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La Coruña houve a oportunidade de efectuar
um enriquecedor intercâmbio com cadetes
espanhóis. Serviu, para além da troca de
experiências, para constatar que o Mar é ver-
dadeiramente o grande “denominador
comum” do Homem... As preocupações, os
medos, as alegrias, a alma de tudo o que é
feito a bordo reflecte que, mesmo sob ban-
deiras diferentes, somos iguais na forma
como vivemos o mar...
Após tão enriquecedora experiência
prosseguiram os exercícios operacionais,
estando os cadetes embarcados cada vez
mais destros na condução dos exercícios, em
contraste com o arrancar lento de quem tenta
pela primeira vez aplicar os conhecimentos
adquiridos ao longo de quatro anos. Entre os
demais exercícios existiu a oportunidade de
efectuar tiro de 40mm e reabastecimento de
líquidos com o SPS “Patino”.
Foi depois a vez de Santander, capital da Tiro com peça de 100 mm.
Cantábria, onde permanecemos durante todo
o fim-de-semana, de 6 a 9 de Junho, data em N.R.P.”Augusto Castilho” e N.R.P. “Bérrio” lização de um campeonato de futebol entre
que partimos para a separação da força e com o qual se efectuaram diversos reabasteci- várias equipas da guarnição e cadetes. Por
para uma nova fase da viagem... mentos de líquidos e sólidos numa perspecti- mais frustrações ou desânimos que tenha
Em Santander encontrámos uma cidade va clara de instrução e adestramento da trazido o novo planeamento, ele merece o
bem diferente de La Coruña, uma cidade guarnição aos quais se juntou o ITS “Vittorio reconhecimento de um esforço em tentar, de
onde tanto a arquitectura dominante como o Veneto” em passagem pelas nossas águas. toda a forma, transcender as dificuldades
próprio enquadramento geográfico a tornam Aos reabastecimentos somam-se ainda os orçamentais dando a continuidade à
uma obrigatória referência na costa norte de reboques e o VERTREP efectuado com um instrução e motivação à guarnição.
Espanha. Durante toda a estadia em helicóptero Lynx. Mais uma vez houve a Dia 14 de Julho, pela manhã, atracámos
Santander o navio esteve aberto a visitas, oportunidade de os cadetes tomarem contac- em Portimão, primeiro porto nacional da
tendo a sua afluência sido grande durante to com outras realidades: três cadetes da viagem. É como se de um primeiro regresso a
todo o fim-de-semana, motivado pela pre- classe de Engenheiros Navais – Ramo casa se tratasse, e no fundo era-o de facto...
sença do navio-escola “Juan Sebastian Mecânica embarcaram a bordo do Bérrio por Entre Portimão e Viana do Castelo, onde
d’Elcano” e do navio de apoio logístico um dia, e quatro cadetes de Marinha a bordo atracámos no dia 20, foi possível navegar em
“Galicia”.. da Sacadura Cabral por dois dias, onde viriam companhia com a corveta “Afonso Cerqueira”
Segunda-feira, dia 9, largámos pelas oito a ter um envolvimento operacional activo nos que se encontrava envolvida na viagem de
horas da manhã e no dia 10 deu-se, ao fim exercícios que entretanto decorriam. instrução do 2º ano, tendo sido também com
da tarde, o split da força espanhola... No dia 13, já sem a presença do “Bérrio” ela efectuados diversos exercícios realçando
Navegando numa formatura em coluna, a como culminar dos exercícios com a força a realização de tiro de 100mm, conduzido
“Capelo”, ocupando a última posição, au- nacional, realizou-se um exercício ASW, pelos cadetes da classe de marinha embarca-
mentou velocidade, e, num gesto de cortesia, com o envolvimento dos N.R.P. “Delfim”, dos e um exercício SAREX com um heli-
e sobretudo de festa, ultrapassou todos os N.R.P. “D. Carlos”, NRP “Sacadura Cabral” e cóptero PUMA da FAP. De Viana o navio
navios da força efectuando o tão conhecido de um P3P, consistindo no disparo de torpe- rumou a Tróia onde atracou dia 25 de Julho e
SAIL PASS. dos pela “Capelo”, “Sacadura” e P3P. se realizou o torneio de futebol .
Aguardava-nos já Dia 26 de manhã rumámos novamente a
o porto de Portimão, Portimão, após termos efectuado um exercí-
cumprindo o pla- cio de reboque com a corveta “Afonso
neamento, quando é Cerqueira”, onde atracámos dia 27 de Julho.
anunciada a sua Após a largada no dia 30, do último porto da
alteração: A viagem viagem, o sabor que fica é o do dever
iria ser encurtada, cumprido, do dever cumprido para com a
por forma a termi- missão de instrução do navio e do dever
nar no dia 31 de cumprido para com o Mar. O Mar que sem-
Julho, sendo cance- pre nos toma a alma por sua e que nos per-
lados os portos de mite rever a nossa própria alma na hora
Toulon, em França, poente, no vento, nas ondas em que o navio
e de Barcelona, em dança, incessante como se fosse uma su-
Espanha. Restrições blime extensão de nós próprios... - “É preciso
orçamentais e con- navegar...”, disse o poeta. E no final desta
tenção de despesas viagem sabe bem poder continuar as suas
justificaram esta palavras com outras só nossas: - “...é preciso
Helicóptero “Lynx” efectuando “VERTREP” com o navio. alteração. Um novo aprendermos a ser Mar!”
planeamento foi
O período seguinte, e novamente em águas elaborado, contemplando, desta feita, os por- S. Robalo
portuguesas, envolveu a participação de tos de Viana do Castelo, de Tróia e de 1TEN
navios nacionais, os N.R.P. “Comandante Portimão, sendo o porto de Tróia, ou melhor, Batista
Sacadura Cabral”, N.R.P. “Afonso Cerqueira”, o P.A.N. Tróia, o local escolhido para a rea- CAD EN-MEC
REVISTA DA ARMADA • NOVEMBRO 2001 23