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Viagem de Instrução
                                 Viagem de Instrução


           do Curso“VALM Magalhães Corrêa”
            do Curso“VALM Magalhães Corrêa”






               ia 25 de Junho, Base Naval de
               Lisboa, pelas dez horas da manhã,
        Douve-se o apito distinto da faina de
         largada... Parte para o mar a fragata
         “Comandante Hermenegildo Capelo” para
         mais uma missão, a Viagem de Instrução dos
         cadetes do 4º ano da Escola Naval, onde à
         sua guarnição de cento e oitenta militares
         acrescem vinte e quatro cadetes do Curso
         “VAlm Magalhães Corrêa”. A largada é lenta
         e, enquanto a última espia é largada, caiem
         lágrimas e desenham-se sorrisos com sabor a
         partida na expectativa de só voltar a vislum-
         brar a Base Naval de Lisboa no dia 3 de
         Agosto. Levam-se os olhares e os acenos de
         quem ficou no cais, canal do Alfeite afora...
         Porém é com o entusiasmo e o nervosismo
         próprios de quem parte, uns para a sua
         primeira missão, outros para mais uma, que
         no peito nasce aos poucos, o chamamento
         inconfundível do Mar...
           Seguiam-se cinco dias de navegação até
         La Coruña , na costa norte da Galiza, na  Cadete efectua navegação em aproximação RAS.
         companhia de quatro navios espanhóis, que
         seriam nossos “irmãos de mar” durante  instruções sobre as diversas áreas de bordo,  da na Escola. Nesta articulação tão deli-
         aproximadamente duas semanas o SPS  instruções essas que constituiram a matéria  cada, a viagem de instrução do 4º ano
         “Hernán Cortez” e três corvetas da classe  para um teste realizado no final da viagem.  envolveu esforços de coordenação e
         “Descubierta”, que, tal como a “Capelo”, se  No que concerne à instrução, a viagem do  planeamento que estão muitas vezes para
         encontravam numa missão de instrução de  4º ano mostra-se como o importante culmi-  além daquilo que é humanamente possível
         cadetes. A instrução, foi desde o início, o  nar de um ano caracterizado por um grau de  num navio que acusa o peso da idade, e no
         grande motor de toda a viagem, que encon-  especificidade muito grande entre as diversas  qual ainda se sente “um cheirinho” ao
         trou precisamente na vertente operacional a  classes: Marinha, Engenheiros, Administração  outro lado do Mundo, a essa ilha chamada
         grande mais valia, para os cadetes embarca-  Naval e Fuzileiros. A essa especificidade  “do Sol Nascente”.
         dos, relativamente a viagens precedentes.  aparece ligada, necessariamente, uma orien-  Dia 29 de Junho entrámos em la Coruña,
         Juntaram-se assim sinergias para que objec-  tação da instrução que tem de responder à  envoltos num nevoeiro que não é de todo
         tivos comuns fossem atingidos, quer em ter-  multiplicidade de exigências de cada classe  surpresa por aquelas paragens. A euforia
         mos de operações em conjunto, quer em  em termos técnicos e académicos. Foi uma  própria da chegada a um porto novo encheu
         exercícios internos do navio, em que se simu-  oportunidade flagrante para os alunos a de  os peitos que haviam sentido ainda apenas o
         laram as mais variadas situações de emergên-  viver e sentir a bordo aquilo que se lê e estu-  nervosismo e a ansiedade da acção em ope-
         cia, limitação de avarias e de-                                                  rações e demais exercícios!
         mais condições especiais. Os                                                     Atracados, sempre na com-
         exercícios na vertente opera-                                                    panhia de “nuestros herma-
         cional iniciaram-se ainda em                                                     nos”, no cais de “la Batteria”,
         mar português, com um                                                            a localização era privilegiada,
         CASEX, exercício de defesa                                                       bem dentro da cidade. A
         anti-submarina com a partici-                                                    praia, a noite, a vida, carac-
         pação do N.R.P. “Barracuda”,                                                     terizam o porto de la Coruña
         prosseguindo, já em mar                                                          que de uma forma natural
         espanhol, com diversos exer-                                                     contagiou cada um com o
         cícios de defesa aérea (com a                                                    ritmo, o sol e os costumes de
         participação de aeronaves                                                        um povo que está tão perto
         C101 e F18), e exercícios de                                                     de nós mas que, por vezes,
         SEAMANSHIP e de AIO, de-                                                         parece tão longe...
         dicados essencialmente aos                                                         Seguiu-se mais uma se-
         cadetes embarcados.                                                              mana de exercícios e acções
           Após a fase inicial que con-                                                   operacionais com a força
         sistiu na integração dos                                                         espanhola, ao longo da costa
         alunos na vida e organização                                                     norte da Península Ibérica, no
         de bordo, foram ministradas  Reabastecimento no mar (RAS) com o SPS “Patino”.    Mar Cantábrico. À saída de

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