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O N.R.P. “Vasco da Gama” na Stanavforlant
O N.R.P. “Vasco da Gama” na Stanavforlant
2ª Parte – 01 Abril a 14 Julho 2003
UMA OPERAÇÃO DISCRETA de cargas proibidas, passando a verificar-se das operações de embargo às Repúblicas
uma colaboração directa da NATO com di- da Ex-Jugoslávia, durante a Operação Sharp
No dia 1 de Abril de 2003 a STANAV- versas Agências europeias e nacionais que Guard. Este tipo de acções envolve, directa-
FORLANT assumiu as funções de Task Force tradicionalmente desenvolvem este tipo de mente, uma equipa treinada e especializada
Endeavour, a Força Naval NATO, que, sob investigação, traduzindo-se este facto em de marinheiros, fuzileiros e mergulhadores,
a responsabilidade do Comando das For- acções de abordagem e vistoria a navios para além do emprego do helicóptero orgâ-
ças Navais Aliadas do Sul da Europa (NAV- designados como de interesse. nico e de todo o conjunto de capacidades
SOUTH), tem por missão de vigilância e comando e
a execução da Operação controlo disponíveis neste
Active Endeavour no Me- tipo de navios.
diterrâneo Oriental. À data Operando pela segun-
a Força compreendia, para da vez em pouco mais de
além da Vasco da Gama, oito meses num cenário es-
as fragatas HMS Cornwall sencialmente marcado pela
(Reino Unido), navio-che- ameaça assimétrica, em que
fe, FGS Emden (Alemanha) não é esperada uma ameaça
e USS Halyburton (Estados militar convencional de for-
Unidos), o reabastecedor ças armadas tradicionais, é
FGS Spessart tendo-se jun- a proximidade de costa e a
tado, proveniente de La Spe- presença em portos comer-
zia, a fragata ITS Bersaglie- ciais que expõe os navios
re (Itália). Integraram ainda de guerra a vulnerabilida-
a Task Force Endeavour, por des para as quais não fo-
diferentes períodos, os sub- ram desenhados ou projec-
marinos HNoMS Uthaug tados (2). Nesta disciplina
(Noruega), FGS U16 (Ale- da guerra no mar, em que as
manha) e SPS Galerna marinhas estão ainda a criar
(Espanha), para além de procedimentos e tácticas, a
pequenas unidades turcas e gregas, em ro- A Vasco da Gama, em patrulha em águas Vasco da Gama pôde refinar os ensinamen-
tação quinzenal. do Mediterrâneo Oriental, teve a oportuni- tos colhidos durante o seu empenhamento
Recorde-se que a Operação Active Ende- dade de ser o primeiro navio a efectuar uma do ano transacto, aumentando significativa-
avour é uma operação militar da NATO, no acção deste tipo, o que constituiu um passo mente o grau de preparação para fazer face
âmbito do Artigo V do Tratado de Washing- militar de considerável importância para o a este tipo de situações. Muito treino tem
ton, desencadeada na sequência do pedi- desenvolvimento das operações. Refira-se sido desenvolvido na STANAVFORLANT e
do de apoio dos EUA no combate ao ter- que a condução de abordagem e vistoria no na Marinha de Guerra Portuguesa para pre-
rorismo internacional após os atentados de mar é uma actividade treinada de forma sis- parar os navios e as guarnições na forma
11 de Setembro de 2001, providenciando temática pelas unidades navais da Marinha de lidar e contrariar estas novas ameaças,
uma demonstração tangí- aumentando significati-
vel em termos de acção vamente o seu potencial
e presença naval no Me- combatente.
diterrâneo Oriental, atra- Após dois anos de par-
vés do empenhamento ticipação nacional na
em permanência de uma Operação Active Endea-
das suas Forças de Reac- vour poder-se-á pergun-
ção Imediata no combate tar quais as vantagens do
contra o terrorismo. No empenhamento de na-
início de Março passado vios neste Teatro de Ope-
a área de operações foi rações. A resposta poderá
estendida ao Estreito de ser dada sob três aspectos
Gibraltar e suas aproxi- distintos.
mações, não em respos- Em primeiro lugar o
ta a qualquer ameaça es- apoio e solidariedade
pecífica, mas como um para com um dos Esta-
empenhamento na ma- dos-membros, através da
nutenção da segurança, invocação do Artigo V do
liberdade de navegação Tratado do Atlântico Nor-
e livre passagem neste estreito de elevada de Guerra Portuguesa, que se encontram há te, juntamente com a participação activa na
importância estratégica (1). Presentemente o largos anos familiarizadas e adestradas nes- luta contra o terrorismo, numa demonstra-
campo de acção foi alargado ao combate a tes procedimentos. Realça-se o facto das fra- ção clara de coesão.
actividades criminais como o tráfico huma- gatas desta classe terem conduzido cerca de Em segundo lugar a manutenção da segu-
no, a imigração clandestina e o transporte 3 centenas de acções do género, no âmbito rança e liberdade de navegação no Estreito
10 SETEMBRO/OUTUBRO 2003 U REVISTA DA ARMADA