Page 295 - Revista da Armada
P. 295

A MANUTENÇÃO DAS UNIDADES  A REMODELAÇÃO                             Foi colocada recentemente uma enfase espe-
          NAVAIS E UAM’S   (11)             DAS INFRA-ESTRUTURAS               cial na segurança, com a realização de inspec-
                                                                               ções periódicas, e procura-se, na medida do
            Enquanto não chegam os novos navios,   A Marinha tem afecto um número muito  possível, substituir as viaturas mais antigas e
          a que atrás aludi, há que manter aqueles  considerável de edifícios e outras  infra-es-  em pior estado.
          de que dispomos por forma a assegurar o  truturas (12), dispersas por toda a área cos-  Na área do material os desafios são hoje
          cumprimento das missões.          teira do País.                     muitos, mas também existem muitas opor-
            Trata-se  de uma  tarefa que não é  fá-  A maioria destes edifícios não foram no  tunidades. É sabido que a necessidade agu-
          cil quando os recursos não abundam e os  passado adequadamente mantidos sendo  ça o engenho  e que é em tempo de crise que
          navios estão na fase final do seu ciclo de  presentemente, face à exiguidade dos orça-  se fazem reformas. Os tempos, como se sabe,
          vida, com muitos equipamentos obsoletos  mentos e aos custos elevados das obras de  não estão fáceis, mas existe espírito de inicia-
          para os quais é muito difícil obter sobres-  restauro, uma situação difícil de ultrapassar  tiva e capacidade de inovação. E é sempre
          salentes.                         no curto prazo. E acresce que muitos edifícios  possível, sem custos, procurar fazer “bench-
            A manutenção é assegurada pela DN,  têm grande visibilidade, cerca de duas deze-  marking”, observando criticamente as solu-
          que planeia e coordena, pela DA que pro-  nas foram classificados como de interesse pú-  ções dos outros.
          videncia os sobressalentes e pelo AA que  blico e três são monumentos nacionais. Por   Embora escassos, os recursos financei-
          executa a grande maioria das intervenções,  outro lado a racionalização do funcionamen-  ros existem e têm vindo a ser atribuídos. E
          face à escassez de meios financeiros para  to de alguns serviços implica o investimento  existem também Oficiais, Sargentos e Pra-
          recorrer ao mercado. E pelos Comandos  na prévia construção de infra-estruturas sem  ças, excelentes profissionais, empenhados e
          Administrativos que dão o seu apoio e pe-  as quais não é possível alterar a organização  determinados e uma visão global do que se
          las guarnições das unidades navais, cujo  e obter as desejáveis poupanças.  pretende atingir no futuro. Razões de sobra,
          empenhamento é essencial para o sucesso   O fim do serviço militar obrigatório, tornan-  convenhamos, para não cruzar braços e ir à
          das intervenções.                 do necessário a ida ao mercado de trabalho  luta, procurando paulatinamente resolver os
            O funcionamento global desta estrutura  disputar os nossos jovens de outras solicita-  problemas, convicto de que se cada um, no
          tem vindo a melhorar, se observarmos os  ções, traz, entre outros aspectos, a necessidade  seu metro quadrado, procurar fazer melhor
          indicadores relativos ao número de navios  de lhes oferecer alojamentos modernos e con-  o que deve, teremos seguramente no futuro
          prontos face aos recursos disponíveis,  fortáveis. O que, como é sabido, nem sempre  uma Marinha mais eficaz.
          mas não é ainda satisfatório, com alguns  existem entre nós. Estão em construção algu-              Z
          atrasos significativos na execução dos fa-  mas cobertas para praças e alojamentos para   Alexandre da Fonseca
          LÀˆVœÃ°Ê1“>ÊÈÌÕ>XKœÊµÕi]ÊVœ˜ÌÕ`œ]ʘKœÊjÊ sargentos e oficiais, bem como refeitórios, com         VALM
          de hoje, antes é recorrente, num dos mais  níveis de conforto muito razoáveis, bem su-  Notas
          auditados e estudados Sistemas da Mari-  periores aos do passado. Mas, naturalmente,   (1) De um passado próximo, anterior à introdu-
          nha. E não deixa de fazer pensar quando  muito há ainda a fazer neste campo, designa-  ção  e generalização do GPS.
                                                                                (2) Inseridos, respectivamente, nas Revistas da
          recomendações de há vinte ou dez anos se  damente na recuperação de edifícios antigos.   À“>`>Ê`iÊÊ  ,äÎÊiÊ 1 äΰ
          mantêm ainda com plena actualidade. É   A renovação do parque escolar, implicando   (3) O “produto final” da Marinha  pode ser enten-
          que as intervenções em apreço tem algum  a transferência das Escolas do G1EA de Vila   dido como sendo constituído pelas unidades  navais,
          grau de complexidade e implicam acções  Franca para o Alfeite, merece uma menção es-  de fuzileiros e de mergulhadores prontas, por servi-
          sucessivas que se condicionam. A falta de  pecial pelo impacte que poderá trazer.   ços de hidrografia e oceanografia, por actividades
                                                                               do sistema  de autoridade marítima e pelas acções
          técnicos para afinar as listas de fabricos,   Nesta área muito há a esperar de uma pos-  de natureza cultural oferecidas ao público.
          as dificuldades relativas aos sobressa-  sível “Lei de Programação Militar de Infra-  (4) Respectivamente “Direcção de Infra-estrutu-
          lentes e aos recursos financeiros e a falta  estruturas”, que está em estudo no âmbito   ras”, Direcção de Navios”, “Direcção de Abasteci-
          de capacidade de resposta dos estaleiros  do MDN.                    mento”, “Direcção de Tecnologias de Informação e
                                                                               Comunicação” e “Direcção de Transportes”
          originam atrasos, que se somam nos cami-  As tecnologias de comunicação e informa-  (5)  Lei de Programação  Militar, destinada a edifi-
          nhos críticos, e impedem o cumprimento  ção, de importância estratégica mas grandes   car e manter o Sistema de Forças Nacional através de
          >«À>â>`œÊ`œÃÊ«>˜i>“i˜ÌœÃ°Ê1“Ê“i…œÀÊ consumidoras de recursos, não têm sido esque-  programas desenvolvidas ao longo de 18 anos.
          afinar das listas de fabricos, a aquisição  cidas. Muitas unidades dispõem já de redes   (6) PIDDAC - Programa de Investimento de Des-
          prévia de sobressalentes e o reforço da  estruturadas de microinformática permitindo   pesas de Desenvolvimento da Administração Cen-
                                                                               tral, coordenado pelo Ministério das Finanças.
          coordenação são acções em curso,  de que  a utilização de procedimentos de gestão mais   (7) SIFICAP - Sistema de Fiscalização e Contro-
          se esperam resultados a prazo. No AA,  modernos e eficazes. O programa de moder-  lo das Actividades da Pesca, com fundos comuni-
          por outro lado, estão a ser  feitos esforços  nização das comunicações navais, englobando   tários, coordenados pelo Ministério da Agricultu-
          para alterar o respectivo enquadramento  a construção de um novo edifício, um Centro   ra e Pescas.
                                                                                (8) O Sistema Integrado de Gestão de Defesa Na-
          legal e a ser identificadas necessidades  Multifuncional, no Alfeite, a automatização das   cional, (SIGDN) um ERP (enterprise resources plan-
          de investimento em equipamentos e  estações radionavais, reduzidas a três, duas nas   ning) em plataforma SAP R3.
          instalações, visando um aumento da  Regiões Autónomas e uma no Continente, esta   (9) ENVC - Estaleiros Navais de Viana do
          produtividade.                    última utilizando as instalações da Caparica e   Castelo.
                                                                                ­£ä®Ê ,*½Ãʺ >Vˆ˜i»]ʺ<>ˆÀi»Êiʺ Õ>˜â>»]ÊÀi“œ-
            Haverá porventura que alterar proce-  de Coina, na sequência da assinatura de um   torizados em 1992/1993, e a que se juntou o “Save”,
          dimentos e a organização, olhando cri-  protocolo com a NATO, traz certamente ga-  o ultimo navio da classe a ser construído.
          ticamente para como outras Marinhas,  nhos de produtividade significativos e uma   ­££®Ê1˜ˆ`>`iÃÊ Õ݈ˆ>ÀiÃÊ`iÊ >Àˆ˜…>]Êi“ʘ֓iÀœÊ
          com outros condicionalismos e noutras  melhoria na qualidade do serviço.  de 77, algumas das quais de porte considerável, uti-
          circunstâncias, mantém as suas unidades.   1“>Ê«>>ÛÀ>Ê>ˆ˜`>]ʘiViÃÃ>Àˆ>“i˜ÌiÊLÀi-  ˆâ>`>ÃÊ«i>Ê    ]Ê  ]Ê /]Ê   ÊiÊ   <½Ã°
                                                                                ­£Ó®Ê1“Ê̜Ì>Ê`iÊ£ÇäÈʈ˜vÀ>‡iÃÌÀÕÌÕÀ>ÃÊVœ“«Ài-
          Mas haverá também que olhar para os re-  ve, para os transportes, essenciais para as   endendo 361 unidades imobiliárias com uma área
          cursos atribuídos a esta área fundamental  actividades do dia a dia e por vezes esqueci-  coberta de 517.392 m2 e uma área bruta de 1.182
          da Marinha, quer recursos humanos quer  dos quando se trata da alocação de recursos.   hectares.
          financeiros, pois por maiores que sejam  A consequência é existir hoje um parque de   (13) O parque automóvel gerido pela DT abran-
          o empenhamento e a determinação, que  viaturas (13) antiquado, com custos de ma-  ge 867 viaturas administrativas das classes viaturas
                                                                               ligeiras, colectivas, ligeiros mistos, ligeiros de carga
          existem, há limiares a partir dos quais não  nutenção elevados e de difícil substituição   e pesados de carga, “jeeps” e “pick ups”, viaturas
          é possível cumprir cabalmente a missão.  face à sua dimensão e à escassez de verbas.   especiais e motociclos.

                                                                               REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2003  5
   290   291   292   293   294   295   296   297   298   299   300