Page 130 - Revista da Armada
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tos e enquanto atracados... nova para pensar em ter filhos. para o mar sempre de modo tão imprevisto
RA – Falamos, pois, de Ameaças Assimé- RA – Sem dúvida! A idade de risco é lá quanto possível, de dia ou de noite, muitas
tricas? para os trinta e tal... vezes a altas horas.
CGA – Isso. Em alguns dos casos, en- Diga-nos (esta pergunta já lhe deve ter RA – E como resolvem o problema das
quanto estão atracados fica uma lancha ao sido feita muitas vezes), o que a motivou refeições?
largo do navio, pronta a intervir se se notar para vir para a Armada? CGA – Na Base estamos abonados à BNL.
alguma aproximação inesperada e durante CGA – Estava a tirar o 12º ano e a Escola A bordo, durante as missões, gerimos o Sub-
o tempo que for necessário a ponto de ser- Naval convidava alunos a visitá-la. Sou de sídio de Alimentação comendo a bordo mas
mos rendidos por outra lan- fazemos o possível por tomar
cha. Nos movimentos a nos- as refeições atracados pois o
sa acção decorre nas águas navio balança muito... sim,
próximas em torno do navio sim, o almoço e o jantar...
em causa. todos cozinham e como so-
RA – Não há muito tempo mos apenas oito tudo corre
observámos uma situação bem. Temos, aliás, uma es-
idêntica junto à Barra mas cala entre as praças, grupos
havia também, pareceu-nos, de dois, que se revezam e se
uma lancha da Polícia Ma- entre-ajudam.
rítima... RA – Boa altura para nos
CGA – Na saída, ou entra- dizer algo sobre a guarni-
da, o acompanhamento é fei- ção.
to por uma lancha da PM nas CGA – Tenho um sargento
águas interiores, até à Linha e seis praças, uma de cada
Entre Torres, e daí para diante classe. O sargento é de Má-
é feita por uma lancha da Ar- quinas e tem como adjun-
mada. O que deve ter obser- to um marinheiro Condutor
vado era a passagem do testemunho que Coimbra, de onde viemos de autocarro, e, de Máquinas. Depois, um cabo e um mari-
ocorre nessa altura. cá, fizeram-nos um briefing sobre a carreira e nheiro de Manobra (o cabo é o Mestre do
RA – Confere, de facto. E? quais as classes e as habilitações necessárias navio), um cabo Comunicativo, oriundo de
CGA – Além disso temos as missões Pas- e quantos anos durava o curso. Foi assim. Sinaleiro, um marinheiro Artilheiro e um
sex, que é um exercício com forças que pas- RA – Mas o que é que mais a impres- Electrecista.
sam ao largo e que pedem a colaboração da sionou? Quando me perguntou pela reacção do
nossa Armada. Podemos simular ataques de CGA – O que mais me impressionou foi pessoal não me ocorreu dizer que o facto
lanchas rápidas. ser um emprego diferente, militar, que tem de sermos uma pequena guarnição nos apro-
RA – Sim!? Qual é a velocidade máxima regras, e como nunca pus barreiras, até por- xima muito mais que nos navios maiores e
da lancha? que tenho muitos primos com quem convi- que, conhecendo-nos melhor, se consegue
CGA – Podemos dar 26 nós mas tudo via, isso levou-me a pensar que não tinha um trabalho em equipa mais eficiente. É as-
depende do estado de limpeza do casco que ser uma profissão exclusivamente para sim em todas as Lanchas.
e outros factores, como a meteorologia, a homens. Acontece também que o meu pai RA – Acreditamos sem dificuldade. A
aguada e o nível do combus- «distância» é uma barreira
tível. Acabada de sair do Ar- que cria outras barreiras.
senal é espectável que dêem E a operação com o bote?
mais. Já aconteceu atingirem Como é feita?
os 30 nós! CGA – Temos duas equi-
RA – Bastante bom para pas, uma por bordada, que
as missões de Fiscalização! vai a bordo das embarcações
Já ocorreram situações de de pesca proceder às Visto-
perigo! rias. São constituídas por três
CGA – Não. De facto não homens, o condutor da semi-
ocorreram. rígida e os que, devidamente
RA – Antes assim! preparados, vão a bordo vis-
CGA – (Risos). Estamos toriar. Na lancha ficam, além
preparados para o que der do comandante e do sargen-
e vier... to, os restantes três.
RA – Entretanto ... casou- RA – Temos a certeza de que
-se? Não nos diga que o seu a nossa conversa se poderia
marido é oficial da Armada? estender. Agradecemos a sua
CGA – (Mais risos) É mesmo! Conhece- fez o serviço militar na Armada e falava-me colaboração por todas as razões plausíveis e,
mo-nos na Escola Naval onde fomos cama- com muita saudade e muito gosto do tem- pelo modo expontâneo, desembaraçado e sen-
radas de curso. po em que esteve cá. Tudo isto contribuiu sato com que nos respondeu, ficamos seguros
RA – Por outros casos que conhecemos, muito. de que a «Sagitário» (27 metros e 94 tonela-
isso pode ser um desencontro... total. RA – Muito interessante! das de Deslocamento) e a sua Guarnição es-
CGA - Ele é de Administração Naval e está Não falámos ainda das missões em si. tão muito bem entregues. Que tudo permita
desembarcado há já cerca de um ano. Mas Quanto duram? evidenciar as suas qualidades, são os nossos
temos sabido conciliar a nossa vida com as CGA – As missões da Zona Marítima do votos e, certamente, de toda a Armada.
nossas carreiras navais. Centro, as mais frequentes, são normalmente Z
RA – Ainda não têm filhos. Como é jovem de 8 dias e como não devemos ser rotinei- Dr. Rui Manuel Ramalho Ortigão Neves
podemos perguntar-lhe que idade tem. ros, pois isso iria denunciar a nossa presen- 1TEN
CGA – Tenho 26 anos. Sou ainda muito ça nas áreas de fiscalização, planeamos sair Fotos CAB L Figueiredo
20 ABRIL 2007 U REVISTA DA ARMADA