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Combate à Toxicodependência
                      Combate à Toxicodependência

         Marinha assina Protocolo com o Ministério da Saúde
          Marinha assina Protocolo com o Ministério da Saúde


               o passado dia 24 de Outubro a  então Projecto Vida à Marinha para possibilitar  caracterizado pela (...) frequente e inopinada
               Marinha celebrou com o Serviço de  a actual instalação da UTITA na Base do  submissão do pessoal ao controlo analítico-
         NPrevenção e Tratamento da Toxicode-  Alfeite, e a enunciação dos objectivos para o  -laboratorial para drogas de abuso, pessoal
         pendência (SPTT) do Ministério da Saúde um  próximo futuro da UTITA, como sejam, entre  esse perfeitamente ciente de que qualquer car-
         acordo de prestação de serviços de desintoxi-  outros, o de atingir a plena capacidade, na  reira ou especialização na Marinha não estaria
         cação, tratamento e reabilitação de toxico-  soma do ambulatório e internamento, de 300  ao alcance de quem tivesse mais que um
         dependentes oriundos do meio laboral.  doentes/ano, e o da auto-suficência económi-  resultado positivo para droga (...)”
           Pela Marinha assinou o Director do Serviço  ca através dos doentes com internamentos fi-  “(...) É claro que este Programa tem outras
         de Saúde, CALM MN Costa Rebelo, estabele-  nanciados, oriundos do exterior da Marinha.  virtualidades para além da que resulta, na
         cendo-se a Unidade de Tratamento Intensivo  Os outorgantes do Protocolo proferiram cur-  actualidade, de manter a Instituição tenden-
         de Toxicodependências e Alcoolismo (UTITA)  tas palavras, tendo o CAM MN Costa Rebelo  cialmente ausente de droga.(...)”
         como Organismo da Marinha prestador dos  realçado a importância do acordo, enfatizan-  “(...) são fácil e precocemente detectadas as
         serviços consignados no acordo.    do que a capacidade sobrante da UTITA,  recidivas, tanto mais que cada caso positivo é
           Através deste protocolo, a Marinha põe à  agora posta à disposição, contrariamente ao  submetido a apertado seguimento. (...)”
         disposição do SPTT, integrando a rede  que se suporia, resultado de deficiente  “(...) em 1987 (...) surge a [UTITA], para se
         nacional das comunidades terapêuticas por  definição inicial de necessidades, antes mede  ocupar da desintoxicação, do tratamento e da
         este coordenadas, o excedente da capacidade  o sucesso do programa integrado de combate  reabilitação dos doentes afectados pela toxi-
                                                                               codependência, decisão que a Marinha tomou
                                                                               por, a um tempo, entender que o investimento
                                                                               nas pessoas é o mais rentável e, por outro, sen-
                                                                               tir ser sua obrigação não expulsar do seu seio,
                                                                               sem lhes proporcionar os adequados meios de
                                                                               tratamento e reabilitação, indivíduos que nem
                                                                               sempre poderia garantir não se terem tornado
                                                                               toxicodependentes ao serviço da Marinha.”
                                                                                 “É o conjunto de procedimentos médicos
                                                                               de desintoxicação e tratamento, mas também
                                                                               do processo de reabilitação em meio laboral
                                                                               (...), que constitui a primeira linha em oferta
                                                                               pela Marinha no protocolo de Colaboração
         da UTITA, facto especialmente relevante por a  às toxicodependências na Marinha, reflexo da  com o SPTT (...), agora, (...) objecto de (...)
         estrutura do SPTT carecer desta valência e, por  eficácia dissuasora do mesmo na minimização  reconhecimento pela OMS e pela OIT na sua
         outro lado, estimarem-se em 49 e 35%, res-  das situações a submeter a tratamento.  eficácia, e com larga aplicação, nomeada-
         pectivamente, os consumidores de droga e tra-  O Presidente do C.A. do SPTT, Dr. Castel-  mente, nos EUA.”
         ficantes-consumidores empregados.  -Branco Goulão, realçou, também, a impor-  “É claro que avalização deste peso não é
           A cerimónia de assinatura do protocolo teve  tância do acordo, a qual, de resto, afirmou ver  despicienda, mas o facto é que sempre nos
         lugar na UTITA e foi presidida pelo SSP VALM  marcada pela presença de tão numerosas e  nortearam os resultados por nós próprios obti-
         Botelho Leal. O programa da sessão constou  altas patentes da Marinha. Fez menção à  dos, os quais, há que reconhecer que não
         de uma comunicação do Presidente do Grupo  grande importância da nova valência adquiri-  foram imediatos, posto que, se em 1980 se re-
         Coordenador para a Prevenção de Toxicode-  da pelo Protocolo no domínio do tratamento e  ferenciavam 22% de consumidores de droga
         pendências e Alcoologia na Marinha (GCP-  reabilitação de toxicodependentes oriundos  na Marinha, em 1986 ainda nos encontráva-
         TAM) e de alocuções do Director da UTITA e  do meio laboral, até agora em completo deficit  mos nos 17%, em 1996, nos 3,8%, mas, pre-
         das duas entidades outorgantes do Protocolo.  na sua organização.     sentemente, dos efectivos da Marinha que,
         No encerramento da sessão, discursou o  Como foi referido, a sessão encerrou com o  desde o inicio do Programa, foram submetidos
         VALM SSP.                          discurso do VALM SSP, do qual se destaca:  a despiste laboratorial, 8 367 ainda se encon-
           Na sua comunicação, o Presidente do GCP-  “(...) Remonta a preocupação da Marinha  tram ao serviço e, destes, apenas 0,6% tiveram
         TAM sublinhou a autoridade que dá à Marinha  com a problemática da droga a meados da  contacto com a droga (...)”
         quase 1/4 de século de exercício do seu progra-  década de 1970, quando a questão começou  Entre os convidados civis destacam-se os
         ma de combate à droga e alcoolismo em meio  a ganhar relevo na sociedade portuguesa e, no  dos departamentos do Estado directamente li-
         laboral militar, concluindo pela evidente de-  seu meio militar, era considerada tabu, certa-  gados à problemática da droga, como os Con-
         monstração da eficácia deste ao apresentar,  mente pela rigidez de princípios que tende a  selhos de Administração do Instituto Português
         entre outros, o facto de, no ano transacto, os 44  balizar o respectivo comportamento.(...)“  da Droga e da Toxicodependência (IPDT) e do
         consumidores detectados e, por isso, incluídos  “(...) em 1980, com o arranque do Labora-  SPTT. As entidades militares convidadas repar-
         em procedimento de vigilância analítica aperta-  tório de Análise Fármaco-Toxicológicas da  tiram-se pelos responsáveis máximos de
         da, se reduzirem a 8 reincidentes, registando-se  Marinha (LAFTM), verificou-se que a prevalên-  Serviços da Administração Central, Agru-
         uma redução do consumo de 82% como direc-  cia do contacto ou envolvimento com a droga  pamentos de Forças, Forças Navais, Escolas,
         ta medida do efeito dissuasor do procedimento.  era, na Marinha, de cerca de 22%!(...)”   Unidades, Organismos e Chefias da Marinha
           Da intervenção do Director da UTITA desta-  “(...)Nasce, perante isto, na Marinha Por-  que participam e servem de sustentáculo ao
         ca-se a referência à taxa de sucesso de 75%  tuguesa, uma das primeiras experiências, a  programa de combate ao consumo de droga e
         alcançada por esta no tratamento-reabilitação  nível mundial, para a concepção e desenvolvi-  abuso do álcool na Marinha.
         de toxicodependentes, ao financiamento de  mento de um programa dissuasor do consumo         Tomé dos Reis
         106 mil contos feito à Marinha, em 1996, pelo  de droga em meio laboral (militar, neste caso),     CFR FN
                                                                                       REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2002 23
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