Page 133 - Revista da Armada
P. 133
Combate à Toxicodependência
Combate à Toxicodependência
Marinha assina Protocolo com o Ministério da Saúde
Marinha assina Protocolo com o Ministério da Saúde
o passado dia 24 de Outubro a então Projecto Vida à Marinha para possibilitar caracterizado pela (...) frequente e inopinada
Marinha celebrou com o Serviço de a actual instalação da UTITA na Base do submissão do pessoal ao controlo analítico-
NPrevenção e Tratamento da Toxicode- Alfeite, e a enunciação dos objectivos para o -laboratorial para drogas de abuso, pessoal
pendência (SPTT) do Ministério da Saúde um próximo futuro da UTITA, como sejam, entre esse perfeitamente ciente de que qualquer car-
acordo de prestação de serviços de desintoxi- outros, o de atingir a plena capacidade, na reira ou especialização na Marinha não estaria
cação, tratamento e reabilitação de toxico- soma do ambulatório e internamento, de 300 ao alcance de quem tivesse mais que um
dependentes oriundos do meio laboral. doentes/ano, e o da auto-suficência económi- resultado positivo para droga (...)”
Pela Marinha assinou o Director do Serviço ca através dos doentes com internamentos fi- “(...) É claro que este Programa tem outras
de Saúde, CALM MN Costa Rebelo, estabele- nanciados, oriundos do exterior da Marinha. virtualidades para além da que resulta, na
cendo-se a Unidade de Tratamento Intensivo Os outorgantes do Protocolo proferiram cur- actualidade, de manter a Instituição tenden-
de Toxicodependências e Alcoolismo (UTITA) tas palavras, tendo o CAM MN Costa Rebelo cialmente ausente de droga.(...)”
como Organismo da Marinha prestador dos realçado a importância do acordo, enfatizan- “(...) são fácil e precocemente detectadas as
serviços consignados no acordo. do que a capacidade sobrante da UTITA, recidivas, tanto mais que cada caso positivo é
Através deste protocolo, a Marinha põe à agora posta à disposição, contrariamente ao submetido a apertado seguimento. (...)”
disposição do SPTT, integrando a rede que se suporia, resultado de deficiente “(...) em 1987 (...) surge a [UTITA], para se
nacional das comunidades terapêuticas por definição inicial de necessidades, antes mede ocupar da desintoxicação, do tratamento e da
este coordenadas, o excedente da capacidade o sucesso do programa integrado de combate reabilitação dos doentes afectados pela toxi-
codependência, decisão que a Marinha tomou
por, a um tempo, entender que o investimento
nas pessoas é o mais rentável e, por outro, sen-
tir ser sua obrigação não expulsar do seu seio,
sem lhes proporcionar os adequados meios de
tratamento e reabilitação, indivíduos que nem
sempre poderia garantir não se terem tornado
toxicodependentes ao serviço da Marinha.”
“É o conjunto de procedimentos médicos
de desintoxicação e tratamento, mas também
do processo de reabilitação em meio laboral
(...), que constitui a primeira linha em oferta
pela Marinha no protocolo de Colaboração
da UTITA, facto especialmente relevante por a às toxicodependências na Marinha, reflexo da com o SPTT (...), agora, (...) objecto de (...)
estrutura do SPTT carecer desta valência e, por eficácia dissuasora do mesmo na minimização reconhecimento pela OMS e pela OIT na sua
outro lado, estimarem-se em 49 e 35%, res- das situações a submeter a tratamento. eficácia, e com larga aplicação, nomeada-
pectivamente, os consumidores de droga e tra- O Presidente do C.A. do SPTT, Dr. Castel- mente, nos EUA.”
ficantes-consumidores empregados. -Branco Goulão, realçou, também, a impor- “É claro que avalização deste peso não é
A cerimónia de assinatura do protocolo teve tância do acordo, a qual, de resto, afirmou ver despicienda, mas o facto é que sempre nos
lugar na UTITA e foi presidida pelo SSP VALM marcada pela presença de tão numerosas e nortearam os resultados por nós próprios obti-
Botelho Leal. O programa da sessão constou altas patentes da Marinha. Fez menção à dos, os quais, há que reconhecer que não
de uma comunicação do Presidente do Grupo grande importância da nova valência adquiri- foram imediatos, posto que, se em 1980 se re-
Coordenador para a Prevenção de Toxicode- da pelo Protocolo no domínio do tratamento e ferenciavam 22% de consumidores de droga
pendências e Alcoologia na Marinha (GCP- reabilitação de toxicodependentes oriundos na Marinha, em 1986 ainda nos encontráva-
TAM) e de alocuções do Director da UTITA e do meio laboral, até agora em completo deficit mos nos 17%, em 1996, nos 3,8%, mas, pre-
das duas entidades outorgantes do Protocolo. na sua organização. sentemente, dos efectivos da Marinha que,
No encerramento da sessão, discursou o Como foi referido, a sessão encerrou com o desde o inicio do Programa, foram submetidos
VALM SSP. discurso do VALM SSP, do qual se destaca: a despiste laboratorial, 8 367 ainda se encon-
Na sua comunicação, o Presidente do GCP- “(...) Remonta a preocupação da Marinha tram ao serviço e, destes, apenas 0,6% tiveram
TAM sublinhou a autoridade que dá à Marinha com a problemática da droga a meados da contacto com a droga (...)”
quase 1/4 de século de exercício do seu progra- década de 1970, quando a questão começou Entre os convidados civis destacam-se os
ma de combate à droga e alcoolismo em meio a ganhar relevo na sociedade portuguesa e, no dos departamentos do Estado directamente li-
laboral militar, concluindo pela evidente de- seu meio militar, era considerada tabu, certa- gados à problemática da droga, como os Con-
monstração da eficácia deste ao apresentar, mente pela rigidez de princípios que tende a selhos de Administração do Instituto Português
entre outros, o facto de, no ano transacto, os 44 balizar o respectivo comportamento.(...)“ da Droga e da Toxicodependência (IPDT) e do
consumidores detectados e, por isso, incluídos “(...) em 1980, com o arranque do Labora- SPTT. As entidades militares convidadas repar-
em procedimento de vigilância analítica aperta- tório de Análise Fármaco-Toxicológicas da tiram-se pelos responsáveis máximos de
da, se reduzirem a 8 reincidentes, registando-se Marinha (LAFTM), verificou-se que a prevalên- Serviços da Administração Central, Agru-
uma redução do consumo de 82% como direc- cia do contacto ou envolvimento com a droga pamentos de Forças, Forças Navais, Escolas,
ta medida do efeito dissuasor do procedimento. era, na Marinha, de cerca de 22%!(...)” Unidades, Organismos e Chefias da Marinha
Da intervenção do Director da UTITA desta- “(...)Nasce, perante isto, na Marinha Por- que participam e servem de sustentáculo ao
ca-se a referência à taxa de sucesso de 75% tuguesa, uma das primeiras experiências, a programa de combate ao consumo de droga e
alcançada por esta no tratamento-reabilitação nível mundial, para a concepção e desenvolvi- abuso do álcool na Marinha.
de toxicodependentes, ao financiamento de mento de um programa dissuasor do consumo Tomé dos Reis
106 mil contos feito à Marinha, em 1996, pelo de droga em meio laboral (militar, neste caso), CFR FN
REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2002 23