Page 272 - Revista da Armada
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Os anos de ouro do “Tiro de Pistola”
Os anos de ouro do “Tiro de Pistola”
na Marinha
na Marinha
ode dizer-se que o “tiro de pisto-
la” de alta competição na Marinha
Pnasce com o impulso do CMG José
Manuel Fiadeiro, então Director do Cen-
tro de Educação Física da Armada. Assim,
no princípio dos anos 70 surge o 1SAR FZ
Madail que se sagra Campeão Nacional.
Este militar foi então a «lebre» para a mo-
tivação e arranque de uma equipa de “tiro
de pistola” na Marinha. Para além do per-
cursor atrás referido, destacamos aqueles
que foram os mais representativos em
termos de resultados: CMG EMA Ferrei-
ra Neto, CMG Alvarenga Rua, CFR Trigo
Allen, 1TEN OT Oliveira Neves e SCH R CMG EMA Francisco Ferreira Neto. CMG Mário Alvarenga Rua. CFR Guilherme Trigo Allen
José Martins. Por volta dos anos 90, após
inúmeros sucessos desportivos, foi o adeus
às armas.
Foram 15 anos de verdadeira glória para
o tiro desportivo com pistola na Marinha,
interpretados por aqueles seis atiradores
que – por quatro continentes, desde as
competições do âmbito interno, Forças
Armadas, Nacional, CISM (Conselho In-
ternacional do Desporto Militar) e Olím-
picas – granjearam incontestável prestígio,
sem paralelo noutra modalidade, e eleva-
ram ao mais alto nível o nome da Marinha
e de Portugal.
Hoje seria difícil contabilizar os feitos 1TEN OT Joaquim Oliveira Neves. SCH R José Martins. 1SAR FZ Henrique Madail.
dos nossos atiradores, mas não se ficará
longe da verdade referir: uma participação da actividade dos nossos atiradores, fomos onde me forneceram o material, armas,
olímpica, inúmeros recordes da Marinha, ouvi-los e perceber um pouco da sua his- munições e acessórios de boa qualida-
das Forças Armadas e Nacionais – alguns tória pessoal... de, indispensáveis à manutenção de uma
deles mantiveram-se durante vários anos equipa de alta qualidade. Considero ain-
– vários títulos de Campeões das Forças CMG Francisco José Ferreira Neto da que, melhor que os apoios, o segredo
Armadas e Nacionais de 1ª Categoria, nas 59 anos, professor da Escola Naval foi ter as pessoas certas com o perfil certo
disciplinas de grosso calibre, velocidade no local certo, como foi o caso do Coman-
olímpica, standard, livre, e pressão de ar. Quando era miúdo já fazia armas rudi- dante Fiadeiro.
Três décadas volvidas depois do início mentares para alvos improvisados. Mais Olhando para trás revejo-me nos Jogos
tarde recordo os Olímpicos de 1984: fiz 586 pontos, quan-
tempos em que do as medalhas de ouro e de bronze foram
o Tenente Pas- «sacadas» com 595 e 591... Guardo ainda a
coal Rodrigues memória em 1962 do meu Recorde Nacio-
nos levava a fa- nal na modalidade de velocidade olímpi-
zer tiro na mata ca: 591 pontos.
do Alfeite, onde Para mim o tiro é um desporto especial
me apercebi que em que não existe um adversário propria-
tinha algum «jei- mente dito, mas onde nós podemos medir
to», factor que eu e avaliar as nossas capacidades mentais,
reconheço como técnicas e físicas. Dá-nos ainda a possibili-
uma ajuda precio- dade de viver num grupo onde a norma é a
sa para quem se amizade, a correcção e a camaradagem.
inicia nesta mo- Recentemente e em conjunto com o
dalidade. técnico Rogério Fernandes, produzimos
A Marinha deu- os protótipos de 4 pistolas e 1 carabina,
-me sempre todo tendo as patentes de dois desses projec-
o apoio que pre- tos sido vendidos no estrangeiro. Escrevi
Equipa de “Tiro de Pistola” da Marinha no Campeonato das Forças Armadas - 1982.
Da esquerda para a direita: José Martins, Alvarenga Rua, Oliveira Neves, Trigo Allen e cisei, nomeada- recentemente um livro sobre tiro ao alvo,
Ferreira Neto. mente no CEFA, cuja publicação mereceu o patrocínio do
18 AGOSTO 2004 U REVISTA DA ARMADA