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A MANUTENÇÃO DAS UNIDADES A REMODELAÇÃO Foi colocada recentemente uma enfase espe-
NAVAIS E UAM’S (11) DAS INFRA-ESTRUTURAS cial na segurança, com a realização de inspec-
ções periódicas, e procura-se, na medida do
Enquanto não chegam os novos navios, A Marinha tem afecto um número muito possível, substituir as viaturas mais antigas e
a que atrás aludi, há que manter aqueles considerável de edifícios e outras infra-es- em pior estado.
de que dispomos por forma a assegurar o truturas (12), dispersas por toda a área cos- Na área do material os desafios são hoje
cumprimento das missões. teira do País. muitos, mas também existem muitas opor-
Trata-se de uma tarefa que não é fá- A maioria destes edifícios não foram no tunidades. É sabido que a necessidade agu-
cil quando os recursos não abundam e os passado adequadamente mantidos sendo ça o engenho e que é em tempo de crise que
navios estão na fase final do seu ciclo de presentemente, face à exiguidade dos orça- se fazem reformas. Os tempos, como se sabe,
vida, com muitos equipamentos obsoletos mentos e aos custos elevados das obras de não estão fáceis, mas existe espírito de inicia-
para os quais é muito difícil obter sobres- restauro, uma situação difícil de ultrapassar tiva e capacidade de inovação. E é sempre
salentes. no curto prazo. E acresce que muitos edifícios possível, sem custos, procurar fazer “bench-
A manutenção é assegurada pela DN, têm grande visibilidade, cerca de duas deze- marking”, observando criticamente as solu-
que planeia e coordena, pela DA que pro- nas foram classificados como de interesse pú- ções dos outros.
videncia os sobressalentes e pelo AA que blico e três são monumentos nacionais. Por Embora escassos, os recursos financei-
executa a grande maioria das intervenções, outro lado a racionalização do funcionamen- ros existem e têm vindo a ser atribuídos. E
face à escassez de meios financeiros para to de alguns serviços implica o investimento existem também Oficiais, Sargentos e Pra-
recorrer ao mercado. E pelos Comandos na prévia construção de infra-estruturas sem ças, excelentes profissionais, empenhados e
Administrativos que dão o seu apoio e pe- as quais não é possível alterar a organização determinados e uma visão global do que se
las guarnições das unidades navais, cujo e obter as desejáveis poupanças. pretende atingir no futuro. Razões de sobra,
empenhamento é essencial para o sucesso O fim do serviço militar obrigatório, tornan- convenhamos, para não cruzar braços e ir à
das intervenções. do necessário a ida ao mercado de trabalho luta, procurando paulatinamente resolver os
O funcionamento global desta estrutura disputar os nossos jovens de outras solicita- problemas, convicto de que se cada um, no
tem vindo a melhorar, se observarmos os ções, traz, entre outros aspectos, a necessidade seu metro quadrado, procurar fazer melhor
indicadores relativos ao número de navios de lhes oferecer alojamentos modernos e con- o que deve, teremos seguramente no futuro
prontos face aos recursos disponíveis, fortáveis. O que, como é sabido, nem sempre uma Marinha mais eficaz.
mas não é ainda satisfatório, com alguns existem entre nós. Estão em construção algu- Z
atrasos significativos na execução dos fa- mas cobertas para praças e alojamentos para Alexandre da Fonseca
LÀVðÊ1>ÊÃÌÕ>XKʵÕi]ÊVÌÕ`]ÊKÊjÊ sargentos e oficiais, bem como refeitórios, com VALM
de hoje, antes é recorrente, num dos mais níveis de conforto muito razoáveis, bem su- Notas
auditados e estudados Sistemas da Mari- periores aos do passado. Mas, naturalmente, (1) De um passado próximo, anterior à introdu-
nha. E não deixa de fazer pensar quando muito há ainda a fazer neste campo, designa- ção e generalização do GPS.
(2) Inseridos, respectivamente, nas Revistas da
recomendações de há vinte ou dez anos se damente na recuperação de edifícios antigos. À>`>Ê`iÊÊ ,äÎÊiÊ 1 äΰ
mantêm ainda com plena actualidade. É A renovação do parque escolar, implicando (3) O “produto final” da Marinha pode ser enten-
que as intervenções em apreço tem algum a transferência das Escolas do G1EA de Vila dido como sendo constituído pelas unidades navais,
grau de complexidade e implicam acções Franca para o Alfeite, merece uma menção es- de fuzileiros e de mergulhadores prontas, por servi-
sucessivas que se condicionam. A falta de pecial pelo impacte que poderá trazer. ços de hidrografia e oceanografia, por actividades
do sistema de autoridade marítima e pelas acções
técnicos para afinar as listas de fabricos, Nesta área muito há a esperar de uma pos- de natureza cultural oferecidas ao público.
as dificuldades relativas aos sobressa- sível “Lei de Programação Militar de Infra- (4) Respectivamente “Direcção de Infra-estrutu-
lentes e aos recursos financeiros e a falta estruturas”, que está em estudo no âmbito ras”, Direcção de Navios”, “Direcção de Abasteci-
de capacidade de resposta dos estaleiros do MDN. mento”, “Direcção de Tecnologias de Informação e
Comunicação” e “Direcção de Transportes”
originam atrasos, que se somam nos cami- As tecnologias de comunicação e informa- (5) Lei de Programação Militar, destinada a edifi-
nhos críticos, e impedem o cumprimento ção, de importância estratégica mas grandes car e manter o Sistema de Forças Nacional através de
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ÀÊ consumidoras de recursos, não têm sido esque- programas desenvolvidas ao longo de 18 anos.
afinar das listas de fabricos, a aquisição cidas. Muitas unidades dispõem já de redes (6) PIDDAC - Programa de Investimento de Des-
prévia de sobressalentes e o reforço da estruturadas de microinformática permitindo pesas de Desenvolvimento da Administração Cen-
tral, coordenado pelo Ministério das Finanças.
coordenação são acções em curso, de que a utilização de procedimentos de gestão mais (7) SIFICAP - Sistema de Fiscalização e Contro-
se esperam resultados a prazo. No AA, modernos e eficazes. O programa de moder- lo das Actividades da Pesca, com fundos comuni-
por outro lado, estão a ser feitos esforços nização das comunicações navais, englobando tários, coordenados pelo Ministério da Agricultu-
para alterar o respectivo enquadramento a construção de um novo edifício, um Centro ra e Pescas.
(8) O Sistema Integrado de Gestão de Defesa Na-
legal e a ser identificadas necessidades Multifuncional, no Alfeite, a automatização das cional, (SIGDN) um ERP (enterprise resources plan-
de investimento em equipamentos e estações radionavais, reduzidas a três, duas nas ning) em plataforma SAP R3.
instalações, visando um aumento da Regiões Autónomas e uma no Continente, esta (9) ENVC - Estaleiros Navais de Viana do
produtividade. última utilizando as instalações da Caparica e Castelo.
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Haverá porventura que alterar proce- de Coina, na sequência da assinatura de um torizados em 1992/1993, e a que se juntou o “Save”,
dimentos e a organização, olhando cri- protocolo com a NATO, traz certamente ga- o ultimo navio da classe a ser construído.
ticamente para como outras Marinhas, nhos de produtividade significativos e uma ££®Ê1`>`iÃÊ ÕÝ>ÀiÃÊ`iÊ >À
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com outros condicionalismos e noutras melhoria na qualidade do serviço. de 77, algumas das quais de porte considerável, uti-
circunstâncias, mantém as suas unidades. 1>Ê«>>ÛÀ>Ê>`>]ÊiViÃÃ>À>iÌiÊLÀi- â>`>ÃÊ«i>Ê ]Ê ]Ê /]Ê ÊiÊ <½Ã°
£Ó®Ê1ÊÌÌ>Ê`iÊ£ÇäÈÊvÀ>iÃÌÀÕÌÕÀ>ÃÊV«Ài-
Mas haverá também que olhar para os re- ve, para os transportes, essenciais para as endendo 361 unidades imobiliárias com uma área
cursos atribuídos a esta área fundamental actividades do dia a dia e por vezes esqueci- coberta de 517.392 m2 e uma área bruta de 1.182
da Marinha, quer recursos humanos quer dos quando se trata da alocação de recursos. hectares.
financeiros, pois por maiores que sejam A consequência é existir hoje um parque de (13) O parque automóvel gerido pela DT abran-
o empenhamento e a determinação, que viaturas (13) antiquado, com custos de ma- ge 867 viaturas administrativas das classes viaturas
ligeiras, colectivas, ligeiros mistos, ligeiros de carga
existem, há limiares a partir dos quais não nutenção elevados e de difícil substituição e pesados de carga, “jeeps” e “pick ups”, viaturas
é possível cumprir cabalmente a missão. face à sua dimensão e à escassez de verbas. especiais e motociclos.
REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2003 5