Page 198 - Revista da Armada
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O Sistema de Informação
O Sistema de Informação
de Apoio à Gestão da Marinha
de Apoio à Gestão da Marinha
A ERA DA INFORMAÇÃO Na Marinha, esta problemática assume SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
contornos particulares, determinados sobre- COMO FONTES DE DADOS
Hoje em dia e mais do que nunca, as em- tudo pela natureza e dimensão da organiza-
presas e organizações, civis e militares, com- ção. Acabou por ser enquadrada sob a desig- Uma vez atingido o objectivo de definição
petem num ambiente muito complexo, no qual nação de Sistemas de Informação de Apoio dos indicadores de desempenho, torna-se ne-
se torna vital a absoluta compreensão da sua à Gestão (SIAG) e levanta um conjunto de cessário obter os dados necessários para o seu
missão e objectivos, bem como dos métodos questões para as quais a Comissão Eventual cálculo e garantir a actualização atempada des-
para os alcançar. Entender este ambiente, passa da Direcção de Análise e Gestão da Informa- ses dados. Para tal, é necessário inventariar os
por reconhecer que atravessamos um período ção (DAGI-CE) procura dar respostas no âm- sistemas de informação que suportam o nível
de profunda transformação da sociedade, or- bito das suas competências e atribuições, re- operacional da actividade da organização, co-
ganizações e pessoas, o qual terá sido iniciado sultantes da recente reorganização das áreas nhecer os respectivos modelos de dados e de-
nas últimas décadas do século passado e tem de Gestão da Informação (GI) e de Tecnolo- terminar que dados serão usados no cálculo
sido frequentemente referido por revolução da gias de Informação e Comunicação (TIC). Para de cada indicador. Estes sistemas são, por isso,
informação. além da necessidade de encontrar soluções designados neste contexto por sistemas opera-
Este período de transição transporta-nos da para melhorar continuamente a capacidade cionais e para efeitos dos sistemas de informa-
anterior Era Industrial para a nova Era da Infor- da Marinha para gerir a informação automa- ção de apoio à gestão (ou de apoio à decisão)
mação, naquilo que muitos autores interpretam tizada, maximizando a sua utilidade, é im- actuam como sistemas fonte.
como um paralelo com a revolução industrial portante ter em consideração a influência não Numa organização como a Marinha, o in-
que tão profundamente transformou as socie- ignorável do mercado e as lições aprendidas ventário dos sistemas de informação candida-
dades nos séculos XVIII e XIX. Esta nova Era da com experiências anteriores, quer internas, tos à designação de sistema fonte traduz-se em
Informação apresenta novos desafios e requer quer dos parceiros e aliados. várias dezenas de aplicações, utilizadas diaria-
novas capacidades das organizações para geri- mente por muitas centenas de pessoas nas mais
rem de forma eficaz e eficiente os seus recursos. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO diversas áreas de trabalho. Desde logo, importa
De facto, a capacidade de uma organização conhecer os respectivos metadados, isto é, o
para mobilizar e explorar os seus recursos in- A pedra de toque das organizações de su- conjunto de toda a informação sobre os dados
tangíveis - o recurso informação - tem mereci- cesso dos dias de hoje, quer sejam públicas que está para além dos próprios dados. Este gé-
do uma importância crescente, sendo mesmo, ou privadas, é a utilização de métricas ou in- nero de informação deverá estar parcialmente
aquela que mais influencia o seu sucesso. dicadores de desempenho (Key Performance contida num instrumento particularmente im-
É sintomático que, dando o maior relevo a Indicators - KPI), com o intuito de aumentar a portante para a gestão da informação, desig-
este novo desafio da gestão do recurso informa- acuidade dos julgamentos acerca da eficiência nado por dicionário de dados.
ção e do potencial disponibilizado pelas novas e da eficácia dos seus programas, processos e A função designada por administração de
tecnologias, as forças armadas dos EUA, tives- pessoas, no cumprimento da sua missão. Con- dados, também incluída no conjunto das res-
sem vindo a introduzir, já em 1997, o conceito tudo, de entre estas organizações, as melhores ponsabilidades da DAGI-CE, diz respeito, en-
de Superioridade na Informação (1), em torno não se limitam à mera recolha e tratamento dos tre outras, às actividades de manutenção do
do qual estabeleceram um quadro concep tual dados acerca do desempenho; em vez disso, dicionário de dados e de definição de normas
de desenvolvimento e projecção no futuro, das usam as medidas de desempenho como meio para a qualidade da informação. A grande im-
suas capacidades operacionais. para desencadear melhorias aos mais diversos portância atribuída ao conjunto das activida-
níveis e para traduzir a estratégia delineada em des executadas no âmbito da administração
BUSINESS INTELLIGENCE acções concretas. Por outras palavras, usam os de dados, decorre não só da necessidade de
indicadores de desempenho como instrumen- garantir a interoperabilidade dos sistemas de
A expressão Business Intelligence é hoje vul- tos de gestão. informação, mas também e sobretudo da im-
garmente utilizada com o sentido de descrever A definição de indicadores de desempenho portância de documentar os dados utilizados,
a capacidade das organizações para utilizarem pode ser uma tarefa particularmente difícil, aten- o que tem uma enorme relevância, quer para
a informação disponível, interna ou externa, dendo a que nem sempre é fácil saber o que garantir as condições de manutenção desses
por forma a tomarem as melhores decisões de medir e como medi-lo, sobretudo considerando sistemas, quer para possibilitar o aproveitamen-
negócio e realizarem acções. Trata-se de con- a necessidade de estabelecer consensos entre to desses dados para o cálculo de indicadores
verter dados em informação e informação em as entidades cujo desempenho será sujeito a de desempenho.
decisões e acções. Existem recentes inquéritos avaliação. Por isso, e também por ter sido am-
da indústria que conduzem à conclusão de que plamente reconhecido que a avaliação do de- ARMAZENAMENTO DE DADOS
mais de 90% dos dados das organizações não sempenho deve ser multi-dimensional (exem-
são utilizados nos processos de tomada de deci- plo: perspectivas financeira, de pessoal, dos A existência de dados potencialmente rele-
são. A consolidação e a organização dos dados processos internos, dos clientes, da aprendiza- vantes para o cálculo de indicadores de desem-
realizada de forma a permitir tomar melhores e gem e crescimento, etc.) e estar alinhada com a penho dispersos por diferentes bases de dados
mais atempadas decisões, pode proporcionar estratégia da organização, tem-se assistido um é uma consequência directa da existência de
vantagens competitivas. Business Intelligence pouco por toda a parte, inclusive em organiza- diversos sistemas de informação, tipicamente
é, assim, muito mais do que uma combinação ções militares como a US Navy e o US Marine servindo necessidades departamentais que fo-
de dados e tecnologia; é sobretudo o modo de Corps, à introdução de modelos genéricos de ram sendo supridas ao longo do tempo, muitas
colocar a informação certa nas mãos do utili- avaliação de desempenho, como o designado vezes com insuficientes graus de integração ao
zador certo e em tempo oportuno para apoiar por Balanced Scorecard (BSC), da autoria de nível global e nem sempre tendo subjacente
o processo de tomada de decisão. David Norton e Robert Kaplan. um dicionário de dados, ou um modelo glo-
16 JUNHO 2003 U REVISTA DA ARMADA