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Participação da Saúde Naval
                             Participação da Saúde Naval
                  no Teatro de Operações do Afeganistão
                  no Teatro de Operações do Afeganistão

               o passado dia 1 de Julho, Portugal iniciou a sua participação  segurança do Afeganistão, como a Polícia Afegã, e também civis. A maior
               no Hospital Multinacional de Kaia, localizado nas instalações  parte da actividade está relacionada com as operações de combate que
         Nmilitares da ISAF, no Aeroporto Internacional de Kaia, em  decorrem no teatro de operações, vítimas de ataques de IEDs, rockets e
         C abul – Afeganistão.                                armas ligeiras, mas também é dirigida à população civil, com a capaci-
           Esta participação será de 12 meses no total, com rotações de equipas  dade sobrante do hospital.
         médicas cada 4 meses. O contingente português é constituído por 15   A equipa portuguesa tem a responsabilidade clínica do Internamento
         elementos, sendo 2 médicos, 8 enfermeiros, 1 técnico de laboratório,  Médico-cirúrgico, Laboratório, Fisioterapia, participação nas escalas das
         1 fisioterapeuta e três socorristas oriundos dos três ramos das Forças Ar-  equipas do Serviço de Urgência e nas equipas de “Crash and Rescue”, onde
         madas. A Marinha tem a maior contribuição na corrente rotação, com o  tem desempenhado as suas funções de forma exemplar e reconhecida, pe-
         1TEN MN Alípio Araújo, especialista                                         los diferentes destacamentos internacio-
         em Medicina Interna; 2TEN MN Ola-                                           nais destacados no Afeganistão.
         vo Gomes, Interno de Cirurgia Geral;                                          Esta missão militar, tem duas ver-
         1SAR HE Vera Bento, 1SAR HE Vânia                                           tentes assistenciais importantes que
         Moreira, 1SAR HE Verónica Sousa,                                            muito dignificam a acção da equipa
         enfermeiros do Hospital de Marinha;                                         médica. A actividade diária e rotineira
         1SAR TSN José Roques, técnico de la-                                        com doen tes de menor gravidade ou
         boratório e análises clínicas; 1SAR TSN                                     vítimas de doença natural, é quebra-
         Nuno Ribeiro, fisioterapeuta.                                                da pelas situa ções de MASCAL (“Mass
           A “leading nation” foi assumida pela                                      Casualt y”), onde todos os recursos hu-
         França, estando também envolvidas, uma equipa cirúrgica alemã, outra      manos do hospital são convocados para o
         búlgara, e dois “role 1” da Bélgica e dos EUA, respectivamente, numa      Serviço de urgência. Após triagem feita à
         dotação total hospitalar de 124 militares.                                entrada, pelas equipas multinacionais for-
           Localizado na contiguidade do aeroporto de Kaia é constituído por um    madas, os doentes são orientados conforme
         Serviço de Urgência com 8 camas, (duas de reanimação com ventiladores     a sua gravidade e estabilidade. Esta organi-
         portáteis), duas salas de bloco operatório, uma sala operatória para peque-  zação da resposta hospitalar, obriga a que todos os elementos da equipa
         nas cirurgias, sala de recobro com 4 camas, Unidade de Cuidados Inten-  tenham disponibilidade total para atendimento urgente 24h por dia.
         sivos com 4 camas, enfermaria médico-cirúrgica com 25 camas, quarto   Outra das vertentes assistenciais importante tem a ver com a presta-
         de isolamento de doenças infecto-contagiosas sob pressão negativa com  ção de cuidados médicos à população civil. As diferenças culturais e
         3 camas, para além de uma zona de consultas programadas.  sociológicas, fazem com que a prestação de cuidados médicos seja um
           As valências médico-cirúrgicas do Hospital dividem-se por diversas  desafio permanente, pois alguns pormenores têm de ser tidos em conta
         áreas como a Medicina Interna, Clínica Geral, Cirurgia Geral, Ortopedia,  aquando da acção médica.
         Anestesiologia, Oftalmologia, Psiquiatria e Medicina Dentária.         No computo geral, esta é uma missão em que a Marinha, juntamen-
           A área de cobertura hospitalar corresponde essencialmente à cidade  te com os outros ramos, presta simultaneamente um serviço de apoio
         de Cabul e distrito, recebendo feridos e doentes evacuados de outras  aos militares das forças nacionais e internacionais destacadas no teatro
         área s do Afeganistão. A assistência prioritária desta unidade são os mili-  de operações do Afeganistão, bem como um apoio clínico e sanitário à
         tares da ISAF, militares da ANA (Afghanistan Nacional Army), forças de  população civil afegã.        Z



                       Doutoramento
                       Doutoramento
                          em Medicina
                          em Medicina

              ealizou-se no dia 14 de Julho de 2009, no Instituto de Ciências Biomé-
              dicas de Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, a prova de
         Rdoutoramento em Ciências Médicas do 1TEN MN Paulo Sérgio Alves
         Vera-Cruz Pinto, com uma tese intitulada “Alterações na mucosa nasal pro-
         vocadas pela pressão atmosférica, oxigénio e outros factores”.      Prof. Dr. Artur Águas, Prof. Dr. João Paço, 1TEN MN Paulo Vera-
           Esta tese aborda um tema muito grato à saúde naval, uma vez que a Mari-  -Cruz, Prof. Dr. Carlos Zagalo. Prof. Dr. António Carlo s Migueis
         nha foi pioneira na introdução da Oxigenoterapia Hiperbárica em Portugal
         e mantém-se na vanguarda do seu desenvolvimento e afirmação. Nesta dis-
         sertação ficou explícito o contributo para o melhor entendimento dos efeitos
         desta modalidade de tratamento no tracto respiratório superior, os benefícios
         ao nível da respiração nasal e as potencialidades de aplicação futura.
           O júri foi presidido pelo Presidente do Conselho Directivo do Instituto de
         Ciên cias Biomédicas de Abel Salazar, Prof. Dr. Sousa Pereira (Univ. Porto), e
         integrou o Prof. Dr. Artur Águas (Univ. Porto), o Prof. Dr. António Carlos Mi-
         gueis (Univ. Coimbra), o Prof. Dr. João Paço (Univ Lisboa) e o Prof. Dr. Carlos
         Zagalo (ISCS Egas Moniz) que foi também o orientador da tese. O júri deci-
         diu aprovar o candidato por unanimidade.                            VALM Rebelo Duarte, CALM MN Rui de Abreu, 1TEN MN
                                                                        Z    Paulo Vera-Cruz, CALM MN Telles Martins
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U NOVEMBRO 2009  21
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