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DIRECÇÃO DE FARÓIS
NOVO SISTEMA ENERGÉTICO NO FAROL DA BERLENGA
Farol do duque de Bragança ou Farol
da Berlenga, na Berlenga Grande, acabado
de construir em finais de 1840, iniciou o
seu funcionamento no ano seguinte. O
edifício em que a lanterna assenta é uma
torre quadrangular, construída de alve-
naria e cunhais de cantaria, com varanda
de cantaria na parte superior. Este farol,
como a generalidade dos faróis desta
época, começou por utilizar, como com-
bustível para os candeeiros, o azeite. Em
1897, o aparelho lenticular foi substituído
por uma óptica hiper-radiante, uma das
duas maiores existentes no país, igual à
que ainda hoje existe no farol do Cabo de
S. Vicente. A substituição da fonte lumi-
nosa a vapor de petróleo por uma lâmpa-
da de incandescência eléctrica verificou-se
em 1926, quando se procedeu à electrifi-
cação do farol, com a montagem de gru-
pos electrogéneos. Em 1985, o farol foi
integralmente automatizado, retirando-se
a óptica e instalando-se um bloco rotativo Farol da Berlenga.
constituído por lâmpadas de halogéneo
montadas em ópticas seladas providas de reflectores parabólicos.
Quer o farol quer as residências dos faroleiros, eram alimenta-
dos com recurso permanente a quatro grupos electrogéneos,
sendo dois para o sistema iluminante e dois para as residências. A
localização isolada do farol e o ambiente excessivamente agreste
em que se insere, obrigava a elevados custos de exploração e
manutenção e um permanente esforço logístico, nomeadamente,
de combustível.
Assim, e tendo como objectivos:
- tornar o sistema iluminante e o sinal sonoro energéticamente
autónomos;
- possibilitar energia eléctrica nas residências, 24 horas por dia;
- reduzir custos de manutenção;
- contribuir para a melhoria do ambiente na reserva natural da
Ilha Berlenga, pela redução drástica do ruído ambiental e
diminuição de emissão de gases;
Iniciou-se, no segundo semestre de 1999, um processo de
aquisição e instalação de um sistema baseado em painéis foto-
voltaicos, dividido em duas fases.
A primeira fase consistiu em tornar energéticamente autónomos Nova óptica.
o sistema iluminante e o sinal sonoro. Tornou-se necessário substi- helicóptero para, num período entre missões, efectuar o transporte
tui-los por outros de baixo consumo e a funcionar a corrente con- entre o Cabo Carvoeiro e a Berlenga. Esta operação veio a acontecer
tínua, trabalho que no dia 12 de Março de 2001, tendo sido realizadas seis viagens.
ficou concluído em Após reunidas as condições necessárias para a montagem do sis-
finais de Junho de tema, nomeadamente a execução de muretes para os painéis foto-
2000. Este sistema voltaicos, a sua montagem prolongou-se por uma semana, ficando
ficou com uma au- concluída em 26 de Junho de 2001.
tonomia aproxi- Até à data o sistema encontra-se em funcionamento, sem avarias.
mada de 22 dias. Tanto o sistema iluminante como o sinal sonoro são energética-
A segunda fase mente autónomos. Nas residências previa-se, com uma gestão
foi mais demorada. cuidada do consumo energético, uma autonomia próxima dos 80%.
Na realidade, a Porém, até ao presente, verifica-se que foram ultrapassadas estas
dimensão e peso expectativas de autonomia, não sendo praticamente necessário
das baterias para o recorrer aos geradores para a obtenção de energia.
Paineis solares. sistema (24 bate- Mais uma vez se releva o trabalho efectuado pelos técnicos da
rias HOPPECKE Direcção de Faróis, os quais contribuíram para a concepção do sis-
16 Opzs 2000) e do restante equipamento, incluindo 40 painéis foto- tema e efectuaram a sua instalação.
voltaicos, tornavam extremamente penoso o seu transporte até ao
farol. Contactada a FAP, esta prontamente disponibilizou um (Colaboração da Direcção de Farois)
22 ABRIL 2002 • REVISTA DA ARMADA