 1916) viria a instalar-se, em 1918, a
         Escola Central de Recrutas da Armada
         (ECRA), que aí permaneceu até 1924, altura
         em que foi extinta. Também extinto foi,
         então, o Corpo de Marinheiros (a que dare-
         mos, mais adiante, um maior destaque,  Parada do Grupo nº 2 de Escolas da Armada: apesar de terem sido construídos novos edifícios, a parada conserva
         dada a sua importância no contexto) e subs-  a traça do projecto de 1914.                               ✎
                                                                                        REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2001 17
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