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outro lado os breves períodos em terra, na igualmente um distinto conferencista, sendo ra no comando do contratorpedeiro “Dou-
Majoria General e como ajudante de ordens louvado pelo importante serviço que prestou à ro” operando em águas do Atlântico Norte
e de campo de altos comandos da Marinha, Marinha na organização e manutenção do Curso e efectuando manobras com outras unida-
inclusivé do respectivo Ministro, tinham- Naval de Guerra. des navais.
-lhe dado conhecimentos e despertado in- É promovido a capitão-de-fragata em Além dos estudos de Doutrina Naval e
teresse pela doutrina e pela po- Estratégia o comandante Matta
lítica naval. Oliveira tinha sido autor, como
Inicia em fins de 1911 um lon- citado, de alguns trabalhos de
go espaço de tempo em terra, História Marítima, daí ter sido
na Direcção Geral de Marinha, feito, em Dezembro, membro da
onde fará parte de Comissões então recém formada Comissão
encarregadas de estudar diver- de História Militar.
sos projectos relacionados com Manter-se-á no comando do
o Fomento Marítimo, sendo- “Douro” cerca de um ano de-
-lhe então concedidos louvores sempenhando em acumulação,
pela proficiência e inexcedível zelo a partir de Março de 1924, o car-
demonstrados. Passará à Admi- go de Chefe de Estado-Maior da
nistração dos Serviços Fabris Esquadrilha Ligeira.
do Arsenal de Novembro de Lancha-canhoneira “Macau”. Em Outubro regressa ao Esta-
1912 até Abril de 14, mês em do-Maior Naval como Chefe da
que regressa à Direcção Geral 1ª Secção, lugar onde permane-
de Marinha. cerá cinco anos e terá a oportu-
Eis que deflagra na Europa nidade de aprofundar os estu-
a Grande Guerra e o 1º tenen- dos sobre Doutrina, Estratégia e
te Matta Oliveira está, em 17 de Organização. É dessa época um
Abril de 1916, embarcado nos seu trabalho intitulado “Ordens
navios ex-alemães requisitados e Instruções” em que identifica
no porto de Lisboa, decisão do os procedimentos a empregar
Governo Português que provo- na transmissão das decisões, as-
cará a entrada de Portugal na sunto que até à data nunca tinha
Guerra. sido convenientemente sistema-
Faz então parte de uma Co- tizado na Marinha. Continuará
Contra-torpedeiro “Douro”.
missão para estudar as condições a fazer parte de Comissões com
em que o Estado poderá empregar os navios requi- Dezembro de 1919 e no ano seguinte pres- variadas tarefas, nomeadamente: revisão de
sitados nas ligações do Continente com a Madeira ta serviço junto da Comissão Executiva da legislação referente a vencimentos do pessoal
e com os Açores e mais tarde de outra Comis- Conferência de Paz. Na última fase da sua da Armada; parecer sobre o projecto da cons-
são para propor as modificações a introduzir na permanência no Estado-Maior exerce, a par- trução da ponte sobre o Tejo em relação à hi-
organização defensiva do porto de Lisboa, costas tir de Junho de 1922, o cargo de Chefe da 2ª drografia, navegação e aspecto militar; actua-
de Portugal e Ilhas adjacentes. Repartição. lização do Estatuto dos Oficiais da Armada e
A defesa torna-se uma prioridade para proposta das regras de serviço de embarque
o país e assim, em Julho de 1917, termina dos oficiais e das nomeações para comissões
a comissão na Direcção Geral de Marinha fora do porto de Lisboa. Estes trabalhos, pe-
e presta serviço, até ao fim desse ano, no los quais é louvado, proporcionam-lhe um
Campo Entrincheirado de Lisboa, onde é, substancial aumento de conhecimentos sobre
em Setembro, promovido a capitão-tenente a administração superior da Marinha, facto
e depois no Serviço de Barragens. Entretanto que lhe será muito útil nos altos cargos que
os ensinamentos obtidos durante a Grande futuramente irá desempenhar.
Guerra, prestes a terminar, levam à necessi- Em Agosto de 1929 é nomeado Chefe do
dade de desenvolver uma nova doutrina na- Gabinete do Almirante Magalhães Corrêa,
val, pelo que é criado o Estado Maior Naval, Ministro da Marinha, na vigência do qual
sendo o Comandante Matta Oliveira um dos é iniciado o mais importante Programa Na-
primeiros oficiais a fazer parte desse novo val português do século passado. A Esqua-
organismo da Marinha. dra vai finalmente ser modernizada, as ve-
Os seus estudos sobre História e Doutrina lhas canhoneiras, que nos últimos 50 anos
Naval eram conhecidos e apreciados, já que tinham prestado bons serviços no Ultramar,
tinha publicado, em 1914, “O Poder Maríti- serão substituídas pelos avisos e a Marinha
mo na Guerra da Peninsula”, obra que, pre- Oceânica igualmente reforçada com novos
miada no concurso literário comemorativo navios de linha, os destroyers. Em Janeiro de
deste acontecimento, é uma tentativa de estu- 1931, ao terminar as funções junto ao Minis-
dar a influência exercida pelo domínio do mar tro, é louvado pelo inexcedível zelo, inteligência
nesta guerra. O autor defende a tese que a e franca e leal cooperação que prestou como Chefe
França, sendo marcadamente uma potên- de Gabinete.
cia terrestre, ao iniciar uma guerra essencial- Em Março volta ao Extremo-Oriente, en-
mente marítima, porque o mar a separava Profícua é, nos finais da primeira década tão como governador do longínquo Macau,
do inimigo, a Inglaterra, nunca poderia al- e durante a segunda do século XX, a sua co- onde duas décadas antes no comando de
cançar a vitória. laboração nos Anais do Clube Militar Naval uma lancha, contribuira para a eliminação
Revela-se então um competentíssimo ofi- tendo também feito parte de algumas das res- da pirataria. Na época a China encontrava-
cial de Estado-Maior com notáveis trabalhos pectivas Comissões de Redacção. -se praticamente em guerra civil. Tinham
e pareceres sobre a doutrina militar-naval e Em Outubro de 1923 volta a embarcar, ago- sido os acontecimentos em Xangai, em 1927,
26 JULHO 2009 U REVISTA DA ARMADA