Page 260 - Revista da Armada
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tantes Almirantes, o da Bretanha, o da Guyen-  der. A partir de 1671 começou o seu rápido de-  Notas:
         ne e o da Provença, indemnizando, suprimin-  clínio, e também a Marinha caiu, quase nada   1  Homero, (Séc. IX a.C.), Odisseia, Lisboa, Livros
         do ou fazendo exilar quem se opunha. Assim,  restando em 1711”.       Cotovia, 2003, pp. 183-4 e 375-6.
                                                                                 2  Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, Bra-
         esta reestruturação permitiu a Richelieu assu-  Isto justifica a afirmação anteriormente feita   sília, Editora Universidade de Brasília, 1982, p. 34.
         mir o governo dos portos e ir exercendo gradu-  de que a França teve poder marítimo durante   3  Tucídides, op. cit. p. 366.
         almente a autoridade sobre todo o litoral.  curtos períodos, por decisão política e não por   4  Serrão, Joel, Dicionário de História de Portugal,
           Iniciou então a construção de uma Mari-  tradição ou cultura marítima da nação.  Lisboa, volume I, 1963, p. 102.
                                                                                 5  Pessoa, Fernando, Mar Português, Mensagem,
         nha digna desse nome, tendo sempre em vis-  Mas há outra faceta da mentalidade conti-  Lisboa, Edições Ática, 13.ª ed., 1979, p. 70.
         ta, como escreveu no seu Testamento Político,  nental dos chefes franceses com certo interesse   6  Nemésio, Vitorino, O Mar, Panorama, Lisboa, Se-
         que “a força das armas requer não somente  e pouco conhecida.         cretariado Nacional da Informação, Cultura Popular
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         que o Rei seja forte em terra como também   Vauban  foi um extraordinário engenheiro   e Turismo, n.º 7-8, 1953.
         poderoso no mar” .                 e notável militar, que atingiu o posto de Ma-  7  Cidade, Prof. Doutor Hernâni, O Mar na Forma-
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           Era um ensinamento que Richelieu bem po-  rechal da França. Construiu vários arsenais de   ção e Robustecimento, na Defesa e Ilustração de Portugal,
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         deria ter ido buscar à política desenvolvida pe-  marinha, defendeu a costa atlântica com mui-  da Cultura Portuguesa, pp. 25 a 38.
         los nossos maiores no Índico: D. Francisco de  tas fortalezas e praças-fortes e foi-lhe conce-  8  O apogeu das campanhas mongólicas na Euro-
         Almeida e Afonso de Albuquerque.   dido o posto de Tenente-General da Marinha   pa (Canado da Horda de Oiro), até quase ao Adri-
           A sua morte foi logo seguida da de Luís XIII.  Honorário (“pour l’honneur”).  ático e à fronteira do Império Germânico, situa-se
         Nos onze anos de regência da rainha Ana de   Depois da batalha de La Hogue e perante a   entre 1237 e 1242.
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         Áustria e durante o governo de Mazarino,  superioridade das esquadras inimigas da In-  Relógio d’Água, 1987, p. 22.
         dado o pouco interesse pelas coisas do mar e  glaterra, da Holanda ou de Espanha, foi Vau-  10  Mendonça, Henrique Lopes de, Tradição Marí-
         a redução dos orçamentos, tudo rapidamen-  ban quem teve a ideia e pela primeira vez or-  tima de Portugal (Conferência proferida a bordo do
         te se perdeu.                      denou a guerra de corso. A um navio corsário   cruzador “Adamastor”, no dia 5 de Novembro de
           Quando Colbert subiu ao poder (1661), já  chamavam, muitas vezes, “um Vauban”.  1915), Lisboa, Imprensa Nacional, 1915, p. 8.
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         com Luís XIV, a França, praticamente, não ti-  Esta mesma atitude, própria de uma menta-  e membro da Real Academia Española, Lo naval : en el
         nha Marinha.                       lidade continental, foi repetida por Napoleão,   98… y hoy, El País, 1 de Junho de 1998, p. 4.
           Colbert pouco tinha contactado com Riche-  nomeadamente depois de Trafalgar, e tam-  12  Armand-Jean Du Plesis de Richelieu, n.1585-
         lieu, mas era seu grande admirador e dele re-  bém por Hitler logo no princípio da guerra,   f.1642, Cardeal em 1622.
                                                                                 13  João Baptista Colbert, n.1619-f.1683.
         cebeu o entusiasmo pela Marinha .   durante e após a perseguição e afundamento   14  Roncière, Ch. De la, e Clerc-Rampal, G., Histoi-
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           De 1661 a 1671, mandou construir 111 navios  do “Bismarck”.         re de La Marine Française, Paris, Librairie Larouse,
         de linha, 22 fragatas, 39 charruas e 16 brulotes.   Em Portugal, bem lamentamos o total es-  1934, p. 160.
         Em 1670, quando começou a guerra contra a  quecimento a que os governos das últimas   15  Cf. Bluche, François, Richelieu, Mem Martins,
         Holanda, a França tinha uma Marinha de 120  três décadas, pelo menos até 2003, votaram   Europa-América, 2003, pp. 132, 139 e 377.
                                                                                 16  Cf. Castagnos, Pierre, Richelieu Face à la Mer,
         navios de linha, 25 fragatas, 24 brulotes, 25  os assuntos do mar.    Editions Ouest-France, 1989, p. 279.
         charruas, 5.450 oficiais, 21.632 marinheiros e                      Z    17  Haffner, Notre Histoire Maritime, Paris, p. 22.
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         13.121 soldados .                                 António Emílio Sacchetti  18  Vauban, Sébastien Le Prestre de, n.1633-f.1707.
           Foi curta a permanência de Colbert no po-                     VALM  Esteve em Portugal em 1642 e 1643.

           Visita do Vice-Almirante Ding Yping, da Marinha do
           Visita do Vice-Almirante Ding Yping, da Marinha do
           Exército de Libertação da China, ao Almirante CEMA
           Exército de Libertação da China, ao Almirante CEMA

         O                                                                       Foto SAR FZ Silva  Chefe do Estado-Maior da Marinha Chi-
               VALM Ding Yping foi recebido
                                                                                  nesa que teria muito gosto em recebê-lo
               pelo Almirante CEMA no passa-
                                                                                  em Portugal, quando oportuno.
               do dia 19 de Junho, como coro-
         lário da visita da Delegação da Marinha                                    O ALM CEMA lamentou não ter sido
         Chinesa à Marinha Portuguesa.                                            ainda possível reciprocar a visita efectu-
           Esta visita decorreu dos contactos políti-                             ada pelo navio chinês a Portugal há qua-
         cos havidos aquando da visita do MDN à                                   tro anos (DDG 113 – QINGDAO - visitou
         China e focalizou-se no sistema de forma-                                Lisboa entre 10 e 14 de Julho de 2002),
         ção e no complexo escolar da Marinha.                                    prometendo tudo fazer para enviar um
           O encontro decorreu em tom cordial,                                    navio à China logo que se apresente uma
         tendo o ALM CEMA recordado um en-                                        oportunidade.
         contro prévio com o VALM Yping, ao                                         O VALM Yping respondeu dizendo da
         que este retorquiu de imediato que esse                                  honra que a China terá em receber a visita
         primeiro encontro ocorreu em Bruxelas, quando o ALM CEMA co-  de um navio português tanto em Xangai como em Shintao, referindo os
         mandava a SNFL.                                      Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, e a Exposição Mundial de 2010,
           O VALM Yping começou por agradecer a visita à ETNA e Escola Na-  em Xangai, como excelentes oportunidades para visitar a China.  Refe-
         val, e as apresentações que lhe foram efectuadas, no âmbito da forma-  riu ainda que, durante a visita à Escola Naval pôde observar, na sala de
         ção, classificando-as como muito úteis e enaltecendo a disponibilidade  Macau, uma pintura que retrata a chuva da Primavera em Qiling, local
         do CALM Vilas Boas Tavares, que acompanhou a delegação chinesa  que não poderia deixar de fazer parte da visita do ALM CEMA.
         durante toda a visita.  Lamentou apenas que o pouco tempo não tivesse   Por fim o ALMCEMA agradeceu a visita da delegação chinesa à
         permitido aprofundar mais algumas questões.  Em seguida, transmitiu  Marinha, regozijou-se pelo reencontro com o VALM Yping e manifes-
         ao ALM CEMA o convite formulado pelo seu homólogo chinês para  tou a disponibilidade da Marinha para aprofundar a cooperação com
         visitar a China quando oportuno, o que o ALM CEMA agradeceu, acei-  a Marinha chinesa no quadro dos intercâmbios políticos e militares
         tando, importando agora encontrar o período adequado para o efeito.   entre os dois países.
         Por sua vez, o ALM CEMA pediu ao VALM Yping que transmitisse ao                                       Z

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