Page 261 - Revista da Armada
P. 261

VALORES, IDENTIDADE E MEMÓRIA                                                                 5

                               A Nossa Revista


               Revista da Armada comemora este mês o seu 35º aniver-  dinâmica positiva e produtiva que caracteriza a acção da Marinha
               sário, uma idade adulta, já madura, bem visível na qua-  e dos marinheiros em prol do País. Assim acontece porque, nos
         A  lidade do seu conteúdo e na solidez do seu contributo  seus 400 números e, em cada um deles, a Nossa Revista é um ba-
         para desenvolver e divulgar os valores, a identidade e a memó-  nho de intensa atmosfera identitária, evidenciada por três factos.
         ria da Marinha.                                      Em primeiro lugar, a Nossa Revista é absolutamente da Armada,
           Foi criada por iniciativa do almirante Manuel Pereira Crespo,  nas ideias especiais, nos sentimentos específicos, nos modos de
         um dos mais distintos e prestigiados oficiais da sua geração. Mi-  expressão particulares e completamente marinheiros. Em segun-
         nistro de impulsos construitivos puros, ao ser-lhe submetida a  do lugar, a Nossa Revista acolhe trabalhos de marinheiros que se
         ideia de criar uma revista, não só a aprovou prontamente, como  esmeram naquilo que fazem, gente que exprime, representa e in-
         escolheu o nome, apontou cami-                                               terpreta a Marinha com garbo e
         nhos, prometeu apoios e estabele-                                            lustre. Em terceiro lugar, a Nossa
         ceu as directivas que permitiram                                             Revista manteve-se sempre cons-
         ao pequeno grupo constituído                                                 cientemente marinheira, plural,
         inicialmente pelo capelão Soa-  05",)#!£²/ /&)#)!, $! -!2).(! s .Ž     s !./ 8886)  AGOSTO      s -%.3!, s € 1,    sóbria e humanizada, tanto nos
         res Cabeçadas e pelo comandan-                                               momentos de sucesso, como nos
         te Sousa Machado concretizar                                                 períodos mais ou menos com-
         essa tarefa.                                                                 plexos da vida da Instituição. Na
           De 1971 à actualidade a Re-                                                preservação desta atmosfera iden-
         vista da Armada acompanhou a                                                 titária tiveram papel relevante os
         evolução dos tempos e moderni-                                               seus directores, cujos critérios edi-
         zou-se. Cresceu e mudou de vi-                                               toriais se pautaram sempre pela
         sual. Sofreu algumas alterações                                              novidade, elevação e grandeza.
         na forma, resultantes de ter per-                                            Novidade, na originalidade dos
         dido a simplicidade da infância                                              assuntos tratados. Elevação, no
         e da adolescência. Adqui riu uma                                             conteúdo redactorial geral. Gran-
         beleza plenamente desenvolvi-                                                deza, no intransigente propósito
         da, que começa no seu explên-                                                de bem servir a Marinha. É a har-
         dido grafismo e continua pelos                                                moniosa gestão destes três facto-
         óptimos textos, seleccionados                                                res que tem permitido alimentar
         com rigor e exigência, como se,                                              e irradiar a identidade dos mari-
         de cada um deles, dependesse a                                               nheiros, representada num concei-
         reputação da Marinha. Porém, o                                               to geral do que é pertencer à Mari-
         aspecto de maior excelência é a                                              nha e do modo que temos de ser,
         forma consciente como cultiva e                                              exprimir e agir.
         difunde tudo o que há de forte e                                               A função da Nossa Revista
         perene na Marinha: os valores, a                                             como memória institucional foi
         identidade e a memória. E é isso                                             evidenciada recentemente pelo
         que, hoje, vamos exaltar.                                                    seu actual Director, quando escre-
           Quem lê a Revista facilmente                                               veu que a Revista da Armada cons-
         reconhece que o seu conteúdo,                                                titui hoje uma fonte de informação
         elaborado por autores quase ex-                                              indispensável, nomeadamente para
         clusivamente marinheiros, estimula os valores próprios da Mari-  todos aqueles que servem na Marinha, oficiais, sargentos, praças e civis,
         nha. A cultura marinheira é alimentada por análises aos proble-  que apesar de prestarem serviço nos navios e em organismos em terra,
         mas da Instituição, onde são apresentadas perspectivas que tiram  não se apercebem muitas vezes do que se vai passando na Corporação.
         partido da vocação marítima, da competência técnica e científica,  E também para aqueles que serviram na Marinha, desde os que aqui
         e do sentido de serviço na acção prática, que são impares na Ma-  estiveram um par de anos, em serviço militar obrigatório, até àqueles
         rinha. A postura marinheira é enfatizada pelo aprumo militar e  muito saudosos, que por aqui passaram uma vida e que, agora, ansiosa-
         pela atitude positiva relativamente às exigências do serviço, so-  mente aguardam todos os meses a chegada da Revista para recordarem a
         bretudo as mais difíceis, e que são a marca do marinheiro, em  sua Marinha. E ainda os que, através dos tempos, por qualquer motivo,
         terra ou no mar. Os seus exemplos são de esperança e confiança  vieram a ter conhecimento da Revista, gostaram, e a ela ficaram ligados.
         no futuro, e de apelo à determinação e à preserverança nas deci-  Acrescento apenas a utilidade que tem para todos aqueles que
         sões e nos esforços para vencer as dificuldades. A conduta mari-  estudam a História da Marinha nos últimos 35 anos. Por relatar,
         nheira, ligada à honestidade de procedimentos, à perfeição dos  com oportunidade e rigor, os factos, informa-nos do estado de
         desempenhos, à correcção do comportamento pessoal e ao sen-  vitalidade em que se encontrou a Marinha. Não apenas a maior
         tido de responsabilidade, é enaltecida pelos exemplos da forma  ou menor prosperidade da força naval, coisa importante, mas fí-
         como, na Marinha, são executadas as ordens e os resultados ob-  sica. Também, a capacidade institucional de criar novas ideias e
         tidos, como o marinheiro defende dignamente as suas posições  processos, e de realizar acções adequadas a servir melhor o País.
         e a atenção que todos devemos ter para com as pessoas que, con-  Por isso, a sua leitura revela-nos, com admirável simplicidade e
         nosco, servem o País na Marinha.                     clareza, o que a Marinha era e espera ser.
           Quem sai já não pode sentir directamente a Marinha. Porém,   A Nossa Revista é uma referência institucional! Que permaneça
         a Nossa Revista permite que a compreenda de longe e que man-  como motivo de orgulho, pela forma competente como fomenta e
         tenha vivos os laços de amizade e solidariedade que aqui criou.  cultiva os valores, a identidade e a memória da Marinha.
         Aos que cá estão fomenta a solidariedade intergrupal, essencial à                                     Z
                                                                                       REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2006  7
   256   257   258   259   260   261   262   263   264   265   266