Page 115 - Revista da Armada
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AOS CADETES DA ESCOLA NAVAL                                                                   2



            Servir a Pátria com Espírito Militar
            Servir a Pátria com Espírito Militar


              ervir a Pátria com espírito militar  nalidade de cada cadete da Escola Naval,  ras funções. Se assim acontecer, como
              é o ideal cimeiro que deve regu-  das três forças que suportam, nutrem e  oficial da Armada manter-se-á fiel à sua
         Slar a expressão das aspirações e  animam o espírito militar: a disciplina;  carreira, sem despropósitos materialistas
         a materialização da vontade de todo o  a lealdade; e a coragem.       e com gosto pelo trabalho.
         cadete da Escola Naval, para que: sejam   A disciplina é essencial ao espírito mi-  Com efeito, todo o oficial da Armada
         correctos os caminhos que escolhe e per-  litar, na medida em que apela: à vonta-  que tem espírito militar, empenha-se no
         corre na satisfação dos seus anseios de  de de aprender com os exemplos justos  serviço da Pátria, sem se envolver em
         realização pessoal e profissional; exista  e honrados; ao cumprimento das ordens  nada que não contribua para esta fina-
         determinação na força que o impele ao  dos superiores hierárquicos, aceitando a  lidade superior. Mantém-se assim, para
         cumprimento dos deveres de militar e  sua autoridade; ao respeito à lei, à ordem  não perder a qualidade profissional,
         de cidadão; haja um foco gerador de es-  e aos costumes da sociedade portuguesa.  nem a consideração pública conquista-
         tímulos e esperança, que determina a sua  Também é a disciplina que leva os mili-  das à custa, quer de trabalho sério, útil e
         conduta pública e privada.         tares a desenvolver a cultura de mérito,  abnegado, quer dos exemplos virtuosos
           É obrigação de todo o professor militar  que premeia a dedicação e a valentia,  daqueles que o antecederam.
         da Escola Naval,                                                                         Por outro lado,
         contribuir para que                                                                     todo o oficial da
         os cadetes adop-                                                                        Armada dotado de
         tem o propósito                                                                         espírito militar, não
         nobre e supremo                                                                        Foto CTEN António Gonçalves  espera enrique-
         de servir a Pátria                                                                      cer pelo exercício
         com espírito mi-                                                                        das suas funções.
         litar, porque ele é                                                                     O reconhecimento
         essencial para en-                                                                      justo pelo seu tra-
         grandecer os senti-                                                                     balho, o equilíbrio
         mentos, dignificar                                                                       entre direitos e de-
         a vontade e puri-                                                                       veres, e a garantia
         ficar o carácter dos                                                                     de uma vida digna
         futuros oficiais da                                                                      e socialmente equi-
         Armada. Sem esta                                                                        tativa, são suficien-
         referência funda-                                                                       tes para que ma-
         mental para a car-                                                                      nifeste uma total
         reira na Marinha,                                                                       devoção à Pátria.
         não compreende-                                                                         Para além disso,
         rão a razão de ser                                                                      proporcionam-lhe
         da sua função so-                                                                       a independência
         cial. Poderá mesmo dizer-se que, na sua  pune a indolência e a covardia, e rejeita  intelectual, que pode desfrutar e apreciar
         ausência, não conseguirão reforçar o seu  a indignidade e o oportunismo.  com um grau de liberdade incomparável
         estatuto de cidadão, pela incorporação   A lealdade é determinante do espírito  ao de qualquer outra condição social.
         da condição de militar!            militar, em virtude de traduzir: o orgu-  O espírito militar também leva o oficial
           Adopção progressiva da aspiração  lho e a dedicação à condição militar; o  da Armada a gostar do trabalho, viven-
         ardente de servir a Pátria com espírito  sacrifício dos interesses pessoais aos ob-  do para as suas funções, com atenção e
         militar, vai distinguindo, cada dia que  jectivos da Marinha; o respeito intransi-  dedicação. Leva-o a conhecer todos os
         passa, o cadete da Escola Naval do seu  gente à verdade; o cumprimento inaba-  problemas que dizem respeito à Mari-
         amigo que frequenta uma Universida-  lável do juramento feito à Pátria.  nha, pelo que acompanha trabalhos e
         de. Este, visa obter o diploma que o ha-  A coragem é imprescindível ao espí-  informa-se de tudo o que possa ter inte-
         bilitará a exercer uma certa profissão,  rito militar, porque confere: firmeza nos  resse para melhorar o seu desempenho.
         em Portugal ou noutra qualquer parte  revezes e contenção nos triunfos; capa-  É o espírito militar que estimula o oficial
         do mundo. Em ambos os casos poderá  cidade para decidir com oportunidade  da Armada a pensar permanentemente
         servir a Pátria, pelo seu contributo para  e clareza perante a adversidade; deter-  na sua condição e a cuidar devotada-
         a satisfação de interesses nacionais. Po-  minação e ânimo para enfrentar os de-  mente dos seus encargos, que são, para
         rém, não dedica a sua vida a todos e a  safios; equilíbrio emocional e força para  ele, uma preocupação constante. Tam-
         cada um dos seus concidadãos, execu-  superar as dificuldades no cumprimen-  bém é o espírito militar que incute no
         tando as tarefas públicas que tiver a seu  to das missões.            oficial da Armada o orgulho por repre-
         cargo, quaisquer que sejam as dificul-  Ao ingressar na Escola Naval é essen-  sentar a instituição que serve na defesa
         dades associadas, como acontece com o  cial que o jovem cadete seja educado na  do país que ama.
         oficial da Armada.                  disciplina, na lealdade e na coragem, de                           Z
           Servir a Pátria na Marinha, implica o  forma a que adquira um espírito militar      António Silva Ribeiro
         desenvolvimento progressivo, na perso-  adequado às exigências das suas futu-                      CALM
                                                                                         REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2009  5
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