Page 348 - Revista da Armada
P. 348
Viagem de Instrução
Viagem de Instrução
do Curso“VALM Magalhães Corrêa”
do Curso“VALM Magalhães Corrêa”
ia 25 de Junho, Base Naval de
Lisboa, pelas dez horas da manhã,
Douve-se o apito distinto da faina de
largada... Parte para o mar a fragata
“Comandante Hermenegildo Capelo” para
mais uma missão, a Viagem de Instrução dos
cadetes do 4º ano da Escola Naval, onde à
sua guarnição de cento e oitenta militares
acrescem vinte e quatro cadetes do Curso
“VAlm Magalhães Corrêa”. A largada é lenta
e, enquanto a última espia é largada, caiem
lágrimas e desenham-se sorrisos com sabor a
partida na expectativa de só voltar a vislum-
brar a Base Naval de Lisboa no dia 3 de
Agosto. Levam-se os olhares e os acenos de
quem ficou no cais, canal do Alfeite afora...
Porém é com o entusiasmo e o nervosismo
próprios de quem parte, uns para a sua
primeira missão, outros para mais uma, que
no peito nasce aos poucos, o chamamento
inconfundível do Mar...
Seguiam-se cinco dias de navegação até
La Coruña , na costa norte da Galiza, na Cadete efectua navegação em aproximação RAS.
companhia de quatro navios espanhóis, que
seriam nossos “irmãos de mar” durante instruções sobre as diversas áreas de bordo, da na Escola. Nesta articulação tão deli-
aproximadamente duas semanas o SPS instruções essas que constituiram a matéria cada, a viagem de instrução do 4º ano
“Hernán Cortez” e três corvetas da classe para um teste realizado no final da viagem. envolveu esforços de coordenação e
“Descubierta”, que, tal como a “Capelo”, se No que concerne à instrução, a viagem do planeamento que estão muitas vezes para
encontravam numa missão de instrução de 4º ano mostra-se como o importante culmi- além daquilo que é humanamente possível
cadetes. A instrução, foi desde o início, o nar de um ano caracterizado por um grau de num navio que acusa o peso da idade, e no
grande motor de toda a viagem, que encon- especificidade muito grande entre as diversas qual ainda se sente “um cheirinho” ao
trou precisamente na vertente operacional a classes: Marinha, Engenheiros, Administração outro lado do Mundo, a essa ilha chamada
grande mais valia, para os cadetes embarca- Naval e Fuzileiros. A essa especificidade “do Sol Nascente”.
dos, relativamente a viagens precedentes. aparece ligada, necessariamente, uma orien- Dia 29 de Junho entrámos em la Coruña,
Juntaram-se assim sinergias para que objec- tação da instrução que tem de responder à envoltos num nevoeiro que não é de todo
tivos comuns fossem atingidos, quer em ter- multiplicidade de exigências de cada classe surpresa por aquelas paragens. A euforia
mos de operações em conjunto, quer em em termos técnicos e académicos. Foi uma própria da chegada a um porto novo encheu
exercícios internos do navio, em que se simu- oportunidade flagrante para os alunos a de os peitos que haviam sentido ainda apenas o
laram as mais variadas situações de emergên- viver e sentir a bordo aquilo que se lê e estu- nervosismo e a ansiedade da acção em ope-
cia, limitação de avarias e de- rações e demais exercícios!
mais condições especiais. Os Atracados, sempre na com-
exercícios na vertente opera- panhia de “nuestros herma-
cional iniciaram-se ainda em nos”, no cais de “la Batteria”,
mar português, com um a localização era privilegiada,
CASEX, exercício de defesa bem dentro da cidade. A
anti-submarina com a partici- praia, a noite, a vida, carac-
pação do N.R.P. “Barracuda”, terizam o porto de la Coruña
prosseguindo, já em mar que de uma forma natural
espanhol, com diversos exer- contagiou cada um com o
cícios de defesa aérea (com a ritmo, o sol e os costumes de
participação de aeronaves um povo que está tão perto
C101 e F18), e exercícios de de nós mas que, por vezes,
SEAMANSHIP e de AIO, de- parece tão longe...
dicados essencialmente aos Seguiu-se mais uma se-
cadetes embarcados. mana de exercícios e acções
Após a fase inicial que con- operacionais com a força
sistiu na integração dos espanhola, ao longo da costa
alunos na vida e organização norte da Península Ibérica, no
de bordo, foram ministradas Reabastecimento no mar (RAS) com o SPS “Patino”. Mar Cantábrico. À saída de
22 NOVEMBRO 2001 • REVISTA DA ARMADA