Page 306 - Revista da Armada

Em Novembro de 1946 ao completar oito de Estado da Aeronáutica, no âmbito do qual Na sequência do êxito por ele alcançado em
anos consecutivos de comando é finalmente são criadas as Forças Aeronavais. Aveiro com a criação da esquadrilha A/S de
louvado pela forma altamente honrosa e brilhante As suas elevadas qualidades e experiência “Helldiver”, sucesso esse que despertou inte-
como tem desempenhado a sua importante comissão profissional levam a que seja convidado para resse nos comandos NATO, o Montijo recebeu,
de serviço pondo em foco dotes e virtudes de nature- assumir o comando do Montijo. Em Janeiro de logo em 1953, os primeiros bimotores “PV2
za extraordinária, sendo-lhe concedida a meda- 1953 é promovido a capitão-de-fragata, consi- Harpoon” com as quais consolidou a Esco-
lha militar de prata de serviços distintos. derado em comissão extraordinária ingressa no la de Pilotagem A/S, nela desempenhando
Os anos passam e Cardoso de Oliveira ele- quadro privativo do Subsecretariado de Estado não só as funções de director como também
va a tão altos níveis a operacionalidade da sua da Aeronáutica e em Fevereiro toma posse do as de instrutor.
unidade que, quando em Abril de 1949 Portu- seu novo comando, o da Base Aérea nº 6, assim Sucedem-se então testemunhos de reconhe-
gal integra a NATO, ali fica baseada a esqua- passaram a ser designadas as instalações aero- cimento pelo seu comando e pela eficácia dos
drilha de aviões anti-submarinos aviões do Montijo.
(A/S), “Helldiver SB2C-5”; apare- Assim, em 1954 da sua folha de
lhos que tinham contribuído para a assentamentos constam dois lou-
vitória americana no Pacífico sobre vores. O primeiro porque através das
os japoneses. A integração deste tipo dificuldades resultantes da criação de
de aviões na Aviação Naval é extre- uma nova unidade tem sabido orientar
mamente rápida, facto que muito a sua preparação com muita perseveran-
prestigia o Centro de Aveiro. ça e energia obtendo resultados franca-
Em 1950 voando em aviões “Bee- mente apreciáveis num campo em que
chcraft” vai, com oficiais recém bre- as suas excelentes qualidades de carác-
vetados, à Guiné e a Cabo Verde e ter, decisão e lealdade e os seus méritos
no mês de Dezembro efectua-se o de oficial muito distinto mais uma vez se
13º e último curso de pilotagem na evidenciaram, louvor que motivou a
Escola de Aviação Naval, cujo valor concessão da medalha de prata mi-
era publicamente reconhecido em litar de 1ª classe. O segundo louvor
1952 pelo Comandante Superior das por com a sua inteligência e grande de-
Forças Aéreas da Armada ao louvar Centro de Aviação Naval de Aveiro, S. Jacinto, em 1940. dicação profissional ter impulsionado os
Cardoso de Oliveira pela forma como elementos de combate da sua unidade e
vem desempenhando o cargo de Co- pela primeira vez poderem tomar parte
mandante da Escola de Aviação Naval em exercícios internacionais de coopera-
Almirante Gago Coutinho que mercê ção aeronaval cumprindo eficientemente
do seu exemplo, espírito de disciplina e as missões a seu cargo elevando assim
compreensão nítidas das obrigações de no conceito dos altos comandos o valor
Comando, muito tem contribuído para o e a proficiência da Força Aérea Portu-
estado de disciplina e eficiência em que a guesa e em especial das Forças Aéreas
mesma Unidade se encontra, sendo-lhe Operacionais.
atribuído o grau de Comendador da Em 1955 é promovido a capitão-
Ordem Militar de Cristo. de-mar-e-guerra e os “PV2 Harpo-
A criação de uma Aviação Militar on” da esquadrilha do Montijo vão
unificada já era discutida na então alcançando assinalados sucessos em
Assembleia Nacional desde finais exercícios internacionais.
da II Guerra Mundial e por isso É novamente louvado em 1957
nesse ano de 1952 aquela medida Base Aérea do Montijo em 1952. pela previsão e segurança com que ela-
é concretizada. A Aviação Naval é borou as determinações relativas à orga-
extinta e por consequência todas as nização dos serviços quando da aterra-
suas unidades passam para o recém gem no Montijo do avião que conduzia
criado Subsecretariado de Estado da SM Britânica ... com evidente prestígio
Aeronáutica. para a Força Aérea que serve com dedi-
Cardoso de Oliveira após 26 anos cada competência e reconhecida capaci-
ao serviço da Aviação Naval, a mais dade de chefe e ao completar o 4º ano
longa carreira de um aviador naval, de Comando o Comandante da 1ª
dos quais 18 como comandante da Região Aérea, de quem dependia
respectiva Escola, termina o co- hierarquicamente, no louvor que lhe
mando sendo louvado pela forma concede considera-o um dos elemen-
notável como o desempenhou no tos que mais tem contribuído interna-
qual evidenciou superiores qualidades cionalmente para o bom nome da Força
de chefe, de organização militar, o que Capitão-de-fragata Cardoso de Oliveira, Comandante da Base do Montijo quando Aérea Portuguesa em geral.
da visita de um oficial do RAF.
tornou possível elevar a Escola ao alto Facto curioso. Um oficial da Ar-
nível que atingiu, prestando assim a Armada servi- navais do Montijo. A Aviação Portuguesa não mada era um dos principais pilares do prestí-
ços considerados distintos e agraciado com uma podia prescindir dos serviços de um símbolo gio e reconhecimento da Força Aérea, o novo
segunda medalha militar de prata de servi- da Aviação Naval e aquele que tinha sido o seu ramo das Forças Armadas. O que teria sido a
ços distintos. indiscutível líder máximo operacional. Aviação Naval com um dos seus Centros no
Entretanto as infraestruturas aeronáuticas No Comando do Montijo, para onde foi pro- Montijo comandado por Cardoso de Oliveira?
do Montijo, cuja construção estava prestes a gressivamente transferido o pessoal de Mari- Mas a História não se faz de cenários baseados
terminar e que tinham sido inicialmente con- nha que prestava serviço nas várias unidades em hipóteses colocadas fora do tempo.
cebidas para a relocalização do Centro de Avia- da extinta Aviação Naval, mais uma vez Car- A ideia política de então era criar um 3º
ção Naval de Lisboa, devido à nova organiza- doso de Oliveira irá demonstrar a sua excep- Ramo totalmente independente e por esse
ção da Aviação, passam para o Subsecretariado cional craveira profissional. facto a existência das denominadas Forças Ae-

16 SETEMBRO/OUTUBRO 2008 U REVISTA DA ARMADA